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Casa de meu pai.


                Durante muito tempo vaguei como uma criança perdida.  Sonhando com outros mundos, com o amor e até mesmo com uma vida melhor. Fui de cidade em cidade percorrendo aquelas lindas estradas.
                Ah! Estradas, limpas e consistentes em meio aquele ambiente seco. Eu meu carro, a estrada e a linda paisagem. O vento passando por meu rosto como se eu estivesse realmente livre. O sol do meio-dia, a vegetação rasteira e aquela cor amarelada da terra enfrentando o azul do céu com tamanha coragem.
                Andar por ali ou aqui, passando por bares e postos de gasolina sendo um lobo solitário. Uma grade de cerveja e uma mulher eram os únicos e constantes desejos de minha alma. Transparecia como se o mundo terminasse ali, eu e meu carro contra todo o resto.
                Naqueles finais temíveis de noite lembrava de meus pais. Uma mulher simples que me criou, demonstrando de vez em vez que eu estava na casa de meu pai, sendo o filho homem, mostrando o quanto o mundo era temível a mim.
                Ainda na estrada eu encontrava naquelas lojinhas, às dos postos, meninas frágeis e inocentes. Elas vinham, corriam atrás de mim como um gato esguio. Sim! Elas se sentiam muitas vezes como verdadeiras mulheres. Umas pela primeira e outras pela ultima vez.
                O sentimento de realização era inevitável, elas ali deitadas naqueles quartos de hotel enquanto eu me envergava para o lado de fora das pequenas janelinhas, observando como um louco à noite. Fixando os olhos na lua, eu uivava como um animal e por fim lembrava de minha casa. Então meus olhos cerravam marejados vendo outra vez o chão.
                 Mesmo com elas eu entrava sozinho, só lá me sentia como o verdadeiro homem que sou. E por vezes eu deixava as garotinhas deitadas na cama, pegava as minhas chaves e dirigia madrugada a fora para ouvir aquele canto. Estar com todos outra vez e ser selvagem da forma que sempre fui. Com minha mãe colocando a comida na mesa e escorando nos pilares da casa, esperando por todos e cantando sutilmente:
                – La casa de mi Padre

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