Era
inicio de inverno, as coisas pareciam estar tranquilas. Folhas caiam das
arvores e faziam um imenso tapete de folhagem pelas ruas. E nestas mesmas ruas
as pessoas se movimentavam lentamente. O fim de ano se aproximava e o ar estava
tão úmido, como nunca. Facilmente dava para se perceber a nostalgia dos
momentos.
Ele
observava tudo, as pessoas, as folhas, os carros. Sempre teve o habito de
encarar as coisas e os fatos, isto era algo que fazia desde sua infância.
Observar e observar. Seu corpo delgado ainda estava inerte. Já estava ali por mais de uma hora e o café em sua mão
esquerda já esfriava. Mas não fazia mal, havia pouco do liquido e seu impulso
por ver as coisas eram mais importantes que um misero café de uma cafeteria de
esquina.
Aos
poucos as pessoas saíam do Café, algumas o encaravam outras apenas passavam
apressadas como se estivessem com a vida por um fio. Com um toque em seus
ombros ele voltou a razão e envergonhado virou a esquina dando passos firmes e
outros leves. Era completamente imprevisível, não se podia arriscar dizer algo
sobre sua personalidade até mesmo porque nunca ninguém o ousou fazer.
Caminhou
vagarosamente e após algumas ruas ele estava lá, pronto para encarar a
realidade, sentir os fatos como realmente são. Abriu a porta e adentrou aos
corredores da casa. O outro rapaz estava lá, com tatuagens espalhadas pela
metade de seus braços e pescoço, vestindo apenas uma calça jeans.
–
Voltou tarde! Por onde esteve
–
Comprei um café e me perdi nos pensamentos.
–
Normal, fomos criados assim!
–
Pensou em minha proposta?
– Sim,
na verdade já está tudo pronto, eles não vão nos procurar por um bom tempo.
– As
malas estão no carro? – ele perguntou surpreso.
– Sim
... mas antes de continuar preciso saber por que vamos fugir? Qual o verdadeiro
sentido disso?
–
Estamos aqui desde sempre, observamos amigos, inimigos e todas as outras
pessoas viver. E nós? Nós apenas vimos tudo, eles nunca nos permitiram viver.
–
Entendo, é estranho pois enquanto você diz essas coisas uma chama corre em
minhas veias.
– Sim,
é a vontade de sair por esta porta, viver, amar, trabalhar e viajar por todo o
mundo. Vamos? Vem, vamos viver!
– Claro
– seus olhos estavam completamente marejados e seu coração se enchia de uma
esperança sutilmente diferente – vamos
viajar até aquelas pequenas cidades e trabalhar nos bares, sentir a adrenalina
enfrentando nosso medos. Beber, amar, transar e casar. Ter filhos e nunca,
nunca se arrepender das coisas.
– Isso
mesmo!
– Mais
e nossos pais , como ficam?
– Eles
tentaram, nos seguraram enquanto puderam e agora é a nossa vez de viver e
sentir nossas vidas correrem por entre as veias. Vem, vamos?
Eles
caminharam lado a lado e quando deram por si a porta já havia sido fechada,
estavam dentro do carro e na estrada, cantarolando alguns clássicos do rock e
apenas vivendo.
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