John já estava suado, seu corpo tremia e o prazer aos poucos ia
dando lugar ao ressentimento. As roupas estavam espalhadas pelo chão do
escritório e agora Pedro estava ali, sorrindo daquela forma doentia como sempre
fizera. Aos poucos foi recolocando as roupas em seu corpo e com isso a sensação
de raiva quase o entorpeceu.
Pedro
caminhava de um lado para o outro tranquilamente como se nada demais tivesse
acontecido, pra ele tudo não passava de mais uma noite de serviço e prazer.
Pegou as roupas espalhadas pelo chão e agora já estava novamente ao normal,
procurando os relatórios, estes últimos fariam com que seu trabalho terminasse
e finalmente poderia ir para casa. Caminhou lentamente até John e deu-lhe um
beijo sereno, sem muita pressa. Ao perceber o toque o garoto menor sentiu mais
uma vez a repulsão diante de si mesmo, já não aguentava mais fingir tudo aquilo
e agora o que os unia eram apenas chantagens, antigas e novas.
Entre alguns
beijos e abraços o celular de Pedro tocou, ele achou estranho, já se passava
das dez da noite e essa hora o plano de Clarice deveria estar em sua plenitude.
Correu, passou por entre as cadeiras que ficavam ao redor da mesa do escritório
e o visor do celular apontava claramente a chamada de sua irmã. Por alguns
segundos cogitou não atender, deixa-la enfrentar as próprias aventuras e lidar
com as próprias consequências, mas por algum intuito ou sensação sua única
certeza foi atender a chamada:
– Oi, o que
fez de errado? Estou no meio do trabalho!
– Bom... ,
não sei como dizer isso mais – hesitou em dizer por alguns segundos mais por
fim disse – nosso tio está aqui. Vem pra cá o mais rápido possível e traga o
serviço pra casa, pois ele vai querer dar alguma checada. Ah! Ele continua lindo como sempre.
– Credo, ele
é nosso tio Cla. Pois bem estou chegando.
John não
fazia ideia do que acontecia, mas já estava vestido e querendo ir embora, os
dois garotos não trocaram uma palavra sequer. Como Pedro já tinha seu próprio
carro os dois garotos se dirigiram a garagem da empresa e de lá se despediram,
o jovem motorista até quis oferecer uma carona mais parecia que John sabia de
certa forma que as coisas ficariam realmente estranhas e se pôs a caminha para
fora do prédio.
Para Pedro o
tempo não passou quase nada, o garoto com poucos minutos já estava entrando em
casa. Levava consigo muitos relatórios e balanceamentos para terminar de fazer.
O corredor da casa estava iluminado e o cheiro de Vodca estava mais do que
presente, parecia estar impregnado nas paredes.
Aos poucos
quando chegou à sala de estar lá estava Clarice, arrumando toda a bagunça
deixada pelo grupo e a incrível face de Bernardo lá, estática e esguia. Pedro
não teve coragem de dizer nada até então o silencio estava inquebrável, era
como se estivessem num santuário ainda imaculado.
– Não sei o
que fazer com vocês dois. O que vou dizer ao avô de vocês dois – soltou algumas
gargalhadas e continuou a dizer – eu bato na porta da casa de vocês, encontro
Clarice com os peitos para fora, realmente vocês não mudaram muito. Não vou
querer ouvir nada mais.
– Desculpa
tio, eu estava dando uma social aqui em casa e acabamos brincando com alguns
desafios. Isso não se repetirá.
– Olha
Bernardo eu não tenho culpa alguma do que aconteceu. Você está vendo. Estou
chegando agora e trazendo ainda trabalho para casa.
– Nossa!
Relaxem, por um segundo achei que vocês acreditariam e realmente caíram como
bobos. Só acho que vocês têm que ter mais cuidado inclusive você Clarice. Acho que você deveria ter me convidado pra
festa, eu ia gostar de ficar com uma de suas amigas, ou até com todas elas.
Não era
realmente o tipo de discurso dado por alguém que era responsável por dois
adolescentes. Bernardo era jovem, não tão novo quanto os outros dois. Na
verdade ele tinha seus vinte e sete anos. Era formado em administração e falava
algumas línguas. Após a morte dos pais do casal de irmãos, ele foi designado
para cuidar dos interesses da empresa e dos assuntos mais pessoais dos dois.
Era um homem que gostava de festas e ao contrário era mais parecido com Pedro
do que qualquer outro membro de sua família.
Bernardo
tinha o cabelo curto, era quase careca, mais mantinha o corpo em forma. Jogava
futebol, vôlei e alguns outros esportes além de fazer academia desde seus 17
anos.
– Hahah, já
que era assim por que me forçou a mandar todos embora tio?
– Primeiro.
Clarice, não me chame de tio e segundo, eu tinha que parecer no mínimo
responsável por vocês. – ele já havia largado aquela face incrédula e poderosa.
Agora estava se esparramando pelo sofá e pedindo um pouco de vinho.
– Bom tio,
você quer ver os relatórios sobre a empresa?
– Bom, mais
tarde eu passo no seu quarto e te chamo só vou botar minhas coisas no quarto.
–
Aproveitando tio, acho que vou visitar a Alice. Quero dormir lá hoje e isso
seria bom para anunciar a sua chegada, além de ter que fazer minhas tarefas
hoje.
– Tudo bem.
Só não faça nada demais, não irrite o João e a Michele.
Clarice não
respondeu mais nada, subiu para o seu quarto e em questões de minutos já
passava pela porta da frente de casa. De volta à sala de estar Bernardo já
tirava sua roupa, estava apenas com shorts e alguns chinelos. Subiu novamente
pelas escadas e bateu na porta do quarto de Pedro. Do outro lado da porta Pedro
levantou seu corpo e abriu a porta do quarto.
– Hey tio,
bom venha vou lhe mostrar todos os papeis dos últimos meses, bom estou aqui não
faz nem uma semana mais já consegui fazer metade do balanceamento dos dois
últimos meses.
– Bom isso é
ótimo – ele disse enquanto fechava a porta – mais antes disso você não quer me
dar às boas vindas não?
– Bom e o que
isso seria? – os dois estavam sorrindo, de uma forma ligeiramente maliciosa.
Era obvio que os dois não eram apenas parecidos fisicamente.
– Bom podemos
começar com isso. – Bernardo empurrou Pedro para a cama e com alguns segundos já
o beijava ferozmente. Era como já se conhecessem muito além do que uma relação
de tio e sobrinho fornecia.
Entre outros
pequenos acontecimentos a semana transcorreu muito bem, cada vez mais John se
via enraizado com os jogos de Pedro e cada vez este segundo se entregava ao
tio. Clarice após a tentativa de juntar Alice e Talles conseguiu um bom êxito e
por mais que ela fingisse não saber do que havia acontecido na casa continuava
a sentir o plano transcorrer muito bem. Lucas aos poucos foi conhecendo novamente
mais Clarice e John por mais que quisesse não conseguia ignorar.
Na
sexta-feira Talles no intervalo da ultima aula convidou a todos para uma nova
festa. Não seria nada comparada a festa de Jéssica, era mais um pretexto pra
fazer com que o grupo fosse pra sua casa.
Nessa mesma
tarde o Café estava vazio. Talles e Clarice estavam sentados em uma bancada,
conversavam como se toda a cena do colégio tivesse sido armada.
– Nossa achei
que ninguém gostaria de ir a minha “festa”. Como você sabia que tudo daria tão
certo.
– É final de
semana e bom, eu sei o que fazer. Sempre – Clarice suspirou por um tempo e
encarou a xicara cheia de chocolate quente – Nós temos que definir o que fazer
nessa festa. Você vai ter que beijar a Alice na minha frente. Jéssica precisa
ficar com o Lucas nessa festa, não aguento mais ele atrás de mim. E John eu vou
ficar com ele.
– Nossa. O
pessoal sempre disse que você era uma vadia e eu não quis acreditar. Que bom
que estamos do mesmo lado.
– Olha a boca
comigo seu idiota. Ah! Esqueça aquela sua namoradinha agora você deve ficar
permanentemente com Alice.
– Ok.
– Bom já
estou saindo preciso ir para casa, hoje vou contratar uma empregada, não dá
mais pra fingir ser a boazinha.
Clarice saiu
o mais rápido que possível do Café, caminhou por entre as ruas e logo já estava
em casa. Esperou durante algum tempo e durante o resto da tarde e uma boa parte
da noite mais enfim conseguiu alguma boa empregada.
John nesse
momento já estava na casa de Lucas. Era o ultimo trabalho do semestre e as
coisas estavam começando a piorar, a relação entre os dois havia ficado
estranhamente distantes um do outro.
– Você vai à
festa de Tales?
– Não tenho
certeza, só vou realmente se Clarice quiser. Não estou com muito humor para
festas – Lucas dizia essas palavras como uma liberdade comum.
– Bom eu devo
ir – John sorriu de uma forma falsa e depois continuou – Não entendo como você
fala da minha ex-namorada desse jeito. Simplesmente a roubou de mim.
– Olha se
você continuar me enchendo tanto assim é melhor ir embora.
– Ok, mais
antes eu preciso de lhe contar algumas coisas.
– Diga? –
Lucas estava cada vez mais expressando a forma irônica de afeto para John.
– Estou me
deitando com Pedro.
– O quê? –
Lucas vociferou, mudou de tom no mesmo momento. – Não entendo, por que está
fazendo isso. Por acaso é gay?
– Claro que
não – John abaixou a cabeça, hesitou um pouco e alguns segundos depois terminou
– Vou me vingar dele, tomar as gravações e o ameaçar com alguma coisa.
– Como?
– Vou
precisar da sua ajuda. Ninguém pode saber o que está acontecendo.
– E qual o
interesse pra mim nessa história toda?
–
Simplesmente estaremos poupando Clarice de toda essa armação e enfim terminando
com a possibilidade dela descobrir as falcatruas do irmão.
– Ok, mas
como vamos fazer isso?
– Amanha na
festa do Talles eu vou levar Pedro a algum quarto, você vai filmar tudo. Depois
nós dois forjamos uma briga por causa da Clarice e após algum tempo eliminamos
todos aos poucos. – John estava com uma expressão séria e decidida – Vamos
expulsá-lo de uma vez.
– Ok. Vou
pensar e amanha de manhã eu te ligo.
John saiu da
casa de Lucas e dormiu o resto da noite como nunca havia dormido. Quando seus
olhos se abriram era uma nova manhã, ensolarada, típico de um sábado de
verão. A tarde ocorreu tranquila e aos
poucos o tempo foi passando. Já eram cinco da tarde quando Alice estava em seu
quarto, Jéssica estava ao seu lado e conversavam piamente sobre os
acontecimentos da ultima noite. Foram expulsas da casa de Clarice pelo Tio da mesma.
– Nossa eu
queria ter um tio assim. – confessou Jéssica.
– Deixa de
ser boba, você viu como ele nos tratou. Quase nos chutou da casa.
– Realmente.
Será que ele continuará na cidade por muito temo?
– Não sei,
mais pode ter a certeza que o Tio Bernardo deve ficar algum tempo, ele é
guardião legal da empresa dos meninos e ainda mais agora que os dois estão
sozinhos em casa. Ele vai passar um bom tempo lá.
As duas
garotas continuaram conversando e o tempo foi passando calmamente, aos poucos
começaram a se arrumar para festa, cada uma pensava em qual pessoa ficaria na
festa, ainda mais que não seria uma festa tão grande como a ultima. Enquanto a
tarde já ia se esvaia aos poucos Pedro e Bernardo trabalhavam na empresa. Com o
tio de Pedro na empresa as coisas ficaram mais rápidas, com pouco tempo já
tinham isolado todas as decisões em aplicações e outros investimentos nos
próximos quatro meses.
– Pedro, você
vai sair hoje?
– Sim, tem
uma festa na casa do Talles. Estamos nos reestabelecendo na cidade, certamente
aos poucos eu terei todo o controle outra vez e vou me vingar de todos que me
fizeram sair daqui. Eu gostava desse lugar e além de tudo se não fosse por
todos os antigos acontecimentos agora meu pai estaria vivo. Vou esmagar o John
da mesma forma como ele destruiu tudo que eu tinha eu o destruirei.
mesma forma como Pedro
sempre sorria. – A família de John pelo que eu saiba é bem rica e o Ricardo,
bom nós estudamos na mesma escola e seu pai o conhecia muito bom, podemos fazer
falir.
– Como? –
Pedro estava alegre como nunca havia ficado, era impressionante como havia
surgido uma possibilidade de arrancar todo o dinheiro da família de John.
– É só trazer
a Ricardo pra empresa e jogá-lo em algum problema. Ninguém descobriria nada. É
muito comum essas coisas acontecerem no mercado comercial-financeiro.
– Sabe o que
você merece? – Pedro não deixou que seu tio dissesse nada e respondeu piamente
– Você me merece. – o garoto saiu de sua cadeira e sentou no colo do tio,
jogando um beijo molhado e sensual.
Clarice já
estava pronta e esperava Lucas busca-la. Dessa vez ela preferiu vestir algo
mais colorido, vermelho, porém mais colorido que o básico preto que sempre
utilizava. Poucos minutos se passaram enquanto ela acabava de passar o batom
Lucas já batia na porta. Ela desceu as escadas rapidamente abriu a porta e
lançou um beijo caloroso. O casal entrou rapidamente no carro da família de
Lucas e o jovem explicou onde o motorista o levaria.
A cada de Talles era um pouco mais conservadora, os
aspectos eram todos descendentes do final do século 20, tinha uma pitada de
burguesia, a casa era esguia e com as simples cores: preto e branco. Talles
caminhava de um lado para o outro, a casa estava vazia, como de costume seus
pais sempre iam para a cidade vizinha e ele sempre arrumava alguma desculpa
para ficar.
Talles era um
garoto que não se destacava tanto com o pequeno grupo, mais era conhecido pela
maioria do colégio o que dava a ele algum prestigio. Talvez não participar do
grupo problema da escola fosse à única coisa que faltava. Já estava arrumado e
o DJ já tinha começado a tocar algumas musicas com alguns minutos aquela casa
já estava fervilhando. Em pouco tempo parecia que todas as pessoas mais
interessantes do colégio estavam lá, o único que ainda não havia chegado era
Pedro.
– Nossa a
festa está bastante interessante.
– Seria
melhor se nós subíssemos e terminássemos a festa lá em cima Alice. – o sorriso
malicioso revelou pela primeira vez que Talles não era tão inocente como todos
julgavam.
– Relaxe.
Agora não é a hora, tenho que conversar com minha prima dançar um pouco, e a
propósito. Puxe algum assunto com o Lucas sei que vocês são amigos.
Talles não a
indagou sobre o que ela dissera apenas caminhou para a direção em que o outro
casal estava e em pouco tempo Alice e Clarice já dançavam pela pista. Clarice
se movia de um modo bem sensual e as duas garotas realmente estavam atraindo
todas as atenções. Jéssica de um súbito instante apareceu ao lado das duas e
elas começaram a dançar como muito tempo não faziam. O que estava tocando era
Get Loud, uma musica que estava já na boca do povo e o que diminuiu a surpresa
para o resto da turma.
As garotas
dançavam enquanto Lucas e Talles bebiam. Alguns instantes depois John também já
estava reunido com os outros garotos, beberam vodca, tequila entre outros e
estavam pra lá de altos. As meninas já tinham se cansado de ficar ali e
procuraram algo pra beber. No mesmo instante em que Jéssica foi cumprimentar os
garotos Pedro apareceu. Agora sim estavam todos ali. O olhar de Lucas e John se
chocaram e de imediato sabiam o que iriam fazer.
John observou
tudo aquilo e chamou Alice pra dançar. A todo o momento Pedro o olhava, parecia
uma obsessão e realmente não era nada normal aquele sentimento que o garoto
maior sentia por John. Assim que a musica acabou John se dirigiu ao banheiro e
Pedro sem a menor sutilidade o seguiu. Ele sabia que hoje os dois terminariam
na cama. Lucas observou tudo e aos poucos escapou das mãos de Clarice.
Os dois
jovens estavam quase no quarto de Talles, beijos, abraços e outras caricias
eram feitas e Lucas encarava tudo com um misto de desprezo e felicidade. Quando
John e Pedro já estavam na cama à porta havia ficado meio aberta e foi nesse
momento que Lucas pegou o celular, começou a filmar tudo, sentindo repulsão e
medo que alguém chegasse, não demorou muito tempo para ter as imagens que
precisava e automaticamente se dirigiu de volta ao salão principal.
Agora Pedro e
John já estavam novamente vestidos e voltaram para festa, o que não impediu que
o restante do grupo perguntasse onde os dois haviam se metido. Clarice estava
tão bêbada que ao se mexer desiquilibrou e caiu, já passava um pouco mal assim
como Jéssica, como esperado John a ergueu do chão e a levou para o banheiro
assim como Lucas fez com Clarice.
No caminho
John se perguntava se contar e mostrar tudo aquilo para Lucas de alguma forma
afetaria a relação de amizade entre os dois, porém no fim das contas não teve
muito tempo para refletir, Clarice havia virado de costas caído sobre seu corpo
e lançado um beijo estranhamente surpreendente, os dois se beijaram e não
conseguiram parar. Os olhos de Lucas estavam marejados e por fim a única ação
do outro jovem foi selar os lábios no de Jéssica. Estava tudo correndo bem para
Clarice todas as coisas que queria fazer haviam dado certo. O pequeno grupo já
não se movia se atracavam como se quisessem iniciar uma perfeita orgia, com
todos aqueles movimentos e a música alta não se deram conta quando Pedro
apareceu.
– O que é
isso tudo John?
O menor não
respondeu, sorriu e continuou a beijar a garota.
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