Tinha tempos que eu não fazia isso. Que eu não olhava para o céu numa tarde de domingo quente.
Eu não poderia fazer nada, nada. Apenas observei a rua deserta, senti uma briga violenta entre o frio e o quente, foi como se eu não pudesse falar , apenas sentir e olhar.
Sentei no meio-fio e lembrei de você. Meus pensamentos pararam quando os r
uídos surgiram no asfalto.
Fiquei um pouco feliz pelo fato de ver e não contestar. Vinha um garoto andando de skate pelo asfalto.
Observei ele passar por mim, alias observei foi seu rosto. O garoto estava feliz e parecia estar vivendo e presenciando a liberdade, em todas formas possíveis.
O momento submergiu em minha mente, mas eu não fiz nada a não ser olhar para o chão e
rir, rir não de nervoso mais sim por viver algo tão intenso e viver o mesmo de forma solitária. Ainda sim estava eu vivendo algo diferente, engraçado mais obscuro.
Ergui o rosto, levantei e uma lagrima caiu de meu rosto direto para o chão , que ora era
azul, ora era cinza.
Andei devagar, sentindo cada momento cada instante como se me restasse um milésimo de vida.
Logo à minha frente vi uma imagem linda. Um casal, provavelmente eram casados, uma criança corria a frente deles e a mulher dizia:
_ Filho volte aqui!
Nesse momento eu que estava do outro lado da rua parei e prestei mais atenção ainda.
O garoto sorriu e voltou correndo, pulando e gritando mãe, mãe, mãe. Ele então à abraçou e depois seu pai deu-lhe um beijo e o colocou em seu colo.
Percebi o amor e então a realidade voltara de uma única vez. Já era tarde e tinha que voltar para casa.
Corri, corri muito e quando abri a porta de casa meu coração estava cansado. Ninguem
estava em casa e eu então disse :
_ Era de se esperar!
Fui tirando a roupa, pegando na geladeira uma cerveja e tomando depois um banho demorado e quente.
Coloquei a roupa suja na lavanderia, eu estava apenas de toalha e ouvia uma musica que já não recordo-me mais qual é.
Troquei minha roupa, olhei se tinha algo para comer e o que era previsível de acontecer, pizza, pizza,e mais pizza.
Comi e saí de casa com minha bicicleta e casaco na mão. Eu queria ver se tinha algo de novo na cidade.
Já estava em um beco escuro quando li um letreiro:
Simplesmente eu cansei de tudo e resolvi largar as coisas que me prendiam a aqueles lugares. Desci da bicicleta, empurrei-a forte e depois de um tempo vi a mesma bater num portão de ferro, da casa ao final da esquina.
Olhei para frente e disse colocando minha jaqueta:
_ Venha liberdade, pois agora você é tudo que me restou.