Vida Urbana: Capítulo 3


                  Era um novo dia, os preparativos da festa já estavam todos prontos. A festa começaria as oito da noite e não teria horário para acabar. Alice estava no seu quarto e pensava freneticamente com qual roupa iria ao baile. Haviam vários vestidos e todos eles na mente da garota eram velhos demais ou não eram aquilo que ela queria. Ela teria que se contentar já que seu pai não daria nenhum dinheiro a mais para comprar roupas, afinal de contas o guarda roupa estava literalmente cheio e ela não se prestaria a incomodar alguém num sábado tão promissor.
                Ela estava de frente para o guarda-roupa, em dúvida se escolheria o vestido lilás ou rosa. Indecisa e cansada de todo aspecto infantil dessa escolha ela decidiu ligar para sua prima, caminhou pelo quarto freneticamente em busca de seu celular e no meio de toda bagunça o achou e com poucos segundos já estava falando:
                – Oi prima, como vão os preparativos para  a festa.
                – Estão bem, desde que você não vá com um vestido preto. – ela deu um sorriso notavelmente pretensioso.
                – Bom e quem você vai querer pegar nesta festa?
                – Nossa vejo que ser vadia é algo que está no nosso sangue. Pois bem se quer saber hoje eu vou ver se fico com o John.
                – Entendo, bom vou desligar aqui. Vou ao centro, preciso fazer um novo corte de cabelo até porque estes cabelos já estão longos demais.
                – Ok, desligando aqui Bitch.
                – Tchau, então Cla.
                Assim que Clarice desligou o telefone ela instintivamente deu um giro e foi de encontro ao seu irmão. Ela queria saber o que ele tinha feito na noite passada, por que ele teria saído e não à convidado, as duvidas estavam pairando sua cabeça e ela não gostava de ser tratada como uma garota inocente. Desde a morte dos seus pais tudo tinha sido duro e agora estava disposta a ter tudo que quisesse. Subiu as escadas e foi em direção ao quarto de Pedro, quando entrou viu que ele fazia algumas flexões de braço e estava ao lado da cama. Algo podia ser notado, uma semelhança entre o quarto de Pedro e John, ambos tinham a cama feita de puro carvalho branco.
                – Bom dia para você irmão. Estou quase acabando de cozinhar. Acho que já é hora de contratarmos uma empregada. Mais tenho quase  certeza que você preferiria um empregado não é?
                - Você diz coisas demais garota – ele se levantou e aproximou o corpo da garota ao seu para abraça-la.
                – Só estava brincando, você sempre chama todos de gay ou bichinhas que as vezes brincar um pouco com você é bom.
                – Bom, você sabe se está preparada para sua estreia hoje?
                – Claro. – ela abriu um sorriso malicioso e por fim continuou a dizer – Sempre estou pronta para quebrar o coração dos outros. Eu sempre fui assim e ainda mais desde o acidente de Adam. Sinto que já é hora dos outros pagarem, nós não o matamos sozinhos. Todos contribuíram um pouco.
                – Você está certa. Então vamos para o plano o primeiro ato: Você vai seduzir John. Espero que consiga. Segundo ato: Eu tenho uma conversa reveladora com Lucas. E terceiro você se torna mais intima de Jéssica. Depois dessa festa o próximo passo é trazer a Daniela para dentro do colégio, vamos trazer a pequena namorada do Thalles para dentro de nossa  brincadeira. Acho que foi bom vocês duas terem se conhecido no acampamento.
                – Se já está assim tudo tão traçado me faça o favor de dizer o que fizestes ontem? Onde tu fostes? Não quero te perder assim.
                – Fui fazer minhas coisas, apenas coisas das quais não é o momento que você saiba.

                Eles continuaram conspirando sobre todo o grupo até Clarice se lembrar de que teria que terminar de fazer o almoço. Nesse momento do outro lado da cidade Jéssica andava pelo salão principal da casa, pensando se toda a preparação da festa estava pronta. Seus pais tinham ido viajar e entregaram de uma forma muito fácil a casa. Em meio toda a organização da festa ela parou em um dos pilares do escritório de seu pai. Estava pensando em como Thalles estaria vestido e em todas as investidas que ela daria neste dia. Caminhou de um lado para o outro e viu que já eram seis horas da tarde quando havia acabado toda a arrumação. Os garçons chegariam daí a uma hora e ela realmente agora ela apenas pensaria em se trocar e arrumar.
                Lá do outro lado da cidade John  estava terminando de cozinhar para seu irmão. Este sábado seria o dia em que seus pais sairiam pra jantar e ele teria de fazer com que Eric comesse e se arrumasse rápido. Ele já havia combinado com a vizinha de deixa-lo lá enquanto ele estivesse na festa.
                Agora já era noite e o salão de festas da casa de Jéssica estava todo decorado, com uma iluminação realmente inacreditável. John e Lucas se encontravam perto das escadas para o segundo andar e Alice não tinha aparecido  o que fez com que Lucas puxasse um assunto que John realmente queria esquecer.
                – Bom a Alice não apareceu até agora não é?
                – Sim, mas não é algo de se estranhar ela sempre se atrasa para tudo e como é uma festa não acho que ela chegue cedo.
                Os garotos apenas decidiram ir para a bancada do bar montado no fundo do salão. Começaram a beber  Vodca  e outras bebidas. Lucas se ponderou a beber pouco e vigiar John para que este não ultrapassasse seus limites. A música estava alta e por um momento toda a luz do salão se voltou para o inicio da escada. Era Jéssica dando sua entrada mais do que exagerada. Ela vestia um longo vestido de gala, todo brilhante, estava realmente mais bonita do que no dia de sua festa de 15 anos. A garota foi descendo as escadas e quando estava no meio das mesmas ela pegou um microfone dado por um garçom e disse:
                – Sejam bem vindos a minha casa. Minha festa. Hoje quero que todos vocês se divirtam e eu os apresento depois de dois anos fora da cidade meus eternos amigos Clarice e Pedro.
                O salão inteiro aplaudiu procurando ver onde os Clarice e Pedro estavam, era difícil ver quem estava na multidão. Parecia que todos os convidados realmente estavam marcando presença mas no fim das contas não houve muita procura. As luzes do salão novamente se voltaram para Jéssica que apontou para os dois convidados de honra logo acima dela.
                – Venham amigos vamos nos divertir.
                Pedro não precisou mais do que isso para dar  continuidade a todo aquele plano. Ele desceu as escadas de mãos dadas a Clarice e no fim das contas contra tudo que ele realmente gostava ele disse a todos:
                – Obrigado Jéssica. Bom se me der licença gostaria que Lucas, Thales e Alice subissem aqui para que nos tirássemos uma foto e mostrássemos a todos que o antigo grupo voltou.
                Jéssica sorriu forçadamente e num suspiro disse:
                – Venham então amigos.
                John subiu a escada vagarosamente como  sempre fazia quando era chamado a um palco. Quando chegou no meio da escada cumprimentou Jéssica com um abraço fraterno e contrariando todas as expectativas de Clarice e Pedro ele simplesmente pegou Clarice em seus braços beijou-a e disse ao pé do ouvido:
                – Bem vinda, vadia – em seguida deu um sorriso meio vingativo para Pedro que não teve outra ação a retrucar-lhe com um abraço  fraternal.
                – Vejo que não pode ficar realmente muito tempo sem os lábios de minha irmã.
                – Quando Clarice está calada sua boca se torna muito mais sedutora, seu gay implacável.
                Pedro abriu outro sorriso mais esse era realmente um sorriso falso apenas para manter as aparências, em seguida se pôs a dizer delicadamente a Lucas.
                – Seu soco não doeu nada.
                – Gente esta é minha festa e eu quero que tudo ocorra bem, enfim onde está a Alice, e o Thalles?
                – Como é de se esperar eles não chegaram ainda – Lucas continuou a dizer – Se realmente voltaram e querem continuar em nosso grupo mantenham suas aparências por favor. Acenem para os outros convidados. Todos estão nos olhando e realmente
                Eles acenaram e por fim sentaram-se em uma mesa reservada apenas para aquele pequeno grupo. Começaram a beber e poucos instantes depois Pedro se levantou dizendo que realmente iria ao banheiro. Lucas disfarçadamente disse que precisaria ir ao bar e também se retirou da mesa.
                Os dois garotos estavam agora caminhando em direções opostas e Pedro assim que entrou no banheiro pegou seu celular e enviou uma pequena mensagem para o celular de Lucas dizendo que ele o esperava no banheiro. Do outro lado do salão Lucas se movia o mais rápido que podia e entre a multidão desapareceu e quando menos esperava já estava dentro do banheiro iniciando uma conversa nada comum.
                – Por que me chamou aqui.
                – Você merece saber o que aconteceu com John, e também deve estar se perguntando o por quê  de ele tanto me chamar de gay.
                – Oh! Não seja tão puritano, eu não tenho nada haver com sua opção sexual.
                – Hahah! Certamente, mas um fato notório que queria te dizer é que eu já tive alguma coisa a algum tempo atrás com o John, quando o Adam ainda era vivo John apenas tinha 15 anos e estava desesperado para ficar com Clarice e – Lucas interrompeu e disse;
                – Bom se quer me contar algo do passado diga, e o faça rápido, apesar de não ter tempo para suas mentiras é interessante que eu saiba o por quê dessas coisas. Até mesmo porque nessa época eu não andava querendo ficar entre os mais populares ­– sorriu e continuou a dizer – eu não precisava, eu tinha o Adam mas você o tirou.
                – Cale a boca e escute, diga a John que tenho vídeos de nós dois juntos, ele se lembrará do que eu estou querendo ameaça-lo.
                – Olha se isso for realmente mentira eu vou lhe espancar e vou esfolar-te vivo.
                Lucas, saiu correndo do banheiro e ligou para John só que o celular estava desligado e agora mais do que nunca o garoto não queria ficar ali na festa, então decidiu ir para o segundo andar. Caminhou pela escada e virou um corredor, com facilidade ele  já se encontrava dentro do quarto de Jéssica. Ele apenas sentou na cama e começou a chorar, era difícil ver que seu irmão tinha morrido. Adam nesse momento o ajudaria a sair  de uma encurralada dessas. Já estava quase pegando o sono quando ela entrou no quarto.
                Clarice estava deslumbrante e só agora ele se dava conta do quanto ela tinha se tornado mais bonita, ela caminhou para perto de Lucas e disse:
                – O que está fazendo aqui?
                – Vim te ver, esqueceu que te conheço desde que era apenas uma criança, sabia que você estaria aqui e a propósito por que estava chorando?
                – Seu irmão está tentando arruinar minha vida só isso. Primeiro vocês tiram o Adam agora querem me tirar John.
                – Nossa agora você está realmente se tornando muito dramático – em seguida ela se aproximou mais de Lucas  e tocou o seu rosto – Se quiser pode  relaxar aqui comigo. Sei que me quer.
                Lucas não sabia definir qual era sua vontade nesse momento, sua cabeça estava realmente ocupada por muitos pensamentos e ele teria de esquecer tudo aquilo, pelo menos por alguns instantes. Em sua cabeça ocorreu-lhe uma vontade desesperadora de beijar Clarice e lhe arrancar as roupas, por mais que esta fosse algo que ele dificilmente teria.               
                – E John ?– ele disse com a cabeça baixa
                – Somos ex-namorados se esqueceu.
                Clarice caminhou até a porta e a fechou bruscamente. Neste mesmo momento Pedro estava indo para casa. Não sabia porque mais tinha cinco ligações não atendidas pelo telefone de casa e teria que ter certeza do que estava acontecendo. Dentro do taxi ele pensava no beijo que havia dado em Clarice. Ela não o responderá nem dissera nada momento algum. Em pouco tempo ele já estava na porta de casa, entrou correndo olhou por todos os cômodos no primeiro andar, em seguida quando chegou no segundo entrou no seu quarto achando que tudo aquilo lhe parecia uma loucura. Agora ele não voltaria para festa nem nada do tipo. Quando ele fechou a porta do seu quarto ouviu uma voz realmente conhecida:
                – Bom precisamos conversar, John
                – O que você faz aqui Pedro? Você arrombou minha casa?
                – Sim mais relaxe não vou roubar nenhuma coisa de você. Vim aqui para lhe dizer uma coisa.
                – Diga então seu inútil e vá embora.
                – Tenho cenas de nós dois, bom juntos. Eu vou espalhá-las pela internet .
                John ficou extremamente chocado, já não lembrava mais do que tinha feito para estar ali com o grupo mais popular do colégio. Era difícil lembrar que ele teve relações com Pedro apenas para poder ter Clarice.
                – Olha nós fizemos um acordo. Eu fiquei com você e como pagamento eu teria Clarice para mim.
                – Este acordo é antigo, não quero mais isso e até mesmo não sei se você quer Clarice,.
– Eu não sei se a quero, mais mesmo assim o que você ganharia em expor essas coisas do passado, você também sairia prejudicado.
             – John eu não ligo para isso, você arruinou minha vida, por você eu tive que tirar Clarice da cidade por você eu tive que matar Adam, sim eu o matei e o mataria milhões de
             –Olha você realmente não está bem, enlouqueceu de vez, entenda eu não iria fazer nada com você ou Adam. Não sou , eu fiz isso apenas pra ter o que eu queria, eu era desesperado por tê-la e eu realmente a amei até você tirá-la de mim. Clarice não passa de uma marionete em suas mãos.
             – Não estou aqui por Clarice ou por qualquer pessoa ­– ele olhava  John com um olhar de psicopata, realmente parecia que Pedro sofria algum desvio mental – ou você  me obedece ou eu espalho isso para todos e ainda envio para o e-mail pessoal de seus pais tudo isso tudo o que a gente fez e todas as coisas que a gente fez para tirar os Ferreira da cidade e além do mais  se não fizeres isso Clarice vai saber que você  fez tudo isso para ter ela e tenho certeza que ela nunca mais o olharia.
             – Se é assim me diga enfim o que quer.
             – Bom feche a porta primeiro.
             Em seguida John caminhou e fechou a porta do quarto, em seguida limpou uma lagrima em sua face e tirou sua camisa.
                

Vida Urbana: Capítulo 2


               Eles estavam em frente à casa do garoto. O coração de John tomou um ritmo acelerado e aos poucos ele foi sentindo que tudo aquilo que tentara afastar ao longo daqueles dois anos voltaram a sondá-lo e agora já não podia fugir, teria de enfrentar tudo  a qualquer custo. Os olhos do garoto menor ficaram meio ofuscados e o mesmo se pôs a caminhar para a porta da casa. Aos poucos via que Lucas estava ali, atrás dele mais ele teria de tomar as rédeas. Ficou em pé de frente para porta bateu as mãos uma contra a outra e gritou:
                – Pedro! – repetiu a mesma fala, várias e várias vezes até a porta se abrir.
                E lá estava Pedro, robusto de cabeça erguida e sorrindo, não um sorriso qualquer mais sim um sorriso irônico que dava entender já estar esperando aquelas duas vitimas a muito tempo.  Os dois garotos que estavam fora da casa  o cumprimentaram e o anfitrião simplesmente deu espaço para que eles entrassem na casa. Foram caminhando  para a sala, era nostálgico estar ali outra vez para John, isto significava que todos aqueles sentimentos e aquelas noites sem dormir eram um pressentimento do que estava por vir.
                – Bem vindos a minha casa, er... estamos sozinhos, a  Clarice teve de ir ao mercado e às compras, vocês sabem muito bem como ela é, minha irmã não cresce em certos detalhes.
                – Então vocês estão de volta, que agradável. Pedro, sinto que teremos uma conversa bem longa – em seguida Lucas pigarreou a garganta e logo seguiu com o discurso – por acaso não tem um Whisky para nos ajudar a amolecer a garganta?
                – Nossa que falta de educação a minha não oferecer nada aos meus convidados. – ele caminhou em direção a uma sala que parecia um verdadeiro escritório e voltou de lá com uma garrafa e três copos.
                – Mais então me diga Pedro, por que vocês sumiram esse tempo todo e não deram noticias até agora? – John indagou sabendo que a partir daí nasceria uma pequena confusão.
                – Não seja idiota John, você sabe muito bem o que aconteceu comigo e Clarice, afinal de contas vocês e mais alguns nos colocaram em maus lençóis. – em seguida ele caminhou para perto da janela que ficava ao lado direito de John e  tirou a camisa.
                – Bom quanto a isso acho que devo saber qual sua intenção real aqui, até porque não precisamos de mais confusões e – John foi violentamente calado pela voz  de Pedro.
                – Sejamos honestos, vocês vieram aqui fazer algum tipo de intervenção se bem sei. Não se esqueçam, eu já fui um de vocês. – ele caminhou despreocupadamente para um dos sofás e se sentou.
                – Qual então seria o objetivo da sua vinda à cidade? Vingança?
                – Não, tenho bastante tempo para contar e a história é bem longa então sentem-se neste sofá – indicou  mostrando o sofá  a frente que era de um couro carmesim.
                – Tudo bem, mais então nos diga o que aconteceu? Qual o motivo da sua volta? Vocês sabem muito bem que não  deveriam estar aqui, nós concordamos que depois da morte de Adam vocês nunca voltariam. Fizemos nossa parte, demonstramos muita fé em vocês os encobrindo nos depoimentos.
                – Cale a boca Lucas, gostava de você quando era apenas um capacho do nosso morto Adam. – deu um sorriso quando viu a face de Lucas se enrijecer.
                – Não quero levantar minha mão contra você então se comporte.
                ­­– Uau, você não só mudou como está se sentindo o macho alfa, mais voltemos ao assunto principal, o motivo da volta pelo menos o principal é que... A partir de agora eu tomarei as empresas do meu falecido pai ao final do ano então tive de voltar para me reestabelecer, e sabemos que a sede da empresa é aqui e a faculdade, bom esta é na cidade vizinha, então não tive outra saída à  não ser voltar pra esse lixo.
                – Como assim, seu pai faleceu quando? Como?
                – John você sempre foi tão esperto, sabe que não vou dizer tudo mais vejamos ele estava bêbado e há três meses e bateu o carro.
                – Então vocês são órfãos agora? – John deu uma longa risada e continuou a indagar – E a Clarice, ela vai ficar na cidade também?
                – Sim ela vai ficar. Agora parem de me perguntar todas essas coisas e tomem a porcaria do Whisky, temos de conversar sobre a volta minha e de minha irmã ao colégio, já que nosso primeiro dia de volta as aulas será na segunda–feira.
                – Bom nós não temos nada haver com isso, se vocês vão ou não retomar a vida, isso é apenas problema seu e de Clarice.
                – John realmente você é um saco – Pedro obrigou-se a rir de si mesmo, pois por incrível que parecesse ele não havia apanhado ou algo do tipo – Nós voltamos, você não entende? Participaremos de tudo e voltaremos a fazer parte do grupo, você querendo ou não. Tenha o bom senso de entender que apenas eu, você e mais alguns sabem da história, vocês não podem simplesmente fingir que não nos conhecem, até porque isso soaria muito estranho para as autoridades e o próprio colégio. – Lucas já abrir a boca para dizer algo quando Pedro continuou a dizer – Mais tenham calma, já arrumei tudo, Jéssica vai dar a festa neste final de semana e sei que vocês vão estar lá.
                – Você parece muito empolgado com tudo isso não é? Sempre fez o seu estilo, conseguir tudo aquilo que quer não é? Bom, tenha cuidado pois nós dois sabemos que eu também sou perigoso, não foram apenas vocês a crescerem durante esse tempo e saiba que o boboca aqui vai fazer de tudo para te manter nos eixos. – John ficou de pé e continuou a dizer num tom ameaçador – Não vou medir esforços, dessa vez. Cause algum dano e você verá o quanto eu te desprezo  - O corpo do menor foi aos poucos se dirigindo ao sofá que Pedro estava sentado.
                – Vai me matar John? – Pedro se pôs de pé e enfatizou sua fala – Eu achava que os únicos assassinos da cidade eram: eu e a Clarice. Mas se já está tão disposto a entrar para o grupo dos marginais eu não tenho nada a dizer senão lhe dar um abraço e desejar-lhe um  seja bem vindo caloroso.
                – Não me provoque Pedro, senão vou ser obrigado a lhe bater.
                – Você me bater John? Isso seria uma missão suicida veja! – Pedro pegou as mãos de John e fez com que o garoto menor sentisse  os músculos do braço dele. Rapidamente John tirou as mãos obtendo controle de si mesmo e em seguida retrucou:
                – Além de marginal, é gay? – John sabia que aquilo não era muito bom para se falar ainda mais com Lucas por perto mais John já havia perdido a paciência e nada tinha a perder agora, trazendo um pouco mais do passado a tona.
                – Haha... Você não diria isso há dois anos atrás. Não é?
                – Olha o que dizes Pedro, mentir não é uma de suas armas. ­– Lucas disse enquanto se punha de pé.
                – Chega! Acabamos o que viemos fazer aqui. Vamos Lucas – John disse num tom ríspido,  certamente não era algo que ele fazia sempre, ser autoritário.
                Lucas caminhou até ficar lado a lado dos outros dois garotos e por fim esperou o próximo ato de John. O garoto menor pôs-se a caminhar para o corredor da casa  e enfim notou que ele não tinha nem percebido como a casa havia mudado. Antes, há dois anos atrás, a casa era disposta num modelo meio antigo já agora, ela estava organizada de uma forma mais contemporânea o que fez John lembrar que agora Pedro e Clarice estavam sozinhos. Aos poucos ele já estava em frente à porta da casa outra vez e quando John abriu a porta ele ouviu um barulho estrondoso, John apenas virou-se e viu que Lucas havia desferido um soco no rosto de Pedro.
                – A propósito senhor Pedro. Seja Bem vindo de volta.  – Lucas disse enquanto abria um enorme sorriso.
                               O mais rápido possível John puxou Lucas pelo braço e o colocou para fora da casa de Pedro. Enfim o dono da casa viu uma cena nada convencional. John apenas ergueu um dos braços e movimentou a mão para lhe dizer adeus e a única coisa que Pedro fez foi dizer:
                               – Até amanha na festa.
                Os dois garotos se puseram a caminhar mais depressa e não se falaram, houve apenas um silêncio, algo que os fazia refletir sobre tudo que tinha acontecido. As coisas não seriam as mesmas, Pedro e Clarice realmente estavam de volta a cidade e  eles não poderiam fazer mais nada. A cabeça de Lucas estava presa em pensamentos que o levavam direto para época que Adam estava vivo. Já John  pensava loucamente no que teria de fazer a partir de agora, qual seria sua melhor jogada e quem ele traria finalmente para o lado dele.
                Com menos de uma hora John e o outro garoto já estavam na rua do colégio, mas por mais que o garoto menor quisesse ficar na escola e sorrir como se nada tivesse acontecido ele não conseguiria e o máximo que poderia fazer era se interessar sobre os assuntos da festa. Lucas não queria indagar nada,  não queria saber de nada, ele era mais uma das vitimas da trajetória violenta dos jogos psicológicos de Pedro e desta vez ele não queria se envolver de maneira profunda, não como da ultima vez.
                – E então gostou do pequeno soco que eu dei nas fuças daquele idiota? – Lucas abriu um sorriso interessante, bem alegre mais no fundo sabia que era um sorriso falso.
                – Haha... Foi interessante, se fosse outra pessoa eu até acharia que nós somos os vilões da história.  – John sorriu para retribuir da mesma forma como o outro garoto fizera.
                – Bom, e você vai na festa?
                – Bom eu tenho que ir, não vou poder desgrudar um segundo sequer desses dois. Não vou facilitar logo agora.
                – Aí está o garoto de duas semanas atrás.
                – Eu só estava calado e bom agora nós não estamos falando nada de tão sério, então eu não devo agir de forma séria não é?
                – Você é muito sem noção, é só o que eu acho – Lucas dissera isso para dar um fim naquela conversa, sequer ele entendia porque tinha puxado um assunto com John agora.
                – Nós vamos entrar atrasados na aula de Literatura? Marta nos mataria. – John agora estava sério, ele tinha voltado ao seu estado normal e aquela onda de compulsão já tinha passado.
                – Sim eu dou um jeito.
                Eles caminharam pela rua da escola e entraram na mesma com uma facilidade, viraram um, dois, três corredores até a monitora pará-los. Ela estava vestida com uma roupa meio social, cinza. Seus cabelos estavam meio desarrumados, e sua boca manchada de batom, os garotos não tinham reparado no modo como ela estava vestida ou coisa do tipo, eles apenas estavam de cabeça baixa esperando ouvir  um daqueles sermões nada convencionais. A Sra. Joana sempre divagava em seus discursos, ela começava dizendo sempre a mesma coisa, dizia que no Colégio São Claus não era permitido qualquer coisa semelhante a vagabundos, ela era meio direta nesses momentos e não controlava a língua mas, sempre acabava perguntando como a mãe de John estava.
                – Senhora Jo.. ­– Joana havia simplesmente erguido suas mãos e mandado os garotos passar.
                Correram, simplesmente correram até a sala sem dizer nada  e quando entraram deram uma desculpa banal para a professora. O tempo passou vagarosamente para Lucas, ele esperava que esta aula acabasse o mais rápido possível e John estava  se inteirando sobre todos os assuntos ocorridos desde mais cedo quando eles tinham saído da escola. Os garotos fizeram um pouco de alvoroço mais ainda sim ninguém  se preocupou em saber o por quê dos garotos terem sumido nas outras aulas.
                Já era  fim de tarde quando os outros garotos se encontram para conversar. Estavam na porta da escola John, Lucas, Alice, Jéssica e Thalles. Eles conversaram algumas coisas normais da escola até Alice dar o primeiro passo e perguntar sobre a festa. Jéssica empenhou-se ao máximo para contar que a na verdade haviam setenta convidados para festa, eram estes os alunos do segundo e terceiro ano, selecionados pelo que ela chamava de seleção natural das espécies colegiais.
                – Então será uma festa a fantasia? – Alice estava perplexa em saber só agora que ela não estava definitivamente preparada para esta festa.
                – Sim e eu garanto a vocês saiam correndo agora para começar a arrumar as coisas, e outra não é permitido levar namorados ou namoradas.  – Jéssica dirigiu seu olhar para Thalles, ela sabia que o garoto namorava uma menina suburbana e ela realmente queria algo mais controlado, misterioso.
                Os garotos não conversaram mais nada, Jéssica foi para uma direção e os demais seguiram seu caminho. Era o fim do dia e todos não se comunicariam até a festa, não porque quisessem mais sempre acontecia. As pessoas sempre sumiam antes das festas então não foi difícil saber o que aconteceria. John foi para casa e dormiu já Alice ao invés de ir para casa dirigiu-se ao café e foi ao encontro de Clarice.
                As ruas estavam escuras, o movimento era intenso, normal para inicio do final de semana. Alice havia prendido seus cabelos durante as ultimas aulas do dia devido ao calor mais agora parecia que estavam num rigoroso inverno. Os passos dela estavam firmes e o Café se aproximava a cada momento. Quando menos esperou ela já estava abrindo a porta do  estabelecimento e de longe avistou Clarice. Ela estava sentada no ultimo banco, em um dos lugares mais escuros do local.
                Alice caminhou devagar, tirou a mochila das costas e encostou num banco ao lado do de Clarice, era praticamente inerente o medo que Alice sentia da outra garota, mais também um sentimento de desejo palpitava no coração dela, ela sabia que queria participar dessa história e sabia que se algo de interessante fosse acontecer ira ser ao lado de Clarice que ficaria.
                Clarice estava num vestido preto, e um espartilho prendia seu corpo como era de costume. Suas origens francesas faziam-na sempre voltar nessas vestimentas um tanto sofisticadas. Seus cabelos estavam agora mais escuros do que antes e seus olhos brilhando numa cor de verde purpura. Alice inclinou o corpo, levantou a mão e conversou com a garçonete, pedindo-a um cappuccino em seguida olhou fixamente para os olhos de Clarice e disse:           
                – Então você voltou mesmo, não é? Digo vai ficar ou está apenas de passagem? – ela sabia que agora viria uma resposta inevitável.
                – Claro sua boba eu voltei – Clarice inclinou o rosto para o lado direito e disse docilmente – E então prima como andam todos?
                – Bom estão bem. As coisas apenas mudaram.
                – Relaxe, somos parentes e você sabe o que eu quero dizer quando pergunto como estão todos.
                – Olha eu não vou fazer nenhum mal a nenhum deles. Eles são meus amigos.
                – Eu sei! Bom e pelo que eu me lembre eles também são meus amigos, um tanto estranhos mais são. Mas ande, diga John está namorando alguém? Ou definitivamente se tornou isolado?
                – Não, ele está bem e ainda sim andou se popularizando muito nestes últimos tempos, saiu com a maioria das garotas do colégio mais ainda sim se sente meio solitário, dá pra ver nos olhos dele.
                – Viu, foi difícil prima? Eu só queria saber como anda meu ex-namorado, nada demais. A proposito você vai à festa de Jéssica amanha?
                – Claro, ela disse que você seria uma das convidadas principais da festa, mais só nós do antigo grupo sabemos disso, até porque somos os únicos que ficam sabendo do que acontece aqui não é? – Alice já estava pegando o ritmo da prima, ela sabia que agora não teria volta e realmente séria melhor tentar se dar bem do que ficar andando atrás de Jéssica e ainda mais agora que já estava se interessando em Lucas.
                – Que bom, olha eu vou ter que ir agora. Preciso ir para casa e levar estas sacolas para Pedro, vamos cozinhar e conversar.
                – Ok, vá eu vou tomar meu café e depois vou para casa. – só agora Alice tinha reparado nas sacolas de compra do mercado que  Clarice segurava e também já havia tirado sua primeira conclusão. Clarice estava de volta mais estava reprimindo alguma coisa.
                A garota levantou e disse adeus para Alice, em seguida caminhou com pisadas fortes ao chão e saiu do Café. Caminhou pelas ruas da cidade com facilidade, afinal de contas não era nada comparado há França, mais ela acostumava-se muito facilmente aos lugares, ainda mais um no qual ela já viveu.
                Assim que chegou em casa correu direto para a cozinha e viu seu irmão de costas. Depositou com bastante força as sacolas no balcão e aos poucos  foi tirando o conteúdo das mesmas e guardando-as, num movimento rápido e incansável. Por um momento ela lembrou da sua infância, lembrava de um momento parecido onde ela chegava com as compras e sua mãe guardava as compras.
                – E então como foi no mercado Cla? – ele ainda permanecia de costas olhando para janela.
                – Foi bom, vi Alice agora mesmo. – ela disse num ar pesado de quem havia realmente trabalhado durante todo o dia.
                – Que bom, mas me diga o que ela lhe contou – ele virou o corpo e foi a caminho de sua irmã.
                – Bom ela me falou sobre o John, parece que agora ele está tão popular quanto o Adam era. – ela olhou para o rosto de Pedro e reparou que ele tinha um pequeno corte na boca. – Ei, Pedro o que houve?
                – Não é nada, apenas um presentinho daquela bichinha incubada do Lucas.
                – Como assim você o procurou?
                – Claro que não o idiota veio com a bicha mor para cá . – ele olhou para o rosto de Clarice e continuou a dizer – Os dois vieram aqui crentes que iriam tirar algo da minha boca e bom tiraram apenas sangue.
                – Hahah... Eles não mudam não é?  E o que faremos com eles. Ai estou com tantas saudades de brincar com alguém.
                – Amanha minha irmã , amanha eu quero  que tu seduza o John, preciso que você o tenha em suas mãos, mais no fim quero que você fique com  o Lucas. Quero deixar todos eles com saudades do tempo em que nós não estávamos aqui.
                – Bom acho que isso vai ser interessante ainda mais que eu já tenho a palerma da nossa prima em minhas mãos, a próxima é a Jéssica que já está feliz com minha volta, disse que eu até seria a atração principal da festinha.
                – Pois bem – Pedro inclinou a cabeça e deu um beijo no queixo de sua irmã – Bom fique em casa enquanto isso. Amanha é a festa e você tem que estar bem bonita. Agora eu vou sair e não tenho hora para voltar.



Vida Urbana : Capítulo 1


                O quarto estava desarrumado, não passava das três da madrugada e ele estava acordado, atordoado por não conseguir dormir. Ele apenas observava a rua por trás da janela, o lugar era até bonito, a rua se parecia com as dos filmes americanos, muitas árvores uma iluminação razoavelmente boa para o verão e as casas, bom, elas eram comuns sem muito luxo.  Essa era a quinta madrugada que ele acordava e ficava perambulando como um zumbi pelo quarto, sua cama era feita de carvalho branco o que dava um ar mais requintado ao ambiente. Já as paredes eram pintadas num tom claro de azul, a cômoda ao lado da cama era feita do mesmo material desta outra e o guarda- roupa era do mesmo tipo daqueles que se compram em lojas pela internet.
                As roupas espalhadas pelo chão e o computador ligado davam a entender que realmente ali era um lugar de adolescente. Ele tinha seus 17 anos e estava pensando  como seria o ultimo ano da escola.  As possibilidades de se dar bem no ultimo ano escolar o perseguiam assim como as de se dar bem mau. Em geral era um garoto tranquilo, não gostava muito de ficar parado, apenas vivia sua vida de modo impulsivo.
                Seu nome era John, e o que mais o impressionava era o fato de não conseguir mais dormir ou tirar os olhos da rua, ele sentia a todo tempo uma sensação de cansaço, devia estar realmente de saco  cheio da rotina. Ir de um lado para o outro naquela escola se tornava um pesadelo e depois  ficava impossível dormir. Em sua vida tudo se resumia a acordar, ir a escola, depois academia e por fim dormir ou sair.
                As horas foram passando e aos poucos ele foi se dando conta de que realmente teria de se levantar e ir a escola. Simples assim, a velha e temerosa rotina. Ergueu o corpo aos poucos e caminhou-se até o guarda-roupa para tirar as roupas que usaria na escola. Desceu as escadas e foi em direção ao banheiro e por lá não demorou quase nada, por fim já estava arrumado e na cozinha recostado na parede e olhando fixamente para sua mãe.
                – Bom dia filho – disse a mãe do garoto com uma felicidade quase imensurável.
                _ Bom dia mãe! Bom dá pra fazer umas panquecas agora para o café da manha. Preciso ir o mais depressa para escola.
                – Ok filho, me dê alguns minutos.
                E assim foi todo o período do café da manha, apesar de John não querer se atrasar ele acabou ficando para comer ao lado da mãe apenas com o proposito de acompanha-la já que os dois não tinham uma boa conversa a um bom tempo. Ao terminar o café ele rapidamente pegou a mochila deu um abraço um tanto despreocupado em sua mãe e se dirigiu à porta principal com a intenção de ir para escola.
                Quando abriu a porta viu aquela mesma imagem que vira algumas horas antes por detrás da janela do quarto. As arvores estavam com suas folhas bem esverdeadas e o tempo bem equilibrado e o sol, bom este estava agradável apesar de ser verão. Ele foi caminhando num passo apressado, de quem queria fazer algo o mais depressa possível. Virou uma, outra, outra e outra esquina até encontrar com ela. Jéssica.
                – Bom dia bebê! – ela disse sorrindo, geralmente era assim, facilmente sorria ou ficava estranhamente alegre.
                – Bom dia para você também – ele foi logo arrumando um jeito de abraça-la, daquela forma como fizera desde os quatro anos de idade.
                – E aí dormiu bem?
                – Não, aliás, não dormi nada fiquei a noite e a madrugada toda acordado. – era simples vê-la ali e conversar com ela já que eram amigos há tanto tempo, mas, ele não entendia como ela perguntava as coisas que ele sempre precisava falar mais não tinha coragem.
                – Bom acho melhor nos apressar, sabe muito bem como é a aula de hoje né! Química, ou seja, Guilherme o chato. Mas me diga por que não conseguiu dormir outra vez?
                – Não sei ao certo desde aquilo não consigo mais pensar nas coisas direito ou até mesmo fazer os deveres e mais não consigo dormir ou sair. – era complicado para ele falar daquele episódio antigo em sua vida.
                E então se calarão, apressaram-se mais do que o normal e o próprio garoto percebeu que aquela aceleração toda devia-se ao fato de ele ter mencionado aquilo, bom era realmente estranho conversar de coisas desse tipo com uma garota ainda mais Jéssica. Ela era realmente bonita, seus cabelos pretos, o corpo  moreno claro, os olhos azuis como a cor da piscina sua boca meio pequena para o resto do corpo, mas nada que a fizesse parecer menos bonita.
                Com alguns minutos eles já estavam na rua da escola. Era uma rua sem saída que dividia o espaço numa única linha reta em que se estendiam colunas de palmeiras imperiais e um campo em ambos os lados. Já a frente, quase no fim da rua encontrava-se a escola, ela era bem rústica e vintage. Tinha um modelo arquitetônico bem antigo, certamente provinha do século XVIII.
                Quando Jéssica virou os seus olhos para o lado esquerdo  da rua viu Alice e Lucas daí ela gritou a outra de longe.
                – Alice venha tenho  novidades a lhe contar.
                Alice ao ver todo aquele alvoroço, virou o corpo para trás e acenou para os dois outros garotos. John apenas ergueu a mão esquerda  e acenou de volta já Jéssica, bom essa já deu um pulo bem extravagante e esperou que a outra corresse para perto dela.  Assim que alguns carros param de passar Alice correu ao encontro dos dois e Lucas como de costume foi atrás.
                Lucas era meio caladão, jogava pelo time da escola e todos os anos ganhava os campeonatos estaduais. Estava sempre vestido com uma calça jeans comum seguido da blusa de uniforme e um colete por cima. Alguns  alunos  achavam que ele seria o mais bonito da escola, mas a verdade é que não se sabia ao certo quem seria o mais bonito ou até mesmo o mais feio já que a escola era um tanto seletiva quanto a imagem dos alunos, algo que a maioria dos alunos e o governo a esta altura achavam que era normal.
                Já Alice era ruiva, daquelas ruivas meio agitadas, como os olhos castanhos claros e  com uma boca carnuda. Seu vestuário era o básico calça jeans , blusa de uniforme e sapatos da Dolce & Gabbana.
                – Qual é a novidade para todo esse alvoroço? – ela disse sorrindo, parecia gostar de toda a agitação do momento.
                –  Vou dar uma festa na minha casa, com poucos convidados é obvio mas mesmo assim será lembrada por um bom tempo já que a mesma vai ter convidados selecionados a dedo. O Alex, Thalles ,Aline, Luana entre outros  mas o que mais importa é que vai contar com a chegada de uma pessoa importante.
                – Nossa me conta quem é?
                – Não e vamos rápido antes que o velho se sangue além do mais ouvi falar que hoje haveria um novo trabalho que deve ter de ser entregue tipo amanha – após falar Jéssica simplesmente sorriu.
                – Espera aí, Jéssica como você vai fazer uma festa e não me contou e mais por que está fazendo tanto alvoroço para uma social que nem é assim a festa do ano – John disse meio invocado, realmente ele não gostava de surpresas e se fosse para fazer uma festa seria com ele no meio da organização.
                – Olha não tenho tempo de explicar. Bom beijos! Vocês já estão me atrasando! – ela apenas olhou para o relógio no pulso e disse – estamos cinco minutos atrasados.
                – Ok então vá, mas no almoço quero conversar com você.
                As duas garotas então se puseram a correr deixando apenas John e Lucas sozinhos. Era hora do primeiro realmente abrir o jogo e falar sobre o verdadeiro motivo de não conseguir dormir. Eles também resolveram andar um pouco mais rápido e alguns minutos depois já estavam no corredor que dava para sala de aula.
                – Lucas ando pensando nela todas as madrugadas, tenho medo de dizer isto a Jéssica você sabe muito bem como ela é, fica perguntando demais e além disso ela não gosta muito da... Bom você sabe quem é.
                – Sim não vou dizer nenhuma mentira a você, sua face está realmente deplorável e se não o conhecesse bem eu  poderia dizer que estás sofrendo de depressão. – eram amigos a muito tempo e apesar de ser muito calado Lucas nunca rodeava com assuntos, ia direto ao ponto quando dizia algo.
                – Bom vamos parar de falar agora e vamos entrar o mais rápido possível para sala de aula.
                Eles  bateram na porta e depois de tantas horas John finalmente entra na sala de aula. Simplesmente entrou e pediu licença como sempre fizera mas o professor não iria deixar os dois alunos retardatários entrarem na sala de aula assim, sem amis nem menos. Sem dar pelo menos um sermão daqueles, e ele realmente iria dar uma bronca à John se não fosse pelo fato da presença de Lucas. Alguma coisa realmente acontecera de interessante ali já que ele se calou ao ver o ultimo entrar na sala de aula.
                As aula passaram com uma rapidez incomensurável no período da manha. O professor de Química passou um trabalho para os garotos relacionado a geometria molecular. O trabalho seria feito em grupo, já as outras aula foram muito tranquilas, só aqueles pequenos deveres já esperados.
                Agora já era a hora do almoço e mais que depressa John caminhou para o refeitório esperando finalmente saber quem estaria na festa que estava sendo tão esperada para o final de semana. Ele iria dizer realmente o que pensava dessa surpresa e então se toda essa coragem não fluísse sobre ele o garoto simplesmente ficaria calado e escutaria tudo de bom grado.
                O refeitório era um lugar coberto, devia ter um tamanho maior que o próprio ginásio poliesportivo da escola. John caminhou aos poucos para uma fila, hoje o prato principal seria almondegas, todas sextas feiras eram almondegas algo que fazia com que o garoto achasse tudo muito estranho já que a escola era bem cara para que fosse repetido todas as semanas o mesmo cardápio. Ele caminhou o mais rápido possível para a fila e lá encontrou com Lucas, John apenas disse um ríspido comprimento e foi logo ao assunto:
                – Quem será o convidado, ou convidada especial dessa festa além do mais por que a Jéssica vai dar uma festa já que ela é toda na sua?
                – Ela está aprontando, vamos ser sinceros quem você acha que vai voltar?  – ele disse lançando um olhar de como se aquela conversa não tivesse realmente a necessidade de ser feita..
                – Se Clarice voltou então nós precisamos fazer uma intervenção. Se ela voltou ele voltou e se eles estão aqui só vamos ter duas escolhas. A primeira é trazê-los novamente ao circulo e a segunda exilá-los. Qual você escolhe?
                – Sejamos realistas vamos deixar ver o que vai acontecer até porque se tudo isso que estivermos conspirando for realmente verdade teremos de lidar com um problema dos grandes. – ele deu aquela risada de sempre, rápida sem sentimento algum.
                A fila foi caminhando de uma forma rápida, eles pegaram a comida e voltaram seus corpos para as mesas do colégio. O refeitório sempre fora dividido da seguinte forma: a ala leste era dos nerds e os esquisitos do colégio, a ala norte era a dos jogadores de basquete e futebol e as alas leste e oeste se confundiam numa mistura de pessoas consideradas intermediárias e populares.
                Lucas viu rapidamente um aceno de Alice e em seguida chamou John para segui-lo a partir disso tudo ficou fácil, eles sentaram juntos e lá estavam Alice, Jéssica o Thalles e a Luana. Os garotos recém-chegados, a mesa fizeram todos os comprimentos formais e deram inicio a uma conversa nada agradável para o almoço. Discutiram durante quinze minutos sobre o trabalho de Química e sobre a tarefa em grupo dada na aula de história geral.
                Após esse momento todo acadêmico John  direcionou seu olhar para Luana e disse:
                – Como vai sua prima? Ela sumiu naquele verão, bom a muito tempo não vejo a Clarice .– ele estava planejando fazer a garota falar de qualquer forma onde se encontrava aquela criatura perversa.
                – Bom.. bo.. – a fala dela foi cortada pela da Jéssica que soltou simplesmente uma bomba para o garoto.
                – Ela está de volta a cidade, e bom eu a convidei para festa de amanha.
                O sorriso de Jéssica era notoriamente perverso, John não saberia dizer nem sequer pensar o motivo dessa volta repentina. Ele não teve outra opção a não ser abrir um sorriso bastante forçado concordar e fingir gostar de lembrar o tempo que ele passou junto com a Clarice, aqueles momentos tolos e todos os acontecimentos tortuosos que ela causou-lhe durante 3 anos. Eles não foram namorados, apenas tinham alguns encontros periódicos, era o que o garoto queria fingir pensar.
                – Galera eu vou ali, conversar com o pessoal do futebol, bom vem comigo John?
                – Sim.
                Alguns risos saíram meio abafados da mesa quando os dois já se encontravam uns dois ou três metros de distancia. Caminharam para ala norte mais se esgueiraram por algumas mesas e alguns caminhos nada convencionais que fizeram John perder a noção de espaço. Lucas ria  conforme via que o garoto não conseguia continuar o ritmo até que por fim o guia da dupla parou e virou para o menor dizendo:
                – Olha nós vamos sair agora da escola, vamos perder dois horários mais iremos tirar isso a limpo de qualquer forma.
                – Obrigado.
                Continuaram a caminha pegaram suas mochilas no armário da escola e esgueiraram por todos setores do colégio tentando tirar chamar o mínimo de atenção e com alguns minutos já estavam algumas ruas que ficavam a frente do colégio. A rua estava vazia, poucos carros transitavam  pelo asfalto e algumas lojas ainda estavam fechadas por conta do horário de almoço mais isso não distraiu em nada os pensamentos de John. Ele não tirava da cabeça todas aquelas lembranças enfim, estava se condenando por tudo ter chegado aquele momento. Lucas então depois de alguns terríveis minutos de silencio disse:
                – Eu não queria lhe dizer isso mais saiba que estamos indo a casa do Pedro, suponho que já tenha pensado que se ela voltou ele também deve ter feito o mesmo.
                – O que espera fazer lá? – era impressionante como John estava surpreso com as ações de Lucas, o mesmo não tinha o habito de usar a  inteligência, ao certo alguma coisa tinha o atingido ou ainda  havia algo escondido que nem mesmo seu melhor amigo o tinha contado.
                – Vamos ser adolescentes, iremos espremer esse garoto na parede e tirar este assunto a limpo, no mais vamos ser corteses, só estamos indo visitar  um velho amigo. Relaxe!
                – Ok, só não se esqueça de parar de fingir na hora certa  entende?
                – Ok, não vou cometer erros.
                Trinta minutos se passaram e depois de virarem alguns quarteirões e pegarem um ônibus já estavam no centro da cidade, que ao contrário das primeiras ruas que os dois percorreram estavam bem agitadas. Os olhos de John brilharam quando ele viu aquela casa no final da rua.
                – Aí estamos Lucas. Só não nos faça morrer e bom, deixa que eu converso com ele, essa luta tem de ser minha.