Palavras de jovem bêbado.


Ele não fazia questão de quantas horas agora fossem naquele momento o garoto apenas andava no meio fio brincando, se caía ou não no rio.

Com uma garrafa de Vodka nas mãos e uma musica que ele mal conseguia murmurar, ele satisfez sua vontade.

Estava calçado com aquele mesmo tênis que usava para ir à escola, para malhar, bom para fazer geralmente tudo. Seus olhos sintilavam como a luz da lua que certamente estava a refletir no rio.

O coaxar dos sapos e o famoso barulho da madrugada ora perdia seu lugar para o canto do garoto ora retornava a sua posição natural.

Vestido por uma calça jeans comum e uma blusa de manga preta o garoto perambulava pela cidade sem parar.

Por um momento seu rosto voltou a observar a lua e em seguida disse num rimo musical vagaroso que parecia ser uma canção de ninar.

_ Oh minha querida lua és tão bonita, gostaria de lhe cortejar.

Deu um sorriso tão grande que mal podia enxergar os outros membros de sua face jovem, sem a menor sombra de duvidas o garoto tinha por fim entendido e lembrado que a musica era só algo que lhe assombrava desde a infância.

Agora ele tinha dezoito anos, tinha acabado de fazê-los ha poucos minutos atrás quando o sino da igreja bateu pela primeira vez no novo dia.

Perdido em seus pensamentos e já trocando as palavras o garoto prestava-se a dizer que estava feliz, o imprevisível era com quem ele falava.

Um sapo, sim um sapo, o garoto estava-o segurando com uma força inabalável, e realmente queria indagá-lo daquele forma nua e crua da qual a sua vida até então o ensinara.

_ És desprovido de beleza querido sapo. Será que se te beijasse tu virarias um príncipe? Princesa?

Aos poucos recordava que tudo era mais complicado.Onde estariam os sapos que viram algo?.Ele lembrou que esses sapos já não existem mais.

Não houve outra reação a não ser a de se emburrar, em seguida sorrir e por fim lembrar que ele ainda era um garoto e que certamente seu coração buscava uma conexão entre aquilo que seria verdadeiro, real e aquilo que parecia apenas como fantasia.

Continuou a andar.Agora ele não ousava brincar, não falava outra coisa que não fosse afirmar que já era adulto.

Interessante foi perceber que ele já tinha namorada, que certamente tinha um emprego , ajudava sua família e possivelmente lembrava que possui aqueles aclamados deveres a cumprir e as prováveis responsabilidades a seguir.

Enfim ele entendeu o que tanto perturbava sua mente, com um olhar franco junto a um momento irônico afirmou:

_ Sou um homem, daqueles que podem beber e transar, daqueles que podem fumar e casar mais ainda sim daqueles que já não podem brincar, daqueles que tem medo de cativar.

Depois desta verdade inevitável ele ouviu um homem a gritar tão algo que nem mesmo podia acreditar

_ Tu és um bêbado que estas a me incomodar, és um bêbado que agora faz com que minha criança comece a chorar.

O garoto ouviu e como se não fosse tão previsível começou a deslizar seu corpo pela arvore, estava a sonhar e em um momento lúcido se lembra que em seus sonhos ele era o único a mandar. Só não conseguiu esquecer que era um bêbado sem um verdadeiro lar.

Alice e eu



Como Alice, eu ainda estava preso, ainda não entendia o que estava acontecendo. As luzes da arvore de natal dançavam de forma sincronizada e tinha por si próprias um aspecto de borboleta. Sim , o conjunto das luzes delineavam uma grande borboleta.

Piscava uma, duas, três, várias vezes ,realmente parecia que a borboleta batia suas asas rapidamente. Enfim as luzes me hipnotizaram assim como o coelho branco e macio, aquele que Alice perseguia com entusiasmo.

As luzes cessaram e quando me dei conta já estava em um lugar que nem de longe era familiar, literalmente tudo me era desconhecido. Formas, cores, texturas, nada era como antes assim como quando Alice caiu no buraco fui infestado por medo. Era eu em não se sabe onde e Alice no seu mundo, o país das maravilhas.

Quando por fim começo a decifrar o mundo percebo que Alice já estava a enfrentar a grande rainha de paus, que não era tão grande assim. Eu estava atrasado? Ou ela adiantada demais?

No momento eu não tinha as respostas que queria, e em seguida minha cabeça começou a doer, um barulho único que me domava e uma dor extremamente insuportável. O tempo tinha acabado? Sim, eu já sabia disso. Alice tinha terminado sua missão e eu não tinha feito nada , não entendia o tal era irônico pois Alice instantaneamente tinha acabado de salvar o seu mundo, o mundo das maravilhas.

O barulho continuou e tive que fechar os olhos. Agora sentia músculo por músculo retrair e quando finalmente aquele barulho infernal acaba meus olhos se abrem, vagarosamente recobro a consciência as imagens ganham um aspecto mais real e assim a primeira visão não turva que tenho é daquela arvore de natal e um pouco depois ouço alguém dizer:

_ Filho tudo bem?

Acenei com a cabeça, fingi estar entendendo tudo mais no fim das contas estava no sofá, largado e com cara de espanto enquanto Alice certamente estava a sorrir e abraçar seus pais. Mais uma vez tanto para mim quanto para Alice e tantos outros nós voltamos. E assim continuei a viver sabendo que um dia voltaria, que um dia o meu mundo de não se sabe onde nem do quê estaria esperando por mim e o mundo de Alice, o mundo das maravilhas certamente estava a esperar ansiosamente de sua próxima visita.