Preso em si mesmo




Ele continuava lá, preso a sonhos que nem se quer conseguia entender. Preso a si mesmo, em cima de um prédio, entregue a morte. Estava sentado no parapeito do prédio em duvida se ficava ou pulava, a vida tinha sido dura demais para ele. Os olhares das pessoas faziam com que ele desistisse da vida, mas ainda sim se lembrava do amor, algo que estas tais pessoas às vezes demonstravam. Elas o tratavam com carinho às vezes.

Seus olhos estavam lacrimejando e tudo que ele conseguia entender era o quanto a vida tinha sido dura, ela o largou, seus sonhos tinham sido perdidos e o tempo, o tempo não iria curar nada, pois toda vez que ele olhava para trás ele a via.

A garota que nunca tinha feito sofrer, a garota que nunca tinha dito palavras duras, mas ela já não estava com ele. Ele estava sozinho, mais parecia um garoto do que um homem de meia idade, ele olhava tantas vezes para baixo que quase por um impulso sentiu seu corpo descer, se ele movesse um centímetro a mais, todos os problemas teriam fim, mas seus sonhos não se realizariam. A frase ainda estava cravada em sua mente.

Ela havia dito algo tão duro, tão desesperado, parecia que realmente nunca tinha o amado e o pobre homem continuava lá pensando:

– Demônios não morrem.

Teus sonhos haviam acabado agora seria a ultima ação que faria no resto de sua vida, as coisas que tinha visto e vivido pareciam não ter importância alguma.

Sim vou pular!Não, não é assim que as coisas se resolvem!

Perdido em seus pensamentos ele não teve escolha a não ser pular. Pulou sem arrependimentos, mas aquele momento não queria terminar assim tão rápido, para ele havia sido a vida inteira, em seus olhos tudo passou com rapidez.

Os primeiros amigos, a primeira namorada, primeiro carro, primeira desilusão. Tudo passou e agora ele estava lá caído no chão, ensangüentado com alguns ossos a mostra e um estranho sorriso de quem realmente havia finalmente percebido que viver era o melhor a se fazer.

Ele se arrependeu no ultimo momento e já não podia voltar atrás. Pelo menos ele entendeu, que demônios, estes nunca morrem, seria melhor ter aprendido que o seu fardo seria conviver com eles até o ultimo momento e não tentar um desesperado fim indolor para seus “amigos” inevitáveis.