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Vida Urbana : Capítulo 1


                O quarto estava desarrumado, não passava das três da madrugada e ele estava acordado, atordoado por não conseguir dormir. Ele apenas observava a rua por trás da janela, o lugar era até bonito, a rua se parecia com as dos filmes americanos, muitas árvores uma iluminação razoavelmente boa para o verão e as casas, bom, elas eram comuns sem muito luxo.  Essa era a quinta madrugada que ele acordava e ficava perambulando como um zumbi pelo quarto, sua cama era feita de carvalho branco o que dava um ar mais requintado ao ambiente. Já as paredes eram pintadas num tom claro de azul, a cômoda ao lado da cama era feita do mesmo material desta outra e o guarda- roupa era do mesmo tipo daqueles que se compram em lojas pela internet.
                As roupas espalhadas pelo chão e o computador ligado davam a entender que realmente ali era um lugar de adolescente. Ele tinha seus 17 anos e estava pensando  como seria o ultimo ano da escola.  As possibilidades de se dar bem no ultimo ano escolar o perseguiam assim como as de se dar bem mau. Em geral era um garoto tranquilo, não gostava muito de ficar parado, apenas vivia sua vida de modo impulsivo.
                Seu nome era John, e o que mais o impressionava era o fato de não conseguir mais dormir ou tirar os olhos da rua, ele sentia a todo tempo uma sensação de cansaço, devia estar realmente de saco  cheio da rotina. Ir de um lado para o outro naquela escola se tornava um pesadelo e depois  ficava impossível dormir. Em sua vida tudo se resumia a acordar, ir a escola, depois academia e por fim dormir ou sair.
                As horas foram passando e aos poucos ele foi se dando conta de que realmente teria de se levantar e ir a escola. Simples assim, a velha e temerosa rotina. Ergueu o corpo aos poucos e caminhou-se até o guarda-roupa para tirar as roupas que usaria na escola. Desceu as escadas e foi em direção ao banheiro e por lá não demorou quase nada, por fim já estava arrumado e na cozinha recostado na parede e olhando fixamente para sua mãe.
                – Bom dia filho – disse a mãe do garoto com uma felicidade quase imensurável.
                _ Bom dia mãe! Bom dá pra fazer umas panquecas agora para o café da manha. Preciso ir o mais depressa para escola.
                – Ok filho, me dê alguns minutos.
                E assim foi todo o período do café da manha, apesar de John não querer se atrasar ele acabou ficando para comer ao lado da mãe apenas com o proposito de acompanha-la já que os dois não tinham uma boa conversa a um bom tempo. Ao terminar o café ele rapidamente pegou a mochila deu um abraço um tanto despreocupado em sua mãe e se dirigiu à porta principal com a intenção de ir para escola.
                Quando abriu a porta viu aquela mesma imagem que vira algumas horas antes por detrás da janela do quarto. As arvores estavam com suas folhas bem esverdeadas e o tempo bem equilibrado e o sol, bom este estava agradável apesar de ser verão. Ele foi caminhando num passo apressado, de quem queria fazer algo o mais depressa possível. Virou uma, outra, outra e outra esquina até encontrar com ela. Jéssica.
                – Bom dia bebê! – ela disse sorrindo, geralmente era assim, facilmente sorria ou ficava estranhamente alegre.
                – Bom dia para você também – ele foi logo arrumando um jeito de abraça-la, daquela forma como fizera desde os quatro anos de idade.
                – E aí dormiu bem?
                – Não, aliás, não dormi nada fiquei a noite e a madrugada toda acordado. – era simples vê-la ali e conversar com ela já que eram amigos há tanto tempo, mas, ele não entendia como ela perguntava as coisas que ele sempre precisava falar mais não tinha coragem.
                – Bom acho melhor nos apressar, sabe muito bem como é a aula de hoje né! Química, ou seja, Guilherme o chato. Mas me diga por que não conseguiu dormir outra vez?
                – Não sei ao certo desde aquilo não consigo mais pensar nas coisas direito ou até mesmo fazer os deveres e mais não consigo dormir ou sair. – era complicado para ele falar daquele episódio antigo em sua vida.
                E então se calarão, apressaram-se mais do que o normal e o próprio garoto percebeu que aquela aceleração toda devia-se ao fato de ele ter mencionado aquilo, bom era realmente estranho conversar de coisas desse tipo com uma garota ainda mais Jéssica. Ela era realmente bonita, seus cabelos pretos, o corpo  moreno claro, os olhos azuis como a cor da piscina sua boca meio pequena para o resto do corpo, mas nada que a fizesse parecer menos bonita.
                Com alguns minutos eles já estavam na rua da escola. Era uma rua sem saída que dividia o espaço numa única linha reta em que se estendiam colunas de palmeiras imperiais e um campo em ambos os lados. Já a frente, quase no fim da rua encontrava-se a escola, ela era bem rústica e vintage. Tinha um modelo arquitetônico bem antigo, certamente provinha do século XVIII.
                Quando Jéssica virou os seus olhos para o lado esquerdo  da rua viu Alice e Lucas daí ela gritou a outra de longe.
                – Alice venha tenho  novidades a lhe contar.
                Alice ao ver todo aquele alvoroço, virou o corpo para trás e acenou para os dois outros garotos. John apenas ergueu a mão esquerda  e acenou de volta já Jéssica, bom essa já deu um pulo bem extravagante e esperou que a outra corresse para perto dela.  Assim que alguns carros param de passar Alice correu ao encontro dos dois e Lucas como de costume foi atrás.
                Lucas era meio caladão, jogava pelo time da escola e todos os anos ganhava os campeonatos estaduais. Estava sempre vestido com uma calça jeans comum seguido da blusa de uniforme e um colete por cima. Alguns  alunos  achavam que ele seria o mais bonito da escola, mas a verdade é que não se sabia ao certo quem seria o mais bonito ou até mesmo o mais feio já que a escola era um tanto seletiva quanto a imagem dos alunos, algo que a maioria dos alunos e o governo a esta altura achavam que era normal.
                Já Alice era ruiva, daquelas ruivas meio agitadas, como os olhos castanhos claros e  com uma boca carnuda. Seu vestuário era o básico calça jeans , blusa de uniforme e sapatos da Dolce & Gabbana.
                – Qual é a novidade para todo esse alvoroço? – ela disse sorrindo, parecia gostar de toda a agitação do momento.
                –  Vou dar uma festa na minha casa, com poucos convidados é obvio mas mesmo assim será lembrada por um bom tempo já que a mesma vai ter convidados selecionados a dedo. O Alex, Thalles ,Aline, Luana entre outros  mas o que mais importa é que vai contar com a chegada de uma pessoa importante.
                – Nossa me conta quem é?
                – Não e vamos rápido antes que o velho se sangue além do mais ouvi falar que hoje haveria um novo trabalho que deve ter de ser entregue tipo amanha – após falar Jéssica simplesmente sorriu.
                – Espera aí, Jéssica como você vai fazer uma festa e não me contou e mais por que está fazendo tanto alvoroço para uma social que nem é assim a festa do ano – John disse meio invocado, realmente ele não gostava de surpresas e se fosse para fazer uma festa seria com ele no meio da organização.
                – Olha não tenho tempo de explicar. Bom beijos! Vocês já estão me atrasando! – ela apenas olhou para o relógio no pulso e disse – estamos cinco minutos atrasados.
                – Ok então vá, mas no almoço quero conversar com você.
                As duas garotas então se puseram a correr deixando apenas John e Lucas sozinhos. Era hora do primeiro realmente abrir o jogo e falar sobre o verdadeiro motivo de não conseguir dormir. Eles também resolveram andar um pouco mais rápido e alguns minutos depois já estavam no corredor que dava para sala de aula.
                – Lucas ando pensando nela todas as madrugadas, tenho medo de dizer isto a Jéssica você sabe muito bem como ela é, fica perguntando demais e além disso ela não gosta muito da... Bom você sabe quem é.
                – Sim não vou dizer nenhuma mentira a você, sua face está realmente deplorável e se não o conhecesse bem eu  poderia dizer que estás sofrendo de depressão. – eram amigos a muito tempo e apesar de ser muito calado Lucas nunca rodeava com assuntos, ia direto ao ponto quando dizia algo.
                – Bom vamos parar de falar agora e vamos entrar o mais rápido possível para sala de aula.
                Eles  bateram na porta e depois de tantas horas John finalmente entra na sala de aula. Simplesmente entrou e pediu licença como sempre fizera mas o professor não iria deixar os dois alunos retardatários entrarem na sala de aula assim, sem amis nem menos. Sem dar pelo menos um sermão daqueles, e ele realmente iria dar uma bronca à John se não fosse pelo fato da presença de Lucas. Alguma coisa realmente acontecera de interessante ali já que ele se calou ao ver o ultimo entrar na sala de aula.
                As aula passaram com uma rapidez incomensurável no período da manha. O professor de Química passou um trabalho para os garotos relacionado a geometria molecular. O trabalho seria feito em grupo, já as outras aula foram muito tranquilas, só aqueles pequenos deveres já esperados.
                Agora já era a hora do almoço e mais que depressa John caminhou para o refeitório esperando finalmente saber quem estaria na festa que estava sendo tão esperada para o final de semana. Ele iria dizer realmente o que pensava dessa surpresa e então se toda essa coragem não fluísse sobre ele o garoto simplesmente ficaria calado e escutaria tudo de bom grado.
                O refeitório era um lugar coberto, devia ter um tamanho maior que o próprio ginásio poliesportivo da escola. John caminhou aos poucos para uma fila, hoje o prato principal seria almondegas, todas sextas feiras eram almondegas algo que fazia com que o garoto achasse tudo muito estranho já que a escola era bem cara para que fosse repetido todas as semanas o mesmo cardápio. Ele caminhou o mais rápido possível para a fila e lá encontrou com Lucas, John apenas disse um ríspido comprimento e foi logo ao assunto:
                – Quem será o convidado, ou convidada especial dessa festa além do mais por que a Jéssica vai dar uma festa já que ela é toda na sua?
                – Ela está aprontando, vamos ser sinceros quem você acha que vai voltar?  – ele disse lançando um olhar de como se aquela conversa não tivesse realmente a necessidade de ser feita..
                – Se Clarice voltou então nós precisamos fazer uma intervenção. Se ela voltou ele voltou e se eles estão aqui só vamos ter duas escolhas. A primeira é trazê-los novamente ao circulo e a segunda exilá-los. Qual você escolhe?
                – Sejamos realistas vamos deixar ver o que vai acontecer até porque se tudo isso que estivermos conspirando for realmente verdade teremos de lidar com um problema dos grandes. – ele deu aquela risada de sempre, rápida sem sentimento algum.
                A fila foi caminhando de uma forma rápida, eles pegaram a comida e voltaram seus corpos para as mesas do colégio. O refeitório sempre fora dividido da seguinte forma: a ala leste era dos nerds e os esquisitos do colégio, a ala norte era a dos jogadores de basquete e futebol e as alas leste e oeste se confundiam numa mistura de pessoas consideradas intermediárias e populares.
                Lucas viu rapidamente um aceno de Alice e em seguida chamou John para segui-lo a partir disso tudo ficou fácil, eles sentaram juntos e lá estavam Alice, Jéssica o Thalles e a Luana. Os garotos recém-chegados, a mesa fizeram todos os comprimentos formais e deram inicio a uma conversa nada agradável para o almoço. Discutiram durante quinze minutos sobre o trabalho de Química e sobre a tarefa em grupo dada na aula de história geral.
                Após esse momento todo acadêmico John  direcionou seu olhar para Luana e disse:
                – Como vai sua prima? Ela sumiu naquele verão, bom a muito tempo não vejo a Clarice .– ele estava planejando fazer a garota falar de qualquer forma onde se encontrava aquela criatura perversa.
                – Bom.. bo.. – a fala dela foi cortada pela da Jéssica que soltou simplesmente uma bomba para o garoto.
                – Ela está de volta a cidade, e bom eu a convidei para festa de amanha.
                O sorriso de Jéssica era notoriamente perverso, John não saberia dizer nem sequer pensar o motivo dessa volta repentina. Ele não teve outra opção a não ser abrir um sorriso bastante forçado concordar e fingir gostar de lembrar o tempo que ele passou junto com a Clarice, aqueles momentos tolos e todos os acontecimentos tortuosos que ela causou-lhe durante 3 anos. Eles não foram namorados, apenas tinham alguns encontros periódicos, era o que o garoto queria fingir pensar.
                – Galera eu vou ali, conversar com o pessoal do futebol, bom vem comigo John?
                – Sim.
                Alguns risos saíram meio abafados da mesa quando os dois já se encontravam uns dois ou três metros de distancia. Caminharam para ala norte mais se esgueiraram por algumas mesas e alguns caminhos nada convencionais que fizeram John perder a noção de espaço. Lucas ria  conforme via que o garoto não conseguia continuar o ritmo até que por fim o guia da dupla parou e virou para o menor dizendo:
                – Olha nós vamos sair agora da escola, vamos perder dois horários mais iremos tirar isso a limpo de qualquer forma.
                – Obrigado.
                Continuaram a caminha pegaram suas mochilas no armário da escola e esgueiraram por todos setores do colégio tentando tirar chamar o mínimo de atenção e com alguns minutos já estavam algumas ruas que ficavam a frente do colégio. A rua estava vazia, poucos carros transitavam  pelo asfalto e algumas lojas ainda estavam fechadas por conta do horário de almoço mais isso não distraiu em nada os pensamentos de John. Ele não tirava da cabeça todas aquelas lembranças enfim, estava se condenando por tudo ter chegado aquele momento. Lucas então depois de alguns terríveis minutos de silencio disse:
                – Eu não queria lhe dizer isso mais saiba que estamos indo a casa do Pedro, suponho que já tenha pensado que se ela voltou ele também deve ter feito o mesmo.
                – O que espera fazer lá? – era impressionante como John estava surpreso com as ações de Lucas, o mesmo não tinha o habito de usar a  inteligência, ao certo alguma coisa tinha o atingido ou ainda  havia algo escondido que nem mesmo seu melhor amigo o tinha contado.
                – Vamos ser adolescentes, iremos espremer esse garoto na parede e tirar este assunto a limpo, no mais vamos ser corteses, só estamos indo visitar  um velho amigo. Relaxe!
                – Ok, só não se esqueça de parar de fingir na hora certa  entende?
                – Ok, não vou cometer erros.
                Trinta minutos se passaram e depois de virarem alguns quarteirões e pegarem um ônibus já estavam no centro da cidade, que ao contrário das primeiras ruas que os dois percorreram estavam bem agitadas. Os olhos de John brilharam quando ele viu aquela casa no final da rua.
                – Aí estamos Lucas. Só não nos faça morrer e bom, deixa que eu converso com ele, essa luta tem de ser minha.

10 comentários:

  1. Parabéns Lucas, você é bem criativo! Mas ficaria ainda melhor se desse mais uma atençãozinha ao português... dica construtiva viu, não pare de escrever ;)

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  2. Corrigindo: Lucas não, Rhanielly

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  5. Ual, muito bom. Gostei dos personagens e da ambientação. A trama também está muito boa e misteriosa. Faça a correção e capriche mais na gramática nos próximos episódios.

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  6. Galerinha peço desculpas pela forma como o primeiro capítulo ficou, bom os erros tecnicos foram devidos a minha falta de experiencia no tipo de texto que estou postando mas prometo que serei mais cauteloso.

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    1. É isso aí Rhani! ê__ê Use uma linguagem mais informal, tipo... Usa uma linguagem mais adolescente, já que no texto contém garotos ''da nossa idade'' conversando entre si.
      Já não vejo a hora de saber do desfecho da história. =P

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  7. Rhany, tá ficando ótimo! Estou adorando esse mistério todo! Continue escrevendo e não me mate de curiosidade :)

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