–
Barbara?
–
Sim é ela, nós temos que sair daqui. – Lucas estava assustado, aquele beijo não
parecia ser o primeiro daqueles dois.
–
Não, espere nós precisamos saber se eles se conhecem. – John segurou o braço de
Lucas com força e os dois continuaram a espreitar.
Aos
poucos os dois observaram a forma como os dois conversavam, como eles realmente
se conheciam. Na mente dos garotos a única coisa a se perguntar era o que
realmente Barbara fazia no meio daquilo tudo. Ela era mais uma das garotas
porém não andava tanto com Clarice e Alice como agora. Elas sempre foram apenas
conhecidas e de um súbito final de semana se tornaram melhores amigas.
John
e Lucas se afastaram e com um intervalo
pequeno de tempo já estavam juntos aos outros. Eles não conversaram e não
fizeram questão de observar o que viria após toda aquela encenação do memorial.
O garoto menor se afastou um pouco e voltou sua atenção para Clarice. E lá
estava ela se portando como uma garota normal, sorrindo, conversando. Nada de
estranho estava acontecendo com ela, não parecia tramar nada, na verdade ela
nunca demonstrou ser fria com John.
Ele
caminhou por entre as pessoas e com instantes já estava lá, ao lado de Clarice.
Deu um forte abraço à garota e observou a conversa por um curto período de tempo. A garota por
um segundo o olhou e graciosamente pediu licença para poder conversar com John. Eles caminharam pelo jardim,
estavam pela primeira vez sozinhos naquela noite.
As
flores estavam desabrochando por todo lado e Clarice as observava. Seu olhar
era fixo e a luz do luar iluminava todo o espaço acompanhado por uma brisa
suave e fria. John segurou a mão da
garota e começou a dizer.
–
Quer dormir lá em casa hoje?
–
Estranho! Isso realmente não é o seu normal – ela sorriu – mais pode considerar
seu pedido aceito.
–
É que ... nós precisamos de um tempo só nosso. – sua expressão se manteve a
mesma mesmo que o garoto quisesse demonstrar tristeza – Nós nem conversamos
sobre tudo isso. Simplesmente nós voltamos, nos beijamos e não conversamos, não
nos olhamos nem sequer durante um minuto sem que nada extraordinário aconteça.
–
John essa é a nossa vida. Aceite como ela é, nós matamos alguém e agora as
coisas voltaram a tona, as pessoas voltam a se perguntar sobre o que aconteceu
na casa de praia, elas querem respostas e ambos sabemos que isso poderia fazer
nós sete ...
–
Não, não isso não vai acontecer mais. Vamos precisamos de ter uma noite só nossa.
Eles
caminharam e saíram tentando não fazer alvoroço. Lucas apenas acenou para os
dois e os deixou ir. Aproveitando toda essa deixa ele se aproximou de Jéssica e
fez todo o mesmo teatro que John havia
desempenhado. Toda aquela conversa de tempo a sós e noite romântica. Aos poucos
eles deixaram o memorial e logo já estavam no quarto de Jéssica. Passaram a
noite conversando sobre coisas fúteis, amorosas e com provas e encantamentos
relacionados ao futuro.
–
Amor. Você gosta da Barbara?
–
Ela não me fez nada em momento algum. – hesitou por um instante – Mais a
verdade é que ela se aproximou de nós a pouco tempo e tem uma intimidade com a
Clarice realmente inacreditável. – ela
sorriu despreocupadamente – Não sei o
que ela anda fazendo mais tenho certeza que não é algo muito bom.
–
Entendo. Venha aqui, me abrace.
Na
casa de John as coisas tinham ficado um tanto complicadas, eles tomaram vinho
conversaram se beijaram. O clima estava um tanto calmo até John pergunta-la
sobre o fato do tio ter vindo a cidade. Ela ficou um tanto nervosa com aquela
repentina pergunta.
–
Não te entendo. Queria ter um momento comigo mais fica fazendo merda. – tomou
folego – O que você pretende?
–
É só que ele simplesmente aparece e pede pra que eu trabalhe para meu pai. Eu
não quero fazer isso, não gosto dessa vida de aplicações e tudo.
–
Então por que você vai fazer? Eu sei que você está escondendo algo. Até agora
não vi você brigar com meu irmão, pelo contrário eu observei vocês um tanto
unidos.
–
Você realmente quer saber. – seu tom de voz havia se tornado mais forte e agora
ele começava a gritar – O Pedro anda me obrigando a fazer sexo com ele. É isso.
Eu também sei que você não gosta de mim e se por um acaso já gostou não gosta
mais. Você quer só vingança e sabe que pelo fato de eu te amar eu sempre vou te
aceitar. E tem mais, sabe seu tio, o seu famoso tio. Ele me pegou na cama com o
Pedro e continuou com a “brincadeira”, ele me obrigou a fazer sexo outra vez e
pior, tive de fazer sexo com dois homens.
–
Que merda é essa? – Clarice estava chocada, pelos seus olhos escorriam
lagrimas. Pela primeira vez ela estava realmente vulnerável. – Por que você me
contou isso? Eu não acredito em você. Simplesmente voltei à cidade pra ferrar
com a vida de você. Isso mesmo, voltei pra infernizar todos vocês, vou acabar
um por um e se eu não conseguir pode ter certeza que eu vou morrer tentando. –
ela deu alguns passos pra traz e a única coisa que sentia era raiva.
–
Não sei porque você está dizendo essas
coisas. Você nunca me amou mesmo. É complicado olhar pra você e dizer isso
tudo. Nós por mais que seja estranho tivemos uma história. As coisas realmente
saíram do controle e no fim das contas tudo foi por você. Eu fiz isso a dois
anos no inicio quando ninguém olhava pra mim eu me envolvi com o Pedro . Ele
havia me prometido você á mim, ele disse que você seria minha se eu obedecesse,
se fizesse tudo que ele pedisse. – ele soluçou e as lagrimas lhe corriam a face
vagarosamente o que fazia parecer realmente mais doloroso – Agora com essa
merda de vocês morarem aqui de volta ele simplesmente me quer outra vez. Sabe eu não sei se eu
gosto de tudo isso ou se odeio de toda minha alma. Mas o mais interessante
nisso tudo é saber que você desconhece tudo, não sabia que seu tio comia seu
irmão e ainda sim não sabia que seu irmão te manipulava. Sim ele te manipulou
como se você fosse uma vadiazinha qualquer.
–
Eu não posso acreditar nisso tudo, você está mentindo, seu merda. Se você quer
me chamar de vadia então escuta. Quando nós nos conhecemos eu transei com Adam,
Lucas e até mesmo com o Talles e Alex. Você foi chifrado tantas vezes que eu
perdi a dó por você.
Ela
saiu as pressas do quarto e caminhou pra fora da casa com a maior rapidez que
pôde. John ainda estava no quarto, ele sentia dor, começou realmente a entender
que ele não poderia deixar tudo assim, não podia deixar de se vingar e agora
tudo que lhe passava a cabeça era qual a relação entre ela, Barbara e Alex.
Pegou
o telefone e caminhou para fora de casa. Agora a única coisa a fazer era ir
conversar com Pedro. Demonstrá-lo a verdade sobre tudo, fazê-lo entender que
não haveria sexo, chantagem ou dinheiro em suas mãos. As ruas foram ficando
embaçadas, os olhos de John estavam lacrimejando e só uma coisa o movia era a
raiva, ódio.
Pedro
estava no primeiro andar da empresa, e quando virou o ultimo corredor do andar
deu de cara com John. Ele estava visivelmente fora de si. O escritório estava
totalmente vazio e ele não sabia como mais John o achou, era algo raro ele ser
procurado por alguém, ainda mais ele.
–
O que foi? Você está bem?
–
Não seu gay de merda – John estava gritando – Eu não quero saber mais de você, da vadia da sua irmã. Se quiser
publique, publica todos os nossos vídeos de sexo. – o tom de ironia começou a lhe subir pelo
corpo e alma – Eu te comia como se fosse uma mulherzinha, e sabe o que eu fazia
quando gozava. – uma gargalhada se
propagou por toda sala, a raiva havia o consumido por completo – Eu pensava na
tua irmã, no gosto dela.
–
Olha você não está no seu normal – o tom de Pedro era sério mais ele sabia
muito bem que não aguentaria, ele entraria no jogo de John, fosse da forma como
acontecesse. Agora os dois estariam no limite, deixariam apenas os instintos o
guiarem. – Estou pouco me fudendo pra duto isso, agora você vai me dar teu
dinheiro sabe por quê ? Porque se não fizer isso eu vou te matar.
–
Interessante como estamos todos assassinos hoje. Sua irmã disse o mesmo quando
eu a contei que comi você e seu tio.
–
Seu merda você contou tudo? – Pedro caminhou com força para cima de John. – Não
deveria ter feito isso, você estragou tudo. Ela vai perder o senso, ela vai
acabar com tudo aquilo que criei. Idiota
John
sentiu um soco desferir em sua face, nesse momento ele conseguiu voltar ao
normal. As coisas estavam ficando incontroláveis e agora ele estava enfrentando
de uma vez por todas o seu medo.
–
Desculpa eu não sei porquê eu fiz isso – John abaixou a cabeça e começou a
chorar – Mais a culpa é sua, você destruiu minha vida, corrompeu tudo que eu
tinha de bom e agora eu estou aqui. Contei as coisas pra tua irmã e tudo mais.
–
Não adianta. Eu vou te matar – ele estava sorrindo – vou acabar com sua vida.
-
Antes me diz uma coisa. O que o Alex e a Barbara fazem juntos?
–
Você não sabe? No dia da morte de Adam os dois estavam juntos. Provavelmente
dormiram juntos desde aquela época.
–
Tem alguma coisa errada, ninguém sabia dessa história. Ninguém sabia ao menos
que Alex se importava com o irmão.
–
Seu idiota você acha que ele veio pra cá simplesmente realizar o memorial. – o
garoto maior soltou uma gargalhada e cambaleou de um lado para o outro – Ele
veio descobrir o que realmente aconteceu.
–
Eu ... – hesitou por um instante mas se fez firme e continuou – vou embora.
Preciso ver Lucas e entender o que realmente vai acontecer.
O
descontrole de Pedro era visível, ele tinha mantido toda sua loucura durante
muito tempo porém a verdade era que ele ainda continuava tendo pesadelos do dia
da morte de Adam. John não ficou um minuto a mais na sala e Pedro nada fez para
que o garoto continuasse ali, sua mente vaga e voltava para aquela noite. Ele
via toda a turma feliz, as drogas e o whisky , tudo aquilo o fazia se perder. A
sua mente vagava, as realidades se confundiam e em um segundo estava ali no
escritório e no outro estava na casa de praia de Adam. As lembranças o
perseguiam mas de um súbito chamado sua mente voltou novamente ao escritório.
–
Então é isso, você simplesmente me tratou como uma puta. – as lagrimas corriam
por todo o rosto de Clarice, era visível o descontrole. – Você é o meu IRMÃO, a
gente deveria se cuidar. Um proteger o outro.
–
Eu perdi o controle. – em meio a um soluço e uma primeira lagrima sua voz
falhou, um suspiro subiu em meio à todo aquele desespero e ele continuou – As coisas estavam dando certo, você se sentiu
no controle mais na verdade sempre mandei em tudo.
–
Por que? Qual o motivo de me deixar assim, como se não fosse ninguém. Nós
sofremos juntos, nós realmente vimos o que acontecer e agora estava tudo dando certo, os casais formados,
Alex de volta. Por que você foi estragar tudo?
–
Na verdade o plano sempre foi meu, eu dito as ordens aqui. Não vou negar que
transei com John e até mesmo com o Bernardo, apenas usei as informações minhas
em prol dos meus objetivos e você mais do que ninguém não tem nada haver com
isso. Aliás você nunca realmente conheceu Adam, você não sabe nada sobre o que
ele era capaz.
–
Então tudo se trata disso, da vida que você tinha? Nossos pais morreram e
sabe-se lá o porquê. Eu não aguento mais, eu sinto dor aqui – ela apontou para
o peito – eu quero morrer. Não tem outra opção, as coisas ultrapassaram o meu
limite.
Clarice
não aguentou, não dominou sua própria fúria e simplesmente saiu correndo dali,
era difícil sentir como se tivesse sido manipulada durante todo tempo. Pedro
continuou ali no escritório por um tempo e depois usando todo ultimo sentimento
de raiva caminhou pelas ruas e entrou na antiga casa de Adam.
–
Você demorou a vir.
–
Alex não tenho tempo pra essas coisas. A propósito o lugar tá uma merda.
–
O que foi, Barbara vai vir pra cá agora.
–
Eles descobriram tudo. Clarice está descontrolada e não quer ouvir nada do que
eu tenho a dizer. John foi correr contar todas as coisas para Lucas. Enfim está
tudo perdido – o olhar de súplica do garoto aumentou – Por favor, me mostre, me
leve à ele você prometeu. Fiz tudo que você pediu. Traí minha própria irmã,
deitei outra vez com John e tudo foi por ele. Até mesmo meu tio eu enganei. –
Ele ajoelhou aos pés do garoto mais velho e suplicou – Me leve até o Adam, pelo
menos uma vez, uma única vez. Por favor.
–
Você fez essa merda toda, eu te disse o único modo de fazer Adam voltar é
trazendo todos os garotos aqui, vocês todos tem que estar em comunhão. Presos
entre si, e a chantagem da morte de Adam não é só inicio, virão mais coisas.
Ele me disse Pedro. Ele me disse que não voltaria até todos estarem ligados
novamente. Você precisa liga-los, você precisa trazer todos de volta e só assim
ele aparecerá.
–
Você precisa de quantos? Quantas pessoas têm de estar ligadas?
–
Todas, até mesmo o Bernardo, ele me conhece e sabe muito bem que nós não
terminamos tudo. Pedro nós dois sabemos que todas suas chances se esgotaram. A
única coisa a fazer agora é reunir todos. Pense em algo grande. Invente algo
que faça com que todos estejam aqui . Ligue-os novamente.
–
Por que tanto Adam ou você quer nos ver juntos, nós não nos gostamos e nossas
vidas estão apenas ligadas pelos nossos
próprios interesses. Nenhum de nós é realmente amigo um do outro. Ou seja eu
não tenho como chantageá-los. Até mesmo John conseguiu me enfrentar.
–
Arrume um jeito de trazê-los aqui amanhã e nós finalmente arranjaremos tudo.
–
Tudo bem.
–
Agora erga-se, cansei de ver você me pedindo coisas inúteis. Cansei da sua voz.
Aliás, suma daqui e só me volte amanha.
Pedro
cruzou a cidade e novamente estava no Café, dessa vez ele bebia, pensava em
qual motivo poderia juntar todos os garotos na casa de Adam. O jovem passou
horas e horas vagando em sua mente em meio às doses fortes de Whisky. Por fim
depois de muito pensar ele se lembrou de Talles.
–
Bom vamos ver se aquele merda serve para algo. – tirou o telefone do bolso e
discou o número. – Talles, onde você está?
–
Na casa da Alice.
–
Sai daí e vem pro Café, quero você aqui em menos de meia hora. Demore mais e
veremos o que sua namoradinha da periferia vai ficar.
–
Ok. Estou indo agora.
Pouco
tempo depois Talles adentrava o Café, ele olhou para os lados e avistou Pedro.
Era visível o descontrole de Pedro e isso realmente o preocupava já que até
agora tudo que ele havia feito era a base de chantagens. Desde a volta de Pedro
e Clarice a sua namorada havia sumido e semanas depois naquele mesmo Café Pedro
o disse que havia pego a garota e que ela estava bem desde que ele fizesse tudo
que Clarice e ele mandasse. Talles não teve outra opção a não ser concordar com
todas as coisas. O medo o fazia ver mais do que a razão. Ele não pensar o
quanto absurdo era sua namorada ser sequestrada a mando de um garoto de apenas
18 anos.
–
Vamos direto ao assunto. Amanha cedo, na sala de aula você vai chamar todos
para ir na casa de Adam. Isso mesmo e não faça essa cara de reprovação, se
realmente não acredita que estou com sua namorada veja isto. – Pedro mexeu no
celular e poucos instantes depois ele mostrava um vídeo em que a namorada
suburbana de Talles estava nua e em um quarto fechado.
–
Tudo bem, tudo bem – ele tentava manter a seriedade e frieza mais era
praticamente impossível. – e qual vai ser o motivo. Eles vão perguntar.
–
Diga que o Alex quer que todos compareçam a casa dele pois a mãe de Adam voltou
e que ela está com alguma doença. Diga que ela deseja ver todos os amigos de
Adam mesmo que por uma ultima vez. Ambos sabemos que não é tanta mentira mais
sei lá, diga algo e se todos eles não estiverem lá as nove da noite sua
namorada vai ser entregue em varias porçõezinhas.
–
Pedro você é louco, eu não ...
–
Anda, vai embora e faz o que eu mandei seu merda.
Era
madrugada quando Talles vagava pelas ruas, a decisão já tinha sido tomada e
realmente não teria outra opção a não ser fazer o que Pedro havia lhe dito.
Aquela madrugada era fria e todos os terrores o sondavam. Ele simplesmente
resolveu fazer tudo ali agora. Ligou para todos e aparentemente a maioria ainda
não tinha dormido o que era estranho. O telefone de Clarice não atendia e era
estranho, a garota sempre o atendia por mais banal que fosse a situação.
Ele
percorreu algumas ruas e lá adiante estava ela. Deitada e aparentemente fria.
Seu corpo parecia ter perdido todo calor. Ele a ergueu por entre os braços e a
chamou:
–
Clarice acorda. Clarice. Clarice.
–
Que foi. Me deixa.
–
O que aconteceu?
–Eu
o vi. Era ele. Talles fomos todos enganados e ... – a visão foi ficando turva e
simplesmente se desligou. A respiração ficou fraca e enfim desmaiou.