Com o meu corpo eletrico




                Com um salto alto e uma roupa no estilo anos trinta a garota desfila por entre as mesas do bar. Cantando baixinho algumas das musicas que ela mesma escreveu, servindo drinques e drinques para os beberrões da madrugada.
                Olhos cansados e sorriso sem graça, perdida em seus sonhos e com a esperança morta. Ainda era aquela garota do qual o pai podia se orgulhar, talvez lá dentro no fundo de si ela ainda seja a garotinha sorridente que corria no jardim de casa para os braços de seu pai.
                Lembranças vazias a consumia, infância, adolescência e seu único amor. Estas coisas a sondavam de forma árdua por mais que ela tentasse esquecer.  Seu corpo continuava se movendo e o seu sorriso amargo era exibido de forma automática.
                Com seus amigos do bar ela era conhecida como garota do corpo elétrico, sem vontade, sem vida. Ainda no inicio da madrugada ela subia ao palco, cantando grandes nomes do soul e blues, sendo a garota que um pouco lembrava as expectativas de seu pai.
                – Você será uma estrela, com tua voz doce e seu jeito meigo.
                Ela sempre lembrou de suas palavras, quando estava no palco por maiz que fosse cansativo ela cantava para o pai, por mais que fosse doloroso ela lembrava a imagem do pai. Mas sua mente pede, ela a incita cantar. Erguendo-se perante o palco e citando as grandes canções, cantando suavemente como uma diva. A morta diva, a garota do bar, a garota do corpo elétrico.
             “Elvis é o meu pai, Marilyn é a minha mãe,
Jesus é o meu melhor amigo.
Eu não preciso de ninguém, porque nós temos um ao outro,
Ou pelo menos eu fingir.

Descemos toda sexta à noite,
Dancin 'e grindin' ao luar.
Grande toda a oração, sentindo bem,
Ela reza o rosário para minha mente quebrada.

Refrão:
Eu canto o corpo elétrico
Eu canto o corpo elétrico, baby.
Eu canto o corpo elétrico
Cante o corpo elétrico
Canto o corpo elétrico.
Eu estou no fogo, baby, eu estou em chamas.”       Lana Del Rey – Body Eletric

Lindo lugar





                Já era tarde, a estrada estava vazia e o sol aquecia toda aquela pele branca. Com calça jeans e camiseta branca assim como James Dean ele percorria as estradas. E a cada quilometro seu peito se enchia de ar, liberdade. A vida havia sido tão dura, mas agora ele estava ali, de pé mesmo sem rumo havia um destino. Busca por si mesmo.
                Havia parado no posto de gasolina, o cheiro de lavanda consumia todo o local, típico do Arizona. Seus olhos puros percorreram o pequeno espaço entre o carro e local de abastecimento, um homem turvo, um tanto calvo havia o recepcionado. Com barbas longas e uma voz rouca:
                ­– Quanto quer senhor?
                – Pode encher o tanque. – Uma expressão de mistério e ao mesmo tempo alegria se fazia presente em seu rosto.
                – Viajem longa?
                – Talvez! Bom vou na lojinha ali qualquer coisa me chama, e encha de agua pra mim ­?
                – Sim senhor.
                Caminhou para dentro da loja, observou a garota no caixa e deduziu que podia ser a filha daquele senhor no posto. Andou por todo o espaço e pegou alguma barras de chocolate, cereais e uma cerveja.
                – Oi garota. Pode passar isto para mim?
                – Sim, o senhor é que manda.
                – Senhor? Não cheguei nem aos trinta. –  sorriu com tranquilidade, largando todas as outras preocupações.
                – A... Qual o seu nome. – a menina passava os alimentos um a um sem parar de olhar para o rapaz.
                – Jone, Joe, James, Dean. James Dean? Quem se importa ?
– Eu! Mas não tem problema, não vou me casar ou qualquer coisa assim. – ela sorriu e continuou. – Pra onde o Sem Nome vai?
                – Quem sabe a sua cama?
                – Acho que não, não sei o seu nome. Senhor  Sem Nome.
                – Meu nome não importa, meu dinheiro não importa, nem você. O que importa sou eu, a estrada essa cerveja e meu carro. – disse ele enquanto deixava o dinheiro e pegava a sacola e saia do local.
                Passou pelo senhor e deu-lhe o dinheiro, silenciosamente caminhou para o carro. Ligou o carro e ouviu a musica era inevitável dirigir e não dizer:
                It's a beautiful place if we make it

Seja livre: Liberte-se




                Era inicio de inverno, as coisas pareciam estar tranquilas. Folhas caiam das arvores e faziam um imenso tapete de folhagem pelas ruas. E nestas mesmas ruas as pessoas se movimentavam lentamente. O fim de ano se aproximava e o ar estava tão úmido, como nunca. Facilmente dava para se perceber a nostalgia dos momentos.
                Ele observava tudo, as pessoas, as folhas, os carros. Sempre teve o habito de encarar as coisas e os fatos, isto era algo que fazia desde sua infância. Observar e observar. Seu corpo delgado ainda estava inerte. Já estava  ali por mais de uma hora e o café em sua mão esquerda já esfriava. Mas não fazia mal, havia pouco do liquido e seu impulso por ver as coisas eram mais importantes que um misero café de uma cafeteria de esquina.
                Aos poucos as pessoas saíam do Café, algumas o encaravam outras apenas passavam apressadas como se estivessem com a vida por um fio. Com um toque em seus ombros ele voltou a razão e envergonhado virou a esquina dando passos firmes e outros leves. Era completamente imprevisível, não se podia arriscar dizer algo sobre sua personalidade até mesmo porque nunca ninguém o ousou fazer.
                Caminhou vagarosamente e após algumas ruas ele estava lá, pronto para encarar a realidade, sentir os fatos como realmente são. Abriu a porta e adentrou aos corredores da casa. O outro rapaz estava lá, com tatuagens espalhadas pela metade de seus braços e pescoço, vestindo apenas uma calça jeans.
                – Voltou tarde! Por onde esteve
                – Comprei um café e me perdi nos pensamentos.
                – Normal, fomos criados assim!
                – Pensou em minha proposta?
                – Sim, na verdade já está tudo pronto, eles não vão nos procurar por um bom tempo.
                – As malas estão no carro? – ele perguntou surpreso.
                – Sim ... mas antes de continuar preciso saber por que vamos fugir? Qual o verdadeiro sentido disso?
                – Estamos aqui desde sempre, observamos amigos, inimigos e todas as outras pessoas viver. E nós? Nós apenas vimos tudo, eles nunca nos permitiram viver.
                – Entendo, é estranho pois enquanto você diz essas coisas uma chama corre em minhas veias.
                – Sim, é a vontade de sair por esta porta, viver, amar, trabalhar e viajar por todo o mundo. Vamos? Vem, vamos viver!
                – Claro – seus olhos estavam completamente marejados e seu coração se enchia de uma esperança sutilmente diferente ­–  vamos viajar até aquelas pequenas cidades e trabalhar nos bares, sentir a adrenalina enfrentando nosso medos. Beber, amar, transar e casar. Ter filhos e nunca, nunca se arrepender das coisas.
                – Isso mesmo!
                – Mais e nossos pais , como ficam?
                – Eles tentaram, nos seguraram enquanto puderam e agora é a nossa vez de viver e sentir nossas vidas correrem por entre as veias. Vem, vamos?
                Eles caminharam lado a lado e quando deram por si a porta já havia sido fechada, estavam dentro do carro e na estrada, cantarolando alguns clássicos do rock e apenas vivendo.

Garota mulher ...


               

               Ela dança em meio a multidão, suando como se estivesse se entregando ao mundo. Com os olhos puros e os saltos pontiagudos ela se move na pista, não pensa nas coisas como acontecem, ela simplesmente dança sem medo. Tomando tequila atrás de tequila e rebolando seu quadril.
                Os garotos simplesmente são atraídos por sua linguagem corporal, eles olham, encaram e ficam loucos. Contam coisas quentes e sorrisos maliciosos, todos atrás de seu corpo. E ela sabe, ela vê como desperta a paixão nos homens, a paixão desenfreada do sexo e o amor por uma noite.
                Ela caminha pelas estradas, enxerga todas as coisas em raios de quilômetros, dança, dança e dança, acompanhada pelas sombras de seus antigos homens. “As coisas são assim, elas sempre foram assim”, ela insistia em pensar firmemente que era forte, e realmente era, andando por aí sozinha, ou até mesmo acompanhada por homens de uma única noite.
                Independente e feliz, dançarina e prostituta. Mulher da noite, dona da noite. Esta era ela enquanto todas outras ficavam em casa. A garota continuava a entender que não era uma mulher comum, ela era a segunda mulher ou a mulher por uma noite.

                Ela dançava pelos salões
                Desfilava pelos corredores
                Virava doses e doses de tequila
                Instigava os homens,
                Trazia todo o poder sexual consigo
                Era a mulher que queria ser
                Independente ao seu modo
                Acompanhada ou sozinha ao seu modo
                Mais no fim era mais uma mulher, perdida em seu caminho e carente dos sentimentos profundos.

Cruamente simples !

"Não há o que se espera, não há o que se pensar, simplesmente se é. O inegável e o cru amor."


                Seu corpo ergueu, envergou-se como um cisne. Ela estava presa em seu inverno. Presa cada vez mais em si mesma. Com os olhos marejados e a alma frágil tentou sorrir, lembrar a si mesma de que o pior já havia passado, mas convencer-se disto era pesado demais, forte demais. Era apenas uma garota que havia perdido seus sonhos em uma esquina qualquer.
                Caminhou até a porta do banheiro e outra vez tentou sorrir. Dessa vez ela se olhou no espelho, estava c completamente sonolenta e pouco a pouco ia se dando conta que vestia a camiseta dele. O cheiro único do garoto estava lá. Com um pouco de dificuldade pegou uma parte da camisa e sentiu-a por entre os dedos, puxou-a até seu nariz e enfim a sentiu, aquele cheiro engraçado, meio suou ou até mesmo fragrâncias baratas.
                A sonolência a deixou e um sorriso bobo agora se fazia em seu rosto. Estava na cozinha, tomava aquele mesmo iogurte de sempre, era uma verdadeira garota num corpo de mulher. Seus pensamentos estavam fixados nele, naquele poder sedutor, com um sorriso tão intimo e acolhedor.
                A porta havia sido aberta, enfim ele estava de volte e nesse momento todo o medo se foi, toda a fragilidade deu lugar ao sentimento sublime de proteção. Era amor, paixão, aquela paz que só ele podia trazer para dentro daquela casa, para dentro do coração daquela garotinha.
                – Bom dia amor! – ele disse enquanto tirava as compras da sacola.
                – Bom dia... – ela ainda estava envergonhada por ter pensado que ele não voltaria.
                – Aposto que pensou que eu não voltaria. Não é?
                – Claro com você tudo é imprevisível, totalmente inseguro – sua face apenas transmitia aquela vergonha boba e insegura.
                – Você sabe, não sou mais aquele garoto.
                – Sim, eu sei.
                – Então por que temer tudo?  – enquanto ele falava aos poucos já a abraçava, passava a mão pelos seus cabelos e continuava a fazê-la tremer.
                – Não sei com você me sinto frágil, vulnerável mais ao mesmo tempo sinto um amor infinito e uma grande entrega.
                – Falando assim você fica parecendo aquela nossa e professora.  – seu sorriso e olhar fez com que a garota simplesmente o abraçasse mais forte.  – Eu não vou sair daqui, não vou lhe deixar nem sumir. Eu sou seu e apenas isso ou tudo isso, o que você quiser.
                – Te amo!
                – Também te amo.
                Saíram de casa, andaram pelas ruas, abraçados e continuamente sorriam como se fosse aquela primeira vez, aquele primeiro momento em que se encontraram, amavam-se mais do que qualquer coisa.
                

Caminhar ... Correr... Morrer e Just Ride



                Ela ainda continua por aí, saltando de carro em caro e virando as pequenas esquinas da cidade. Completamente destruída e em busca de seu verão. Seu verões são simples, são aqueles antigos homens nos quais ela pode contar.
                Cantar blues já é uma realidade distante, enfrentar turnês já é algo que se passou em outra vida. E ela continua ali, mesmo fragil e incomum uma criança em corpo de mulher.

"Transitando de tempos em tempos e pretendendo se manter jovem: morrendo jovem" Ela continua a caminhar, não se perde em suas palavras nem em seus atos, cada dia é um novo dia onde as aves continuam a voar onde eu continuo a transitar, calmamente e perdidamente louca.

                 Com os medos e a busca de seu grande e precioso verão ela entra em colapso, perde todos os objetivos e continua a caminhar, perdeu-se e a unica coisa que se pode fazer é caminhar, caminhar.

 Continuar a dirigir pelo mundo como se tudo não passasse de um unico sonho de veraneio.... Just Ride.

Amor de michê

                   " Existem coisas que me fazem enlouquecer. A espera de um amor, deste mesmo amor proibido. "



                Deixo a porta aberta e você vem aos poucos, caminhando como se nada houvesse acontecido. As paredes sujas, com velhas marcas de pinturas e sangue. Seu andar vai me entorpecendo  o que me leva abrir os olhos, e lá está você encostado na porta e sorrindo, com o peito nu e descalço. Sua face é totalmente inebriante e teus olhos simplesmente me fazem sair da linha.
                Envergo meu corpo como um cisne, e lentamente caminho até você, seu olhos me seguem pouco a pouco e eu percebo que tudo o que quer é me ter. Um sorriso envergonhado surge em minha face, sabendo do quão capaz estou de fazer uma loucura. Seus braços me envolvem e o som simplesmente invade nossos ouvidos.  Blue Jeans, não era nada menos do que ela, a mesma musica que nos uniu agora nos mantinha juntos novamente.
                As investidas aos poucos ameaçam a minha inabalável força de vontade e eu cedo ao toque. Aquele toque singelo, aquela demonstração de segurança faz com que eu me entregue. E agora nossos corpos dançam por todo o quarto.
                Um, dois três ... Um, dois três era o que ele dizia,” não perca o compasso não se entregue totalmente e mantenha sempre a consciência”
                – Não era para isso acontecer dinovo – A vergonha simplesmente se enche de mim e dá lugar a perversão.
                –Não é uma questão de eu não poder te tocar, a questão é que eu vou sempre voltar sempre o terei em minhas mãos , o terei em mim.
                Rodopios lentos e beijos na nuca. Não precisávamos de muitas palavras para entender que estávamos novamente juntos nem mesmo aquelas palavras concretas com desculpas,  era esse o mínimo a ser feito depois de tanto tempo longe.
                Seus lábios circundam o meu rosto e começo a sentir sua respiração um tanto ofegante.
                – Por que foi embora? –  Era meu sentimento de perversão, o meu segundo eu ou talvez o verdadeiro eu se pronunciando.
                – Na verdade eu nunca saí de perto, essa é a nossa necessidade, é o nosso modo de manter as coisas. Durante um tempo nós nos afastamos depois voltamos a viver juntos é o nosso jogo.
                Sua mão vai até  meu rosto , seu outro braço desce aos poucos e me enlaça como um frágil bibêlo :
                – É como um bêbe que dá alguns passos e volta nos braços de sua mãe.
                – Não, eu não sou tão frágil assim, nunca fui.
                – Não estou dizendo isso sobre você e sim de mim.
                Seu corpo acolhe ao meu sobre a cama e nossas caricias avançam, como se o mundo estivesse por um fio, como se nós fossemos a salvação.
                – Estou sem palavras.
                – Por quê? Nada disso ao menos é real.
                E um tremor consome meu corpo, meus olhos abrem como se  estivessem acordando de um sonho, as paredes do quarto aos poucos param de rodar e eu vejo novamente aquelas marcas de tinta, de sangue e a porta fechada. Meu corpo se move involuntariamente e vai até a janela. A cidade continua a todo vapor, os carros se movem em constante rapidez, as pessoas preocupadas como se estivessem em uma constante prova de álgebra.  É nesse momento que me lembro, que recobro minha razão. Alguém bate na porta e em seguida uma voz ecoa para dentro do quarto.
                – Seu próximo cliente chegou. Quer que eu traga uma nova roupa de cama?   

Retorno

                              Por muito tempo estive longe, várias coisas aconteceram. Meu mundo simplesmente virou de cabeça para baixo. Existem coisas para serem contadas e outra para serem esquecidas. Sim, eu estou de volta. Pretendo tantas coisas, quero ser mais dinâmico e continuar na grande busca da verdade, continuar mostrando a vocês todas as coisas que muitos escondem. Tentar ser o mais transparente possível.
                    Eu voltei, sem medo e farei com que a nossa experiência seja intensamente boa e duradoura.
                    A partir de agora serei um tanto mais pessoal com os textos, fugirei as vezes da ótica primária dos meus textos, tentarei fazer resenhas, tentarei falar de minhas séries preferidas e também das minhas bandas.
                  Não prometo nada sinão continuar sendo eu mesmo;









Vida Urbana: Capítulo 8




                – Barbara?
                – Sim é ela, nós temos que sair daqui. – Lucas estava assustado, aquele beijo não parecia ser o primeiro daqueles dois.
                – Não, espere nós precisamos saber se eles se conhecem. – John segurou o braço de Lucas com força e os dois continuaram a espreitar.
                Aos poucos os dois observaram a forma como os dois conversavam, como eles realmente se conheciam. Na mente dos garotos a única coisa a se perguntar era o que realmente Barbara fazia no meio daquilo tudo. Ela era mais uma das garotas porém não andava tanto com Clarice e Alice como agora. Elas sempre foram apenas conhecidas e de um súbito final de semana se tornaram melhores amigas.
                John e Lucas se afastaram  e com um intervalo pequeno de tempo já estavam juntos aos outros. Eles não conversaram e não fizeram questão de observar o que viria após toda aquela encenação do memorial. O garoto menor se afastou um pouco e voltou sua atenção para Clarice. E lá estava ela se portando como uma garota normal, sorrindo, conversando. Nada de estranho estava acontecendo com ela, não parecia tramar nada, na verdade ela nunca demonstrou ser fria com John.
                Ele caminhou por entre as pessoas e com instantes já estava lá, ao lado de Clarice. Deu um forte abraço à garota e observou a conversa  por um curto período de tempo. A garota por um segundo o olhou e graciosamente pediu licença para poder conversar  com John. Eles caminharam pelo jardim, estavam pela primeira vez sozinhos naquela noite.
                As flores estavam desabrochando por todo lado e Clarice as observava. Seu olhar era fixo e a luz do luar iluminava todo o espaço acompanhado por uma brisa suave e fria.  John segurou a mão da garota e começou a dizer.
                – Quer dormir lá em casa hoje?
                – Estranho! Isso realmente não é o seu normal – ela sorriu – mais pode considerar seu pedido aceito.
                – É que ... nós precisamos de um tempo só nosso. – sua expressão se manteve a mesma mesmo que o garoto quisesse demonstrar tristeza – Nós nem conversamos sobre tudo isso. Simplesmente nós voltamos, nos beijamos e não conversamos, não nos olhamos nem sequer durante um minuto sem que nada extraordinário aconteça.
                – John essa é a nossa vida. Aceite como ela é, nós matamos alguém e agora as coisas voltaram a tona, as pessoas voltam a se perguntar sobre o que aconteceu na casa de praia, elas querem respostas e ambos sabemos que isso poderia fazer nós sete ...
                – Não, não isso não vai acontecer mais. Vamos precisamos de ter uma noite só  nossa.
                Eles caminharam e saíram tentando não fazer alvoroço. Lucas apenas acenou para os dois e os deixou ir. Aproveitando toda essa deixa ele se aproximou de Jéssica e fez todo o mesmo teatro  que John havia desempenhado. Toda aquela conversa de tempo a sós e noite romântica. Aos poucos eles deixaram o memorial e logo já estavam no quarto de Jéssica. Passaram a noite conversando sobre coisas fúteis, amorosas e com provas e encantamentos relacionados ao futuro.
                – Amor. Você gosta da Barbara?
                – Ela não me fez nada em momento algum. – hesitou por um instante – Mais a verdade é que ela se aproximou de nós a pouco tempo e tem uma intimidade com a Clarice realmente inacreditável.  – ela sorriu despreocupadamente – Não  sei o que ela anda fazendo mais tenho certeza que não é algo muito bom.
                – Entendo. Venha aqui, me abrace.
                Na casa de John as coisas tinham ficado um tanto complicadas, eles tomaram vinho conversaram se beijaram. O clima estava um tanto calmo até John pergunta-la sobre o fato do tio ter vindo a cidade. Ela ficou um tanto nervosa com aquela repentina pergunta.
                – Não te entendo. Queria ter um momento comigo mais fica fazendo merda. – tomou folego – O que você pretende?
                – É só que ele simplesmente aparece e pede pra que eu trabalhe para meu pai. Eu não quero fazer isso, não gosto dessa vida de aplicações e tudo.
                – Então por que você vai fazer? Eu sei que você está escondendo algo. Até agora não vi você brigar com meu irmão, pelo contrário eu observei vocês um tanto unidos.
                – Você realmente quer saber. – seu tom de voz havia se tornado mais forte e agora ele começava a gritar – O Pedro anda me obrigando a fazer sexo com ele. É isso. Eu também sei que você não gosta de mim e se por um acaso já gostou não gosta mais. Você quer só vingança e sabe que pelo fato de eu te amar eu sempre vou te aceitar. E tem mais, sabe seu tio, o seu famoso tio. Ele me pegou na cama com o Pedro e continuou com a “brincadeira”, ele me obrigou a fazer sexo outra vez e pior, tive de fazer sexo com dois homens.
                – Que merda é essa? – Clarice estava chocada, pelos seus olhos escorriam lagrimas. Pela primeira vez ela estava realmente vulnerável. – Por que você me contou isso? Eu não acredito em você. Simplesmente voltei à cidade pra ferrar com a vida de você. Isso mesmo, voltei pra infernizar todos vocês, vou acabar um por um e se eu não conseguir pode ter certeza que eu vou morrer tentando. – ela deu alguns passos pra traz e a única coisa que sentia era raiva.
                – Não sei  porque você está dizendo essas coisas. Você nunca me amou mesmo. É complicado olhar pra você e dizer isso tudo. Nós por mais que seja estranho tivemos uma história. As coisas realmente saíram do controle e no fim das contas tudo foi por você. Eu fiz isso a dois anos no inicio quando ninguém olhava pra mim eu me envolvi com o Pedro . Ele havia me prometido você á mim, ele disse que você seria minha se eu obedecesse, se fizesse tudo que ele pedisse. – ele soluçou e as lagrimas lhe corriam a face vagarosamente o que fazia parecer realmente mais doloroso – Agora com essa merda de vocês morarem aqui de volta ele simplesmente  me quer outra vez. Sabe eu não sei se eu gosto de tudo isso ou se odeio de toda minha alma. Mas o mais interessante nisso tudo é saber que você desconhece tudo, não sabia que seu tio comia seu irmão e ainda sim não sabia que seu irmão te manipulava. Sim ele te manipulou como se você fosse uma vadiazinha qualquer.
                – Eu não posso acreditar nisso tudo, você está mentindo, seu merda. Se você quer me chamar de vadia então escuta. Quando nós nos conhecemos eu transei com Adam, Lucas e até mesmo com o Talles e Alex. Você foi chifrado tantas vezes que eu perdi a dó por você.
                Ela saiu as pressas do quarto e caminhou pra fora da casa com a maior rapidez que pôde. John ainda estava no quarto, ele sentia dor, começou realmente a entender que ele não poderia deixar tudo assim, não podia deixar de se vingar e agora tudo que lhe passava a cabeça era qual a relação entre ela, Barbara e Alex.
                Pegou o telefone e caminhou para fora de casa. Agora a única coisa a fazer era ir conversar com Pedro. Demonstrá-lo a verdade sobre tudo, fazê-lo entender que não haveria sexo, chantagem ou dinheiro em suas mãos. As ruas foram ficando embaçadas, os olhos de John estavam lacrimejando e só uma coisa o movia era a raiva, ódio.
                Pedro estava no primeiro andar da empresa, e quando virou o ultimo corredor do andar deu de cara com John. Ele estava visivelmente fora de si. O escritório estava totalmente vazio e ele não sabia como mais John o achou, era algo raro ele ser procurado por alguém, ainda mais ele.
                – O que foi? Você está bem?
                – Não seu gay de merda – John estava gritando – Eu não quero saber  mais de você, da vadia da sua irmã. Se quiser publique, publica todos os nossos vídeos de sexo.  – o tom de ironia começou a lhe subir pelo corpo e alma – Eu te comia como se fosse uma mulherzinha, e sabe o que eu fazia quando gozava.  – uma gargalhada se propagou por toda sala, a raiva havia o consumido por completo – Eu pensava na tua irmã, no gosto dela.
                – Olha você não está no seu normal – o tom de Pedro era sério mais ele sabia muito bem que não aguentaria, ele entraria no jogo de John, fosse da forma como acontecesse. Agora os dois estariam no limite, deixariam apenas os instintos o guiarem. – Estou pouco me fudendo pra duto isso, agora você vai me dar teu dinheiro sabe por quê ? Porque se não fizer isso eu vou te matar.
                – Interessante como estamos todos assassinos hoje. Sua irmã disse o mesmo quando eu a contei que comi você e seu tio.
                – Seu merda você contou tudo? – Pedro caminhou com força para cima de John. – Não deveria ter feito isso, você estragou tudo. Ela vai perder o senso, ela vai acabar com tudo aquilo que criei. Idiota
                John sentiu um soco desferir em sua face, nesse momento ele conseguiu voltar ao normal. As coisas estavam ficando incontroláveis e agora ele estava enfrentando de uma vez por todas o seu medo.
                – Desculpa eu não sei porquê eu fiz isso – John abaixou a cabeça e começou a chorar – Mais a culpa é sua, você destruiu minha vida, corrompeu tudo que eu tinha de bom e agora eu estou aqui. Contei as coisas pra tua irmã e tudo mais.
                – Não adianta. Eu vou te matar – ele estava sorrindo – vou acabar com sua vida.
                - Antes me diz uma coisa. O que o Alex e a Barbara fazem juntos?
                – Você não sabe? No dia da morte de Adam os dois estavam juntos. Provavelmente dormiram juntos desde aquela época.
                – Tem alguma coisa errada, ninguém sabia dessa história. Ninguém sabia ao menos que Alex se importava com o irmão.
                – Seu idiota você acha que ele veio pra cá simplesmente realizar o memorial. – o garoto maior soltou uma gargalhada e cambaleou de um lado para o outro – Ele veio descobrir o que realmente aconteceu.
                – Eu ... – hesitou por um instante mas se fez firme e continuou – vou embora. Preciso ver Lucas e entender o que realmente vai acontecer.
                O descontrole de Pedro era visível, ele tinha mantido toda sua loucura durante muito tempo porém a verdade era que ele ainda continuava tendo pesadelos do dia da morte de Adam. John não ficou um minuto a mais na sala e Pedro nada fez para que o garoto continuasse ali, sua mente vaga e voltava para aquela noite. Ele via toda a turma feliz, as drogas e o whisky , tudo aquilo o fazia se perder. A sua mente vagava, as realidades se confundiam e em um segundo estava ali no escritório e no outro estava na casa de praia de Adam. As lembranças o perseguiam mas de um súbito chamado sua mente voltou novamente ao escritório.
                – Então é isso, você simplesmente me tratou como uma puta. – as lagrimas corriam por todo o rosto de Clarice, era visível o descontrole. – Você é o meu IRMÃO, a gente deveria se cuidar. Um proteger o outro.
                – Eu perdi o controle. – em meio a um soluço e uma primeira lagrima sua voz falhou, um suspiro subiu em meio à todo aquele desespero e ele continuou –  As coisas estavam dando certo, você se sentiu no controle mais na verdade sempre mandei em tudo.
                – Por que? Qual o motivo de me deixar assim, como se não fosse ninguém. Nós sofremos juntos, nós realmente vimos o que acontecer e agora  estava tudo dando certo, os casais formados, Alex de volta. Por que você foi estragar tudo?
                – Na verdade o plano sempre foi meu, eu dito as ordens aqui. Não vou negar que transei com John e até mesmo com o Bernardo, apenas usei as informações minhas em prol dos meus objetivos e você mais do que ninguém não tem nada haver com isso. Aliás você nunca realmente conheceu Adam, você não sabe nada sobre o que ele era capaz.
                – Então tudo se trata disso, da vida que você tinha? Nossos pais morreram e sabe-se lá o porquê. Eu não aguento mais, eu sinto dor aqui – ela apontou para o peito – eu quero morrer. Não tem outra opção, as coisas ultrapassaram o meu limite.
                Clarice não aguentou, não dominou sua própria fúria e simplesmente saiu correndo dali, era difícil sentir como se tivesse sido manipulada durante todo tempo. Pedro continuou ali no escritório por um tempo e depois usando todo ultimo sentimento de raiva caminhou pelas ruas e entrou na antiga casa de Adam.
                – Você demorou a vir.
                – Alex não tenho tempo pra essas coisas. A propósito o lugar tá uma merda.
                – O que foi, Barbara vai vir pra cá agora.
                – Eles descobriram tudo. Clarice está descontrolada e não quer ouvir nada do que eu tenho a dizer. John foi correr contar todas as coisas para Lucas. Enfim está tudo perdido – o olhar de súplica do garoto aumentou – Por favor, me mostre, me leve à ele você prometeu. Fiz tudo que você pediu. Traí minha própria irmã, deitei outra vez com John e tudo foi por ele. Até mesmo meu tio eu enganei. – Ele ajoelhou aos pés do garoto mais velho e suplicou – Me leve até o Adam, pelo menos uma vez, uma única vez. Por favor.
                – Você fez essa merda toda, eu te disse o único modo de fazer Adam voltar é trazendo todos os garotos aqui, vocês todos tem que estar em comunhão. Presos entre si, e a chantagem da morte de Adam não é só inicio, virão mais coisas. Ele me disse Pedro. Ele me disse que não voltaria até todos estarem ligados novamente. Você precisa liga-los, você precisa trazer todos de volta e só assim ele aparecerá.
                – Você precisa de quantos? Quantas pessoas têm de estar ligadas?
                – Todas, até mesmo o Bernardo, ele me conhece e sabe muito bem que nós não terminamos tudo. Pedro nós dois sabemos que todas suas chances se esgotaram. A única coisa a fazer agora é reunir todos. Pense em algo grande. Invente algo que faça com que todos estejam aqui . Ligue-os novamente.
                – Por que tanto Adam ou você quer nos ver juntos, nós não nos gostamos e nossas vidas estão apenas ligadas  pelos nossos próprios interesses. Nenhum de nós é realmente amigo um do outro. Ou seja eu não tenho como chantageá-los. Até mesmo John conseguiu me enfrentar.
                – Arrume um jeito de trazê-los aqui amanhã e nós finalmente arranjaremos tudo.
                – Tudo bem.
                – Agora erga-se, cansei de ver você me pedindo coisas inúteis. Cansei da sua voz. Aliás, suma daqui e só me volte amanha.
                Pedro cruzou a cidade e novamente estava no Café, dessa vez ele bebia, pensava em qual motivo poderia juntar todos os garotos na casa de Adam. O jovem passou horas e horas vagando em sua mente em meio às doses fortes de Whisky. Por fim depois de muito pensar ele se lembrou de Talles.
                – Bom vamos ver se aquele merda serve para algo. – tirou o telefone do bolso e discou o número. – Talles, onde você está?
                – Na casa da Alice.
                – Sai daí e vem pro Café, quero você aqui em menos de meia hora. Demore mais e veremos o que sua namoradinha da periferia vai ficar.
                – Ok. Estou indo agora.
                Pouco tempo depois Talles adentrava o Café, ele olhou para os lados e avistou Pedro. Era visível o descontrole de Pedro e isso realmente o preocupava já que até agora tudo que ele havia feito era a base de chantagens. Desde a volta de Pedro e Clarice a sua namorada havia sumido e semanas depois naquele mesmo Café Pedro o disse que havia pego a garota e que ela estava bem desde que ele fizesse tudo que Clarice e ele mandasse. Talles não teve outra opção a não ser concordar com todas as coisas. O medo o fazia ver mais do que a razão. Ele não pensar o quanto absurdo era sua namorada ser sequestrada a mando de um garoto de apenas 18 anos.
                – Vamos direto ao assunto. Amanha cedo, na sala de aula você vai chamar todos para ir na casa de Adam. Isso mesmo e não faça essa cara de reprovação, se realmente não acredita que estou com sua namorada veja isto. – Pedro mexeu no celular e poucos instantes depois ele mostrava um vídeo em que a namorada suburbana de Talles estava nua e em um quarto fechado.
                – Tudo bem, tudo bem – ele tentava manter a seriedade e frieza mais era praticamente impossível. – e qual vai ser o motivo. Eles vão perguntar.
                – Diga que o Alex quer que todos compareçam a casa dele pois a mãe de Adam voltou e que ela está com alguma doença. Diga que ela deseja ver todos os amigos de Adam mesmo que por uma ultima vez. Ambos sabemos que não é tanta mentira mais sei lá, diga algo e se todos eles não estiverem lá as nove da noite sua namorada vai ser entregue em varias porçõezinhas.
                – Pedro você é louco, eu não ...
                – Anda, vai embora e faz o que eu mandei seu merda.
                Era madrugada quando Talles vagava pelas ruas, a decisão já tinha sido tomada e realmente não teria outra opção a não ser fazer o que Pedro havia lhe dito. Aquela madrugada era fria e todos os terrores o sondavam. Ele simplesmente resolveu fazer tudo ali agora. Ligou para todos e aparentemente a maioria ainda não tinha dormido o que era estranho. O telefone de Clarice não atendia e era estranho, a garota sempre o atendia por mais banal que fosse a situação.
                Ele percorreu algumas ruas e lá adiante estava ela. Deitada e aparentemente fria. Seu corpo parecia ter perdido todo calor. Ele a ergueu por entre os braços e a chamou:
                – Clarice acorda. Clarice. Clarice.
                – Que foi. Me deixa.
                – O que aconteceu?
                –Eu o vi. Era ele. Talles fomos todos enganados e ... – a visão foi ficando turva e simplesmente se desligou. A respiração ficou fraca e enfim desmaiou.

Vida Urbana: Capítulo 7



                    – Bernardo? O que faz aqui?
                – Eu que te pergunto! O que você tá fazendo aqui no quarto com um homem na sua cama? – Bernardo estava literalmente alterado, ele sabia de tudo que vinha acontecendo mais não tinha autorizado fazer esse tipo de coisa em casa.
                – Ah! Tio vamos parando por aí – Pedro se levantou, estava nu olhou pra John e não recuou – Por que você não vem pra cama também tio? Você gosta mesmo do meu corpo.
                – John, não é? Conheço seus pais e acho melhor você se levantar agora.
                – Não precisa John, é tudo brincadeira do meu tio. – Pedro havia percebido que o tio não estava totalmente sério, na verdade ele estava com um sorriso sujo.
                – Ninguém vai perguntar o que eu acho disso tudo não?  – John continuava deitado,  estava nu e não queria que ninguém o visse naquele estado, era um choque ser pego na cama de alguém como Pedro.
                – John, eu estava apenas mostrando a vocês como é perigoso fazer esse tipo de coisa.  – Bernardo sorriu, sentia que tudo estava começando a ficar interessante – Pedro, esse tipo de coisa haha... a gente só faz com a porta fechada.
                Bernardo caminhou novamente até a porta e com um suave andar trancou a porta. Os olhos de John demonstravam medo e nada seria mais medonho que dormir com os dois, ele observou tudo acontecer, o tio de Pedro simplesmente tirou a roupa e entrou na cama junto com os garotos.
                A noite caiu e já era um novo dia, a tempestade parecia ter nunca existido e o sol invadia cada canto do quarto de Pedro. O garoto aos poucos abriu os olhos, procurou a realidade e sorriu, de um lado da cama estava John e do outro o tio do garoto. Foi um tanto estranho se arrumar como os outros dois ali, com pouco tempo eles já estavam na cozinha, John não disse nada, não contestou nem deu o ar da palavra durante todo o trajeto até a escola.
                No período de aula tudo ocorreu bem, John não comentou nada sobre Bernardo, Jéssica e Clarice não se falaram durante todas as aulas e enfim Alice estava realmente ficando sério com Talles. Era o inicio da noite e o Café as coisas estavam um tanto agitadas. Alice , Talles e Barbara estavam sentados na ultima mesa, num canto um tanto escuro. Eles conversavam sobre o que havia acontecido na casa de Jéssica e Talles adorava saber cada detalhe sórdido de como as garotas tinham tirado a roupa e dançado loucamente.
                Pedro, Lucas e John estavam sentados juntos, conversavam sobre a convenção de formatura que aconteceria no próximo dia. A pretensão da turma era viajar para França, todos ficariam na casa de Clarice que era essencialmente um lugar imenso. O tempo passava vagarosamente e a brisa fria da noite começava a aparecer. Jéssica aos poucos foi chegando e sentando entre os garotos, ela acenou para as duas outras garotas no fundo e não obteve uma resposta muito estranha, aos poucos seu corpo já se encontrava abraçado com Lucas e então parecia finalmente que todos estavam num momento tranquilo.
                – Acho que a gente pode fazer um tour pela Europa, se realmente vamos formar duvido que nossos pais vão nos negar algo deste tipo.
                – Concordo com você Lucas. Só precisamos nos organizar agora, eu vou ligar pra minha tia e pedir que ela deixe tudo em bom estado.
                Em meio toda aquela conversa o silencio se fez presente quando Clarice chegou , todos os garotos observaram a forma como ela desfilava pelo salão. Ela se sentou ao lado de John e lhe lançou um beijo, demorado e quente.
                – Perdi algo?
                – Vadias como você nunca perdem.
                – Acalme-se Jéssica. Não estou aqui pra brigar.
                – Veio fazer o que então?
                – Primeiro eu tenho um aviso para vocês três garotos. Meu tio quer vê-los imediatamente no escritório da empresa.
                – Como assim ele não disse nada irmã.
                – O que eu tenho haver com tudo isso? – Lucas estava literalmente curioso com o repentino convocado do tio de Pedro.
                – Não sei, na verdade não faço a mínima ideia. Sabe de algo John?
                – Não. – John beijou Clarice novamente e dessa vez não teve medo de tudo que Pedro poderia fazer, em seguida ele apenas se levantou e disse – Vamos lá conferir.
                – Esperem tenho mais uma coisa a dizer.
                – Anda, não vou fazer nosso tio esperar muito.
                – Vamos chamar os outros lá primeiro.
                – Alice, Barbara e Talles venham – Jéssica disse em um tom mais alto acenando para que viessem pra perto do outro grupo.
                – O que foi ? – Alice disse em tom irônico quando todos já estavam juntos.
                – Relaxa aí prima. Bom o irmão do Adam veio a cidade e pediu para que nos juntássemos a ele na semana que vem. Ele quer fazer meio que uma ultima reunião no colégio com toda a antiga turma do nosso Adam. Agora vocês três podem ir e bom eu ligo pra vocês com outras noticias.
                – Ual. Bom de qualquer forma amanhã agente conversa amor.
                Agora no Café o silencio se fez de maneira pesada, todos olhavam uns para os outros e os três garotos aproveitaram aquele momento e saíram pela porta. Pedro caminhou até o final da esquina e entrou no carro, em seguida os garotos estavam juntos outra vez. Já estavam na porta da empresa mais não conversavam e não pensavam em outra coisa a não ser a volta do irmão de Adam. Ele nunca havia aparecido e logo quando todos já estavam esquecendo tudo aquilo ele volta e traz todos aqueles sentimentos a tona.
                – Podem entrar.
                – Oi tio. Por que nos chamou aqui?
                – Bom sentem-se, só não vou lhes oferecer whisky pois sei que vocês são menores de idade – ele sorriu maliciosamente, como se estivesse preparando algo.
                – Tudo bem, pode ir direto ao assunto senhor – John estava fingindo muito bem, era claro ali que Lucas era o único que não sabia daquela ultima noite sórdida.
                – Não precisa de fingir nada aqui John. Suponho que apenas o Lucas não saiba de tudo que aconteceu ontem não é?
                – Senhor, não vamos comentar sobre isso, por favor? – John abaixou a cabeça, ele sabia que não poderia guardar aquele segredo pra sempre.
                – Bom, Lucas a história toda é a seguinte. Eu o meu sobrinho e John transamos na noite passada. – ele continuou a olhar para Lucas e não deu tempo para que o menor dissesse algo. – Mas o motivo é ainda mais interessante, você está aqui pois a partir de agora vai ser diretor de Marketing , não vou aceitar não até porque toda a sua família concorda, já sondei-os. A propósito eu te contei essa história toda do John pois sei que você não tem escapatória e tá no meio dessa confusão. Por isso não vai contar nada a ninguém.
                – Olha não vou te chamar de senhor. Quando você chegou a cidade eu achava que ia parar as coisas da cabeça de Pedro e ia dar algum juízo à esse merda, mais logo percebo que todo mundo aqui é mais dissimulado do que nunca – Lucas levantou e deu um tapa no rosto de Bernardo.
                – Tira essa mão imunda de mim, pensa que eu não sei sobre toda a confusão de dois anos atrás. Eu sei o motivo dos meus sobrinhos irem para França a dois anos atrás e sei que você tem sua parcela de culpa nisso aliás todos vocês são loucos. Eu também confesso não sou normal mais estou pouco me fudendo pra isso tudo. Você Lucas vai trabalhar pra mim porque eu sei de seus talentos você tem vários cursos de Designer e nunca deixou ninguém saber, sua família é desse ramo e já vi você no estagio da empresa do seu tio, a propósito te vi no verão passado em Roma.
                – E mais o que o senhor quer? Que eu chupe suas bolas.
                – Cale essa boca aí que eu sei muito bem sobre sua família sei do caso seu avô, sabemos que ele pode ser culpado naquele roubo a nossa empresa e agora você vai se calar pois o assunto acabou .
                – Bernardo por que você me chamou aqui então, só pra fazer teatrinho sujo. Olha pro Lucas, você mexeu com a família dele.
                – John meu querido e pequeno John. Você está aqui pois sua família tem que se interessar por essa empresa, quero 150 milhões dos seus pais aqui, nas minhas mãos e você será o meu caminho, eu sei o quanto o Ricardo preza seu conhecimento e sei muito bem que você participou em algumas negociações dele. Você vai fazer sua família investir e vai ser nosso contato, vai trabalhar pra mim e pegar dinheiro da tua família. Entende?
                – Tudo bem agora já tem tudo o que precisa podemos ir embora?  – John estava visivelmente triste, começou a chorar, lentamente.
                – Sim, apresentem-se aqui amanha as nove da noite. Sabemos que esse é o horário que vocês estão em casa.
                Os garotos saíram da empresa e já estavam agora sentados em frente a porta da casa de John. Conversaram um pouco e nesse momento nenhum dos garotos se culpavam, até Pedro sentia-se notavelmente passado para trás e tudo não havia sido avisado, ele realmente gostou daquela grande chantagem mais foi pego de surpresa e estava se sentindo traído.
                – Gente, vou a casa da Jéssica, quero dormir lá.
                – E os pais dela?
                – Não estão em casa mais, eles saíram pra aquela estreia de uma nova filial do primo do Talles.
                – Entendo. – Pedro continuou a dizer intrigado – Se não fossemos um pouco ricos isto tudo iria ficar bem, estamos nessa por dinheiro. Coisa um tanto suja não é John?
                – Sujo é você que fica pedindo pra eu te comer. Não te entendo, acho que você poderia me libertar disso.
                – Sério é isso mesmo Pedro, libere o Lucas. Estamos cansado dessa brincadeira.
                – Não mesmo e não pensem que eu não sei sobre o vídeo que você filmou sobre nós. Chantagem reversa é algo tão ignorante pra vocês. Eu esperava mais.
                Pedro caminhou lentamente até o carro e foi embora. Os dois continuaram ali, não conversaram tanto e pensaram no que fazer, ideias sobre passar por cima daquilo tudo, fingir que todas aquelas coisas não passavam de um sonho. Lucas começou a pensar no que fazer, começar a se vingar ele já estava farto de  se ver nas mãos alheias. Pedro o intimidava como nunca e até agora tudo havia acontecido pelo motivo inútil da sua amizade com John.
                – John eu não queria te dizer isso mais acho que a gente tem que agir. Tô cansado desse joguete. Eu sei muito bem que só estou com Jéssica pela vontade de Clarice e ainda sei que ela não o ama John. Você tem noção do que está acontecendo? Você está sendo manipulado por todas as partes.
                – Olha eu não queria dizer isso mais você transou com Clarice no primeiro dia que ela tinha chegado na cidade e eu a conheço a muito tempo, sei que ela faz isso por vontade de ver as pessoas como ela quer mais ainda sim ela nutre algo por mim. Nós não somos um casal ligados por amor é obvio mais há um laço, algo que não sei explicar e além do mais acho que agora chegou a hora de usá-la como bem quero.
                – Quem diria que você faria alguma coisa  tão drástica assim. Mais esse ainda é um dos nossos problemas. O Alex tá na cidade. Não entendo o que ele veio fazer aqui, nunca tinha gostado do irmão e preferiu servir no exercito.
                – De qualquer forma vamos fingir estar tudo bem. É hora de você também tirar informações de Jéssica. Quero saber o que ela sabe sobre esse namoro recente entre Talles e Alice. Até porque sabemos que Alice te ama assim como amava o Adam.
                – Ok.
                Na outra noite os garotos haviam se encontrado novamente no  Café, estavam todos vestidos como se fossem à algum casamento, mais na verdade esperavam pelo Alex. Todos conversavam ali como nada tivesse acontecendo. Até Barbara estava lá, todos estavam prontos para ver o que havia acontecido com o tão inflamável Alex estava.
                – Boa noite crianças.
                – Alex quanto tempo – Alice disse enquanto afastava-se da ultima mesa.
                – Hey, vocês estão todos... crescidos.
                – Não venha com essa de que estamos crescidos, você só é 3 anos mais velho que nós e entrou no exercito a pouco tempo que eu bem saiba – Pedro sorria enquanto já  cumprimentava.
                – Então por que você não avisou que viria? Nós poderíamos ter organizado uma festa de recepção ou algo do tipo – Jéssica não havia saído do lugar, permanecia de mãos dadas à Lucas.
                – Não queria incomodar e para esclarecer eu vim aqui pois estou querendo morar na cidade, vou trazer minhas coisas e como larguei o exercito vou tocar as ações de meu pai.
                – Então vai morar aqui, de volta ao Porto como diria nossos avôs  – Talles fazia a questão de demonstra o quanto odiava aquela cidadezinha, Porto era uma piada interna da qual todos somente os que estavam ali se recordavam.
                – Sim Talles. Pretendo trazer uma ou duas pessoas pra cá mais ainda não decidi quando. Clarice vejo que você realmente trouxe a todos. A e eu assinei um contrato com a empresa da sua família, o Bernardo e eu somos velhos amigos.
                – Interessante como todos nós temos uma relação fraternal. – Barbara comentou ao cumprimentar Alex.
                – Pois bem eu preparei um memorial para o Adam e espero que todos gostem, vamos todos neste momento para o jardim.
                Eles se movimentaram e com pouco tempo os carros já chegavam ao jardim central da cidade. Aquele dia era um marco pois todos os pais haviam cedido seus motoristas e o carro para o que lhe fossem conveniente ao pequeno grupo. A celebração havia sido um tanto bonita e todos se cumprimentavam agora dizendo coisas nostálgicas sobre o tempo no qual  Adam estava vivo.
                – Ele era um cara tão cheio  de si, tão vivo não é?
                – Lucas tenho que te contar uma coisa.
                – Espera então. Nós precisamos nos afastar de todos.
                – Ok, vem cá então.
                – Pronto acho que aqui já está tudo bem. Bom eu conversei com Clarice hoje e ela ficou surpresa em saber que eu vou começar a trabalhar. Na verdade ela ficou com uma curiosidade imensa em querer saber qual era o motivo da maioria de nós estar agora trabalhando. Parece que ela não sabe nada.
                – Claro mais mesmo assim ela está por trás de alguma coisa, Jéssica me disse que na noite em que Talles e Alice ficaram pela primeira vez foi lá na casa de Clarice. Parece que ela está querendo prender todos em algum tipo de afeição. Estive pensando, ela quer manter o grupo unido por algum motivo.
                – Também conversei com Talles, na verdade eu o ameacei com algumas coisas do passado e descobri que... você estava certo ela realmente não me ama. Talles sabia de tudo, sabia que os dois voltariam pra cidade pois ele estava na França e havia ficado com Clarice durante todo esse tempo. Acalme-se pois parece que Barbara estava junto. Lucas eles sabiam de tudo. Acho que agora vamos apostar no que Bernardo vai fazer e vamos prender Pedro. Vamos trazer ele pro nosso lado, não sei ao certo como mais nós vamos fazer isso.
                – Ok mais eu ando curioso até por que –Lucas se calou, nesse momento ele pediu silencio a John. Parecia que haviam pessoas ali perto onde estavam.
                – É o Alex e ela, o que ela faz ali?

                

Vida Urbana: Capítulo 6


                O dia estava estranhamente nublado, o clima parecia ter multado muito rápido desde dois dias atrás. As arvores dançavam com suas folhas planando de um lado para o outro e o cheiro de umidade se espalhava por toda cidade. Bernardo já estava saindo quando Pedro e Clarice o interceptaram.
                – Tio leva a gente pra escola hoje? Pode ser?
                – Ok, só não se acostumem com isso sempre.
                Em poucos instantes  todos estavam dentro do carro e toda a viajem parecia ser tranquila, os irmãos nada disseram sobre a festa para o tio e o mesmo nem se preocupou em saber no que as duas crianças andaram fazendo na festa do tal garoto Talles.
                A escola se aproximava ainda mais e com um cumprimento conservador os dois saíram do carro. O céu mais do que nunca estava marcando chuva, parecia que realmente viria uma tempestade por aí. Pedro caminhou ao lado de Clarice todo o tempo, cruzaram uma, duas, três vezes os corredores e enfim chegaram à sala de aula.
                Todos os alunos já estavam sentados, era estranho ver todos ali calados, mais era quase natural em um dia de chuva estarem todos tristes. Pedro sem nenhum pudor se aproximou de John e o cumprimentou, todos os observaram, então o único grunhido que o maior fez foi dizer:
                – Precisamos conversar hoje lá em casa.
                – Tudo bem! Mais me desculpe antes de tudo, pela festa.
                – Tudo bem – Pedro abriu um sorriso um tanto forçado e continuou – Houve alguma tarefa?
                – Não, mais temos trabalho a fazer e é pra semana que vem.
                A conversa se prolongou, sem ter realmente um objetivo definido, já do outro lado da sala Lucas observava Jéssica. Estava pensando no que realmente fazer, ela já tinha mostrado interesse nele desde o primeiro segundo que se conheceram então realmente haveria em toda aquela confusão um sentindo interessante para  o garoto.
                – Jéssica, como você está?
                – Senti sua falta. Por que não me ligou?
                Jéssica não o deixou responder, tinha faltado os dois últimos dias desde a festa. Ela havia ficado com tanta vergonha que não conseguia se explicar por ter roubado o garoto de Clarice. Contudo ela já entendia que tudo já estava acontecendo e por mais que quisesse não poderia voltar atrás. Antes que Lucas pudesse responder a pergunta feita pela garota, a mesma o beijou. Curvou o corpo e empurrou a mesa e continuou a beijá-lo, e por uma surpresa enorme nesse mesmo momento Clarice estava conversando com John e para não se sentir humilhada não houve outra saída a beijar John ali mesmo, sem nenhum pudor a garota o puxou para seu encontro.
                O professor porém, interrompeu toda a cena e acabou com aquele joguete perverso. As aulas durante toda a manha ocorreram tranquilamente. Já era hora do almoço, todos estavam dispostos no refeitório e lá fora uma tempestade começava a se formar. Sabiam que provavelmente seriam dispensados após o almoço, certamente a escola não gostaria de se responsabilizar por danos aos garotos já que as instalações eram um tanto antigas.
                Pedro estava sentado em uma mesa e aos poucos todos os outros foram se sentando ao seu lado. Era estranho mais mesmo com aquela situação todos ficavam juntos, o vinculo estava formado e agora nem mesmo o antigo Adam podia mudar se estivesse ali.
                – Gente ! Vamos embora, acho melhor nós sairmos agora, antes que comece a ficar tudo louco por aqui.
                – Realmente. Bom alguém quer ir lá em casa? – Jéssica havia deixado a primeira abertura em evidencia.
                – Claro, vamos Alice – Clarice fez uma expressão de contentamento, certamente tudo não passava de armação mais a garota já havia traçado uma meta.
                – Eu não posso.
                – Garota eu não te perguntei, eu afirmei que você vai comigo – Clarice sorriu – Nós temos que ir, é uma oportunidade ótima para assistirmos a Filha do Mal.
                – Ah! Tudo bem.
                – E você John quer ir lá em casa hoje?
                – Lucas não vai dar cara, agora vou ter que ir na casa do Pedro fazer um trabalho de química.
                – Entendo.
                Todos já se despediam e em pouco tempo Pedro e John já haviam entrado em casa, caía uma chuva forte e os dois garotos estavam literalmente molhados. O garoto maior sorria, era bom se sentir assim e ele gostava da ideia de ter uma tarde inteira com o menor, sem que ninguém o interrompesse.
                John tirou a camisa e pediu uma toalha ao dono da casa. Os dois caminharam e aos poucos já estavam no segundo andar. O banheiro era grande então os dois entraram juntos sem nenhuma preocupação. John passou a toalha pelo corpo e aos poucos foi tirando a roupa. Pedro não soube o que dizer, não reparou em nada simplesmente botou pra fora o que tinha pra dizer:
                – Que cena é aquela que vocês fizeram na festa?
                – Foi sem querer, eu estava ajudando Clarice e do nada nos beijamos.
                – Você deve ter adorado, mais escuta bem o que vou te dizer. – O rosto de Pedro estava vibrando de raiva e a única coisa que se conseguia ver, era sua expressão de seriedade. – Você a partir de agora só fica com quem EU QUERO. Entendeu?
                – Entendi sim, mas o que vai fazer se eu não o obedecer?
                – Coisas como isso.
                Nesse momento Pedro alavancou com toda força seu corpo pra cima do menor, John estava sem ação e por isso o maior lhe feriu com inúmeros socos e pontapés. Pedro depois de se aliviar não teve outra opção a se ver no que se tornou. Repugnou a si mesmo por ter feito aquilo e então ajoelhou, John estava deitado, curvado sobre os próprios joelhos, o maior se aproximou e o abraçou, Pedro chorava descontroladamente e pedia desculpas. Realmente as coisas tinham passado do limite mais os dois tinham o elo, não se moveram, não disseram mais nada. Continuaram  abraçados em meio a dor, raiva e talvez uma paixão obsessiva.
                Na casa de Jéssica as coisas estavam mais tranquilas, as meninas vestiam aqueles moletons de inverno e pareciam querer dormir, o tédio já estava deixando Clarice impaciente, havia várias coisas das quais ela poderia fazer, pensou em chamar o  garoto da pizzaria só pra brincar com joguinhos de sedução, mais essa ideia logo se dissipou. Ela notou os olhos de Jéssica, a garota parecia estar com medo de alguma confusão e a cima de tudo ela não tinha lançado nenhum olhar para Clarice.
                – Gente. Não quero mais assistir esse filme, todo mundo sabe que a mocinha sempre morre.
                – Então vamos fazer o que Jéssica? – Alice perguntou sem pretensão alguma.
                – Bom, vamos comer e decidir isso, a torta de frango já deve ter ficado pronta.
                – Jéss eu tenho uma ótima ideia. Por que a gente não brinca de EU NUNCA.
                – Tu... Tudo bem – Jéssica estava gaguejando e um súbito medo havia percorrido seu corpo.
                – Então vamos, vamos beber de tarde, é bom que com essa tempestade nos mantemos quentes.
                – Nossa essa foi péssima prima – Clarice estava rindo, tanto pela piadinha enfadonha quanto pela situação que já estava por vir.
                – Cerveja ou Vodca galera?
                – As duas Jéss, começamos com Vodca e terminamos na cerveja.
                – Ual. Vamos ter que comer antes. Vamos.
                As meninas já estavam comendo e subitamente outra ideia veio à cabeça de Clarice.
                – Vamos chamar mais algumas meninas pra vir aqui?
                – Tudo bem mais não pode ser qualquer uma não, até porque sabemos que essa brincadeira sempre termina com todo mundo caindo morto.
                – Vou ligar pra Barbara , Lara e Carol.
                – Ok.
                – Clarice diga a elas pra trazerem roupas pra dormir, já vi que ficaremos aqui à tarde e a noite toda.
                Em meia hora todas as garotas estavam ali, cervejas por todo lado e som alto. As garotas estavam dançando, algumas se tocavam, fingindo serem homens e mulheres, era tudo uma brincadeira. Barbara dançava como um stripper e Clarice ria piamente pelo ar de  profissional dela. As duas se conheciam já de um verão em  Lisboa, eram amigas desde a infância mais se afastaram desde os boatos sobre Clarice ter roubado o ex-namorado de Lara. Era interessante bom ver que as “novas garotas” se davam bem e encaixavam no grupo perfeitamente.
                – B tira a roupa aí?
                –  Eu, por quê?
                –  Tu tá com cara daquelas putas dos bares de beira estrada do Texas.
                – Haha... vocês são todas vadias.
                – Ah! Eu vou te ajudar então – Clarice se levantou e tirou a blusa.
                – Vamos garotas, todas venham.
                Em instantes todas as garotas estavam girando suas blusas, dançavam desciam até o chão, sensualizavam umas para as outras e gritavam jogando seus cabelos de um lado para o outro. Dançaram, dançaram e dançaram até se cansar. Já estavam todas esparramadas pelo chão do quarto quando Clarice disse.
                – Acho que já tá na hora da gente brincar. – ela olhava maliciosamente para Alice.
                – Tá, então gente vamos, EU NUNCA.
                Todas as garotas se dispuseram a brincar e em pouco tempo já estavam sentadas em forma de um circulo. Clarice botou a garrafa de Vodca no centro do circulo e os copos estavam todos cheios já. As meninas começaram a rir e esperaram ansiosamente, pro começo.
                – Quem começa? – Alice perguntou.
                – Vai lá Jéss. Tu é a dona da casa .
                – Ok. Eu nunca ...transei com o Talles.
                O momento foi engraçado as garotas começaram a sorrir e em pouco tempo todas as garotas se olhavam e a única a beber foi Alice. Ela bebeu um copo duplo e retrucou logo em seguida:
                – Nunca roubei o namorado da minha amiga.
                Clarice gostou daquele momento impulsivo, mais ao mesmo tempo foi ruim porque as únicas a não beber foram a própria Alice e a Lara. Clarice não deixou que o momento passasse despercebido e voluntariamente provocou Jéssica dizendo algumas coisas nada convencionais:
                – Tá aí vadia. Tu roubou o meu Lucas.  
                – A vai a merda primeiro tu tá na minha casa e segundo foi ao mesmo tempo que você agarrou o John, se estivéssemos juntas naquele momento e Pedro não interrompesse eu não duvidava que você quisesse fazer sexo com os dois ao mesmo tempo.
                Clarice não respondeu, apenas puxou o cabelo da garota e começou a estapear tudo o que via pela frente, as duas garotas começaram a brigar feio e nenhuma das outras ousou interferir por um tempo, rostos arranhados roxões pelo corpo e boca sangrando foi o que resultou a briga.
                – Alice e Barba, vamos embora AGORA.
                As garotas se caminharam para a casa de Alice e lá resolveram apenas assistir tv e conversar. Na casa de Pedro os dois agora estavam na cama, um acariciava o outro e nesse momento John não repugnava nem sentia ódio de Pedro apenas um sentimento o invadia, pena.
                – Você não tá com raiva de mim não? – Pedro se sentia realmente vulnerável, passou  a mão direita pelo peito de John e aos poucos foi tocando os ferimentos causados por ele.
                – Não, você sempre foi assim e a culpa não é só sua. –sentindo o toque em um de seus machucados John resmungou e prosseguiu – Você tem que aprender a se controlar assim como me ensinou tantas vezes, lembra da nossa infância?
                – Sim lembro mais não gosto de voltar a esse tempo. Por que está sendo gentil comigo? Dando carinho? Você nunca gostou do que acontece com nós, você sempre me achou um doente, e sabe o que eu sou, porque você está fingindo gostar de mim agora? Logo depois de ter lhe feito isso – a mão de Pedro passou por outro ferimento e nesse momento John interrompeu e o menor a segurou.
                – Por que apesar de tudo você sempre me ajudou, com os motivos errados e modos nada normais. Se você insiste nessa chantagem eu não vou mais ficar nervoso ou com raiva, vou simplesmente deixar ver até onde você vai. Ambos sabemos que você é doente.
                – Não sou DOENTE, isso é apenas vingança. A culpa não era só minha e de minha irmã John, todos contribuíram, todos mataram Adam e todos tem que pagar, sofrer como nós sofremos. – Pedro pareceu recobrar a consciência e aquele momento de vulnerabilidade se dissipou. – Agora se cale e vamos continuar aqui, deitados um ao lado do outro.
                – Tudo bem – a raiva se fez novamente no coração de John e ele disse – Vai então me chupa ou sei lá faz aquilo que você gosta de fazer, me usa pro seu prazer  – As mãos de John foram até a cabeça do maior e pressionou com força a cabeça pelo seu peito.
                – Se você pediu. – a face de John ficou triste e o medo se apoderou novamente, repugnou o que havia por vir e enfim se calou.
                Pedro se movia enquanto acariciava o corpo de John e quando menos esperava a porta se abriu.
                – Que merda é essa?