Amor


Ela estava deitada na cama, já devia estar deitada ali há umas duas horas. Olhava para a janela e o que via era sempre a mesma imagem. O bom e velho nada que a natureza representava. Ela percebia que quando ficava daquela forma, o mundo parava, tudo parava.

Namorava um garoto da faculdade mais logo se cansou. Nunca se resolvia, nunca sabia o que falar pra quem falar e como falar. Ela apenas reclamava da vida. Ela não sentia desejo por ninguém, e era estranho, pois ela era a garota problema do colégio. Sempre foi assim ela chegava, balançava o cabelo castanho, olhava com aquela expressão melancólica e num piscar de olhos conseguia o que queria. Mas ela se cansava. Cansava de brincar com aqueles garotos vazios, que forçavam fazer graça demonstrando os músculos como animais. Ela queria mais.

Ergueu o corpo aos poucos abriu a janela e continuou a olhar para fora. Dia de chuva, não eram dos melhores dias de sua vida, mas certamente dava para arrastar-se para um próximo. Aos poucos foi percebendo o balançar das folhas nas arvores, as casas que continuavam imóveis e o garoto, o garoto que nunca havia conquistado. O garoto que arrancava olhares das garotas como se fosse um ladrão de almas, o garoto que com o olhar fez com que ela se apaixonasse perdidamente.

Ela sorriu sem saber o que fazer. O garoto na janela da casa do vizinho da frente, ele era o vizinho da frente, ela sabia que ele era como ela, misterioso, engraçado às vezes até sem noção foi o que ela sempre pensou, foi o que ela sempre quis. Poder estar vulnerável mesmo que isto custe o seu coração, o seu frágil coração.

Ele olhou, encarou-a de longe e acenou. Ela não fez nada apenas sorriu, havia falado umas duas ou três vezes com o garoto, mas já havia percebido algo a mais, algo que não estava presente em todos os garotos dos quais ela saia. Caminhou lentamente de volta à cama e deitou. Cinco minutos depois o seu celular toca, certamente ficou sem saber o que fazer quando viu aquele nome no letreiro da chamada. Joe.

_ Alô!

_ Oi garota da janela, sou eu o seu vizinho da frente, e simplesmente soltou uns risos desengonçados.

_ Por que me ligou, disse ela vagarosamente quase gaguejando.

_ Quer sair comigo, um jantar?

Não precisou perguntar duas vezes, ela apenas se arriscou. Já no restaurante ele perguntou sem mais nem menos no meio de um assunto relacionado a musica.

_ Por que nunca quis sair comigo?

_ Você nunca perguntou, riu um pouco e em seguida começou a repará-lo mais.

Ele estava vestindo uma blusa branca, com uma espécie de jaqueta preta por cima, calça jeans e um tênis preto. Seu cabelo estava meio bagunçado mais dava certo charme no garoto.

_ Eu te amo, nem sei o porquê mais sempre que te olho tenho vontade de estar abraçado com você, fazer você rir, te beijar, abraçar, estar com você.

_ Nossa assim você me deixa sem graça. Eu nunca quis me entregar a alguém mais você me deixa vulnerável, como ninguém consegue deixar.

Em seguida saíram dali. Foram até um lugar que era desconhecido pela maioria das pessoas, ele disse:

_ Te amo minha senhorita vulnerável.

Nunca esteve tão feliz, agora a garota sabia que seria apenas ela e ele, pelo tempo que durar.