Ela
corria, sem medo de ver onde tudo aquilo ia dar. Corria daquela forma meiga e
inocente e nunca parecia se cansar. A estrada estava deserta, o dia mais
ensolarado não tão quente, um bom dia para passear.
Estava
sozinha, presa naqueles antigos medos, naqueles antigos pensamentos sobre ele,
o garoto que roubou a sua pobre alma.
– Corre, Corra
antes que você morra.
A garota
estava apavorada não conseguia dizer mais o que era verdadeiro e o que era
irreal. Não depois de ter sofrido tanto, não depois de ter perdido toda sua inocência
pra alguém que não fazia o mínimo de questão sobre ela.
Seu rosto já
mostrava uma tristeza inabalável, ela olhava para trás e não via ninguém, para
frente e não via ninguém. Então do que corria, ela era a garotinha perfeita,
estudava e tinha até uma boa vida social.
Num momento
atordoado ela para, a corrida cessa sem
que ela mesma se dê conta do que está acontecendo. Aquela fisgada então a
possuiu correu por todo o corpo como um choque, o mais profundo choque que já
tivera tomado.
Então se
encostou à árvore que estava quase à beira da estrada. Percebeu o quão inútil seria
correr, fugir de seus sentimentos não era o correto, Mas como faria?Como iria
sobreviver daquela forma. Maltratada? Julgada por não ser igual?
Ela não
poderia ter resposta alguma ali, teria que enfrentar todo aquele mundo
novamente, teria que correr, mas correr em direção oposta. De volta a cidade, começar
a caminhar pelas ruas sem sentir medo, deveria enfrentar tudo e todos e fazer
daquele inferno seu mais lindo sonho.
A pobre garota
teria que buscar sua alma de volta, em algum momento a tinha perdido com alguém,
ele o garoto que a conquistou desde o primeiro olhar. Seria difícil ver tudo
aquilo acontecer novamente, a saída seria não se arrepender, buscar sua alma frágil
nas mãos dele.
E só assim ela
poderia sorrir mais uma vez, cantar mais uma vez, viver outra vez. Então voltou
a correr, correu o mais rápido que pôde e sentiu uma outra fisgada, uma fisgada
diferente da primeira. Uma energia sutil, a esquecida coragem teria voltado e
dessa vez a garota não à deixaria escapar tão rápido.
Simplesmente
disse a si mesma:
– Desta vez
mato, corro, acabo com toda vida que tentar me entorpecer, que me mostrar uma
ilusão, não vou fugir pelo contrário vou enfrentar o que vier.
E foi correndo
de volta a sua cidade sorrindo, era engraçado já não era tão frágil, tão
vulnerável todos veriam uma mudança
estranha nela. A garotinha que tornou-se uma mulher perigosa.