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As construções iam se solidificando em meio a chuva. A cidade era cinzenta e as coisas não andavam como deviam há um bom tempo. Pessoas caminhavam desesperadamente por todas as praças, viravam esquinas como se o amanhã não importasse e como se as coisas se delimitassem a poucas ações, como se olhos de um estranho que nos encontro em meio as avenidas pudesse nos matar.
Já não existia verde por onde o jovem caminhava, o silencio das pessoas dava lugar ao estrondoso movimento e balançar do vento. As placas de sinalização reluziam um brilho poeirento enquanto o vento balançava forte mente as estruturas. Eles não se moviam como antes, as pessoas, não se importavam em se esbarrar e aquela formidável palavra há muito perdera seu significado.
- Perdão. - o rapaz disse enquanto segurava o celular, mandava mais uma daquelas malditas mensagens instantâneas. Grupos e mais grupos se formavam naquele aparelho e mesmo assim ele se sentia só.
- Ok - seguiu o senhor sem olhar nos olhos do menor.
O jovem percorria a cidade em busca de fazer seus sonhos acontecerem e se sentia especial. O sadismo da palavra especial se fazia valer a todas as pessoas que ali passavam. Todos os pais daquela nova geração fizeram questão em ensinar que eles podiam e seriam pessoas especiais. Até mesmo este garoto lembrara, natais, pascoas, aniversários todos com os mesmos dizeres. “Você é especial Pedro!”. Mas lá estava ele, perdido, entre o celular e as ruas que se passavam.
O tempo parecia galopar em direção a cidade, o trânsito se intensificava e o garoto por habito andava mais rápido. No final da avenida encontraria os amigos e encontraria sua pequena felicidade. E assim ia, o fim da avenida se deu e lá estava ele junto com os garotos.
- Olá !
- Hey Pedro e aí deu tudo certo?
- Claro, minha mãe em casa está feliz e meu pai como sempre não fez questão. - ele dizia enquanto largava a mochila no porta-malas do carro.
- E não tem nenhuma outra mala?
- E sua irmã deixaria ter espaço no carro pra mim?! - seu sorriso se fazia no rosto.
- Verdade… tem sete anos e já se vê uma diva consumista.
O carro se trancou e o portão velho de ferro se abrira. O mais que o depressa eles entraram, Bruno já sabia o quanto era complicado para que Pedro se soltasse então não lhe tocou como sempre fizera. Eles caminharam em direção a casa e logo lá estavam. As paredes eram nuas e os móveis eram pequenos, as crianças faziam bagunça demais para se ter uma casa cheia de tranqueira.
Assim que Pedro entrara a menininha se fez presente, quase como uma invocação ela trazia consigo um estojo de maquiagens.Coitado mal o vira e já estava com brincadeiras.
- Tiooooo.
- Oi meu bebê. Pronta pra viajar comigo e com seu irmão?
- Claro, ele disse que eu poderia te maquiar pra poder viajar. Ele disse que assim você fica mais bonito.
- Bruno ela tem 9 anos, tu vai arruinar sua irmã.
Ele olhara pra trás e sorriu, não respondeu nem fez questão alguma em trabalhar alguma coisa. Pedro observara bem aquilo e era uma imagem que o remetia a família. Bruno estava sem camisa e pegava algumas coisas pelo quarto da pequena enquanto a segurava a menina nos braços.
- Tioo para.
- O quê?
- Mamãe disse que quando o senhor olha pro B.U.B.U assim é porque tá indessende.
Os dois cairam na risada e logo Pedro continuava.
- É indecente Ana, INDECENTE e sua mãe tava brincando quando ver ela você fala que eu sou um anjo.
- Tá, você fala pra sua mãe que eu sou um anjinho e que amo ela.
- Tá.
Ela desceu e sumiu pela cozinha. Pela primeira vez eles se encontraram e o que fizeram foi o mínimo. Um abraço longo e apertado. Não se viam há tanto tempo que pareciam nunca ter se abraçado. O peito nu do rapaz havia arrepiado e o beijo leve se fez.Tudo parecia ganhar cor e cheiro, estavam outra vez juntos.
Tudo estava pronto, desceram fecharam a casa e Ana sentava no banco de trás.
- B.U.B.U coloca aqueles moços.
- Amor a minha irmã tá virando uma incentivadora de Drags, quer te maquear te montar e ouvir Kazaky. - ele ria - Tu tá morto.
- Eu não mas se DONA Márcia vier falar algo falo que a culpa é sua, mal ela sabe o filho que tem.
- Bom, vamos parar aqui.
Lá foram, era mais uma lojinha de conveniência:
- Viaaaaados, Bichas saiam daqui.
- Tio quem é viado?
- Não sei…
A menina saiu correndo em direção aos outros meninos-moços que nada de bom tinham em mãos.
- Sai pirralha!
- Por que tão gritando viado moço? Só tem gente aqui! - ela deu de ombros esperou.
Os rapazes skatistas se calaram, os dois jovens já haviam chegado.
- Vem Ana, vamos embora.
- Isso vão suas bichas.
- Moço, minha mãe disse que quem grita com o outro é recalcado.

Os rapazes se calaram, o medo se fez mas Ana caminhou e foi para o carro. Os meninos se beijaram e a música foi a altura.

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