Vida Urbana: Capítulo 7



                    – Bernardo? O que faz aqui?
                – Eu que te pergunto! O que você tá fazendo aqui no quarto com um homem na sua cama? – Bernardo estava literalmente alterado, ele sabia de tudo que vinha acontecendo mais não tinha autorizado fazer esse tipo de coisa em casa.
                – Ah! Tio vamos parando por aí – Pedro se levantou, estava nu olhou pra John e não recuou – Por que você não vem pra cama também tio? Você gosta mesmo do meu corpo.
                – John, não é? Conheço seus pais e acho melhor você se levantar agora.
                – Não precisa John, é tudo brincadeira do meu tio. – Pedro havia percebido que o tio não estava totalmente sério, na verdade ele estava com um sorriso sujo.
                – Ninguém vai perguntar o que eu acho disso tudo não?  – John continuava deitado,  estava nu e não queria que ninguém o visse naquele estado, era um choque ser pego na cama de alguém como Pedro.
                – John, eu estava apenas mostrando a vocês como é perigoso fazer esse tipo de coisa.  – Bernardo sorriu, sentia que tudo estava começando a ficar interessante – Pedro, esse tipo de coisa haha... a gente só faz com a porta fechada.
                Bernardo caminhou novamente até a porta e com um suave andar trancou a porta. Os olhos de John demonstravam medo e nada seria mais medonho que dormir com os dois, ele observou tudo acontecer, o tio de Pedro simplesmente tirou a roupa e entrou na cama junto com os garotos.
                A noite caiu e já era um novo dia, a tempestade parecia ter nunca existido e o sol invadia cada canto do quarto de Pedro. O garoto aos poucos abriu os olhos, procurou a realidade e sorriu, de um lado da cama estava John e do outro o tio do garoto. Foi um tanto estranho se arrumar como os outros dois ali, com pouco tempo eles já estavam na cozinha, John não disse nada, não contestou nem deu o ar da palavra durante todo o trajeto até a escola.
                No período de aula tudo ocorreu bem, John não comentou nada sobre Bernardo, Jéssica e Clarice não se falaram durante todas as aulas e enfim Alice estava realmente ficando sério com Talles. Era o inicio da noite e o Café as coisas estavam um tanto agitadas. Alice , Talles e Barbara estavam sentados na ultima mesa, num canto um tanto escuro. Eles conversavam sobre o que havia acontecido na casa de Jéssica e Talles adorava saber cada detalhe sórdido de como as garotas tinham tirado a roupa e dançado loucamente.
                Pedro, Lucas e John estavam sentados juntos, conversavam sobre a convenção de formatura que aconteceria no próximo dia. A pretensão da turma era viajar para França, todos ficariam na casa de Clarice que era essencialmente um lugar imenso. O tempo passava vagarosamente e a brisa fria da noite começava a aparecer. Jéssica aos poucos foi chegando e sentando entre os garotos, ela acenou para as duas outras garotas no fundo e não obteve uma resposta muito estranha, aos poucos seu corpo já se encontrava abraçado com Lucas e então parecia finalmente que todos estavam num momento tranquilo.
                – Acho que a gente pode fazer um tour pela Europa, se realmente vamos formar duvido que nossos pais vão nos negar algo deste tipo.
                – Concordo com você Lucas. Só precisamos nos organizar agora, eu vou ligar pra minha tia e pedir que ela deixe tudo em bom estado.
                Em meio toda aquela conversa o silencio se fez presente quando Clarice chegou , todos os garotos observaram a forma como ela desfilava pelo salão. Ela se sentou ao lado de John e lhe lançou um beijo, demorado e quente.
                – Perdi algo?
                – Vadias como você nunca perdem.
                – Acalme-se Jéssica. Não estou aqui pra brigar.
                – Veio fazer o que então?
                – Primeiro eu tenho um aviso para vocês três garotos. Meu tio quer vê-los imediatamente no escritório da empresa.
                – Como assim ele não disse nada irmã.
                – O que eu tenho haver com tudo isso? – Lucas estava literalmente curioso com o repentino convocado do tio de Pedro.
                – Não sei, na verdade não faço a mínima ideia. Sabe de algo John?
                – Não. – John beijou Clarice novamente e dessa vez não teve medo de tudo que Pedro poderia fazer, em seguida ele apenas se levantou e disse – Vamos lá conferir.
                – Esperem tenho mais uma coisa a dizer.
                – Anda, não vou fazer nosso tio esperar muito.
                – Vamos chamar os outros lá primeiro.
                – Alice, Barbara e Talles venham – Jéssica disse em um tom mais alto acenando para que viessem pra perto do outro grupo.
                – O que foi ? – Alice disse em tom irônico quando todos já estavam juntos.
                – Relaxa aí prima. Bom o irmão do Adam veio a cidade e pediu para que nos juntássemos a ele na semana que vem. Ele quer fazer meio que uma ultima reunião no colégio com toda a antiga turma do nosso Adam. Agora vocês três podem ir e bom eu ligo pra vocês com outras noticias.
                – Ual. Bom de qualquer forma amanhã agente conversa amor.
                Agora no Café o silencio se fez de maneira pesada, todos olhavam uns para os outros e os três garotos aproveitaram aquele momento e saíram pela porta. Pedro caminhou até o final da esquina e entrou no carro, em seguida os garotos estavam juntos outra vez. Já estavam na porta da empresa mais não conversavam e não pensavam em outra coisa a não ser a volta do irmão de Adam. Ele nunca havia aparecido e logo quando todos já estavam esquecendo tudo aquilo ele volta e traz todos aqueles sentimentos a tona.
                – Podem entrar.
                – Oi tio. Por que nos chamou aqui?
                – Bom sentem-se, só não vou lhes oferecer whisky pois sei que vocês são menores de idade – ele sorriu maliciosamente, como se estivesse preparando algo.
                – Tudo bem, pode ir direto ao assunto senhor – John estava fingindo muito bem, era claro ali que Lucas era o único que não sabia daquela ultima noite sórdida.
                – Não precisa de fingir nada aqui John. Suponho que apenas o Lucas não saiba de tudo que aconteceu ontem não é?
                – Senhor, não vamos comentar sobre isso, por favor? – John abaixou a cabeça, ele sabia que não poderia guardar aquele segredo pra sempre.
                – Bom, Lucas a história toda é a seguinte. Eu o meu sobrinho e John transamos na noite passada. – ele continuou a olhar para Lucas e não deu tempo para que o menor dissesse algo. – Mas o motivo é ainda mais interessante, você está aqui pois a partir de agora vai ser diretor de Marketing , não vou aceitar não até porque toda a sua família concorda, já sondei-os. A propósito eu te contei essa história toda do John pois sei que você não tem escapatória e tá no meio dessa confusão. Por isso não vai contar nada a ninguém.
                – Olha não vou te chamar de senhor. Quando você chegou a cidade eu achava que ia parar as coisas da cabeça de Pedro e ia dar algum juízo à esse merda, mais logo percebo que todo mundo aqui é mais dissimulado do que nunca – Lucas levantou e deu um tapa no rosto de Bernardo.
                – Tira essa mão imunda de mim, pensa que eu não sei sobre toda a confusão de dois anos atrás. Eu sei o motivo dos meus sobrinhos irem para França a dois anos atrás e sei que você tem sua parcela de culpa nisso aliás todos vocês são loucos. Eu também confesso não sou normal mais estou pouco me fudendo pra isso tudo. Você Lucas vai trabalhar pra mim porque eu sei de seus talentos você tem vários cursos de Designer e nunca deixou ninguém saber, sua família é desse ramo e já vi você no estagio da empresa do seu tio, a propósito te vi no verão passado em Roma.
                – E mais o que o senhor quer? Que eu chupe suas bolas.
                – Cale essa boca aí que eu sei muito bem sobre sua família sei do caso seu avô, sabemos que ele pode ser culpado naquele roubo a nossa empresa e agora você vai se calar pois o assunto acabou .
                – Bernardo por que você me chamou aqui então, só pra fazer teatrinho sujo. Olha pro Lucas, você mexeu com a família dele.
                – John meu querido e pequeno John. Você está aqui pois sua família tem que se interessar por essa empresa, quero 150 milhões dos seus pais aqui, nas minhas mãos e você será o meu caminho, eu sei o quanto o Ricardo preza seu conhecimento e sei muito bem que você participou em algumas negociações dele. Você vai fazer sua família investir e vai ser nosso contato, vai trabalhar pra mim e pegar dinheiro da tua família. Entende?
                – Tudo bem agora já tem tudo o que precisa podemos ir embora?  – John estava visivelmente triste, começou a chorar, lentamente.
                – Sim, apresentem-se aqui amanha as nove da noite. Sabemos que esse é o horário que vocês estão em casa.
                Os garotos saíram da empresa e já estavam agora sentados em frente a porta da casa de John. Conversaram um pouco e nesse momento nenhum dos garotos se culpavam, até Pedro sentia-se notavelmente passado para trás e tudo não havia sido avisado, ele realmente gostou daquela grande chantagem mais foi pego de surpresa e estava se sentindo traído.
                – Gente, vou a casa da Jéssica, quero dormir lá.
                – E os pais dela?
                – Não estão em casa mais, eles saíram pra aquela estreia de uma nova filial do primo do Talles.
                – Entendo. – Pedro continuou a dizer intrigado – Se não fossemos um pouco ricos isto tudo iria ficar bem, estamos nessa por dinheiro. Coisa um tanto suja não é John?
                – Sujo é você que fica pedindo pra eu te comer. Não te entendo, acho que você poderia me libertar disso.
                – Sério é isso mesmo Pedro, libere o Lucas. Estamos cansado dessa brincadeira.
                – Não mesmo e não pensem que eu não sei sobre o vídeo que você filmou sobre nós. Chantagem reversa é algo tão ignorante pra vocês. Eu esperava mais.
                Pedro caminhou lentamente até o carro e foi embora. Os dois continuaram ali, não conversaram tanto e pensaram no que fazer, ideias sobre passar por cima daquilo tudo, fingir que todas aquelas coisas não passavam de um sonho. Lucas começou a pensar no que fazer, começar a se vingar ele já estava farto de  se ver nas mãos alheias. Pedro o intimidava como nunca e até agora tudo havia acontecido pelo motivo inútil da sua amizade com John.
                – John eu não queria te dizer isso mais acho que a gente tem que agir. Tô cansado desse joguete. Eu sei muito bem que só estou com Jéssica pela vontade de Clarice e ainda sei que ela não o ama John. Você tem noção do que está acontecendo? Você está sendo manipulado por todas as partes.
                – Olha eu não queria dizer isso mais você transou com Clarice no primeiro dia que ela tinha chegado na cidade e eu a conheço a muito tempo, sei que ela faz isso por vontade de ver as pessoas como ela quer mais ainda sim ela nutre algo por mim. Nós não somos um casal ligados por amor é obvio mais há um laço, algo que não sei explicar e além do mais acho que agora chegou a hora de usá-la como bem quero.
                – Quem diria que você faria alguma coisa  tão drástica assim. Mais esse ainda é um dos nossos problemas. O Alex tá na cidade. Não entendo o que ele veio fazer aqui, nunca tinha gostado do irmão e preferiu servir no exercito.
                – De qualquer forma vamos fingir estar tudo bem. É hora de você também tirar informações de Jéssica. Quero saber o que ela sabe sobre esse namoro recente entre Talles e Alice. Até porque sabemos que Alice te ama assim como amava o Adam.
                – Ok.
                Na outra noite os garotos haviam se encontrado novamente no  Café, estavam todos vestidos como se fossem à algum casamento, mais na verdade esperavam pelo Alex. Todos conversavam ali como nada tivesse acontecendo. Até Barbara estava lá, todos estavam prontos para ver o que havia acontecido com o tão inflamável Alex estava.
                – Boa noite crianças.
                – Alex quanto tempo – Alice disse enquanto afastava-se da ultima mesa.
                – Hey, vocês estão todos... crescidos.
                – Não venha com essa de que estamos crescidos, você só é 3 anos mais velho que nós e entrou no exercito a pouco tempo que eu bem saiba – Pedro sorria enquanto já  cumprimentava.
                – Então por que você não avisou que viria? Nós poderíamos ter organizado uma festa de recepção ou algo do tipo – Jéssica não havia saído do lugar, permanecia de mãos dadas à Lucas.
                – Não queria incomodar e para esclarecer eu vim aqui pois estou querendo morar na cidade, vou trazer minhas coisas e como larguei o exercito vou tocar as ações de meu pai.
                – Então vai morar aqui, de volta ao Porto como diria nossos avôs  – Talles fazia a questão de demonstra o quanto odiava aquela cidadezinha, Porto era uma piada interna da qual todos somente os que estavam ali se recordavam.
                – Sim Talles. Pretendo trazer uma ou duas pessoas pra cá mais ainda não decidi quando. Clarice vejo que você realmente trouxe a todos. A e eu assinei um contrato com a empresa da sua família, o Bernardo e eu somos velhos amigos.
                – Interessante como todos nós temos uma relação fraternal. – Barbara comentou ao cumprimentar Alex.
                – Pois bem eu preparei um memorial para o Adam e espero que todos gostem, vamos todos neste momento para o jardim.
                Eles se movimentaram e com pouco tempo os carros já chegavam ao jardim central da cidade. Aquele dia era um marco pois todos os pais haviam cedido seus motoristas e o carro para o que lhe fossem conveniente ao pequeno grupo. A celebração havia sido um tanto bonita e todos se cumprimentavam agora dizendo coisas nostálgicas sobre o tempo no qual  Adam estava vivo.
                – Ele era um cara tão cheio  de si, tão vivo não é?
                – Lucas tenho que te contar uma coisa.
                – Espera então. Nós precisamos nos afastar de todos.
                – Ok, vem cá então.
                – Pronto acho que aqui já está tudo bem. Bom eu conversei com Clarice hoje e ela ficou surpresa em saber que eu vou começar a trabalhar. Na verdade ela ficou com uma curiosidade imensa em querer saber qual era o motivo da maioria de nós estar agora trabalhando. Parece que ela não sabe nada.
                – Claro mais mesmo assim ela está por trás de alguma coisa, Jéssica me disse que na noite em que Talles e Alice ficaram pela primeira vez foi lá na casa de Clarice. Parece que ela está querendo prender todos em algum tipo de afeição. Estive pensando, ela quer manter o grupo unido por algum motivo.
                – Também conversei com Talles, na verdade eu o ameacei com algumas coisas do passado e descobri que... você estava certo ela realmente não me ama. Talles sabia de tudo, sabia que os dois voltariam pra cidade pois ele estava na França e havia ficado com Clarice durante todo esse tempo. Acalme-se pois parece que Barbara estava junto. Lucas eles sabiam de tudo. Acho que agora vamos apostar no que Bernardo vai fazer e vamos prender Pedro. Vamos trazer ele pro nosso lado, não sei ao certo como mais nós vamos fazer isso.
                – Ok mais eu ando curioso até por que –Lucas se calou, nesse momento ele pediu silencio a John. Parecia que haviam pessoas ali perto onde estavam.
                – É o Alex e ela, o que ela faz ali?

                

Vida Urbana: Capítulo 6


                O dia estava estranhamente nublado, o clima parecia ter multado muito rápido desde dois dias atrás. As arvores dançavam com suas folhas planando de um lado para o outro e o cheiro de umidade se espalhava por toda cidade. Bernardo já estava saindo quando Pedro e Clarice o interceptaram.
                – Tio leva a gente pra escola hoje? Pode ser?
                – Ok, só não se acostumem com isso sempre.
                Em poucos instantes  todos estavam dentro do carro e toda a viajem parecia ser tranquila, os irmãos nada disseram sobre a festa para o tio e o mesmo nem se preocupou em saber no que as duas crianças andaram fazendo na festa do tal garoto Talles.
                A escola se aproximava ainda mais e com um cumprimento conservador os dois saíram do carro. O céu mais do que nunca estava marcando chuva, parecia que realmente viria uma tempestade por aí. Pedro caminhou ao lado de Clarice todo o tempo, cruzaram uma, duas, três vezes os corredores e enfim chegaram à sala de aula.
                Todos os alunos já estavam sentados, era estranho ver todos ali calados, mais era quase natural em um dia de chuva estarem todos tristes. Pedro sem nenhum pudor se aproximou de John e o cumprimentou, todos os observaram, então o único grunhido que o maior fez foi dizer:
                – Precisamos conversar hoje lá em casa.
                – Tudo bem! Mais me desculpe antes de tudo, pela festa.
                – Tudo bem – Pedro abriu um sorriso um tanto forçado e continuou – Houve alguma tarefa?
                – Não, mais temos trabalho a fazer e é pra semana que vem.
                A conversa se prolongou, sem ter realmente um objetivo definido, já do outro lado da sala Lucas observava Jéssica. Estava pensando no que realmente fazer, ela já tinha mostrado interesse nele desde o primeiro segundo que se conheceram então realmente haveria em toda aquela confusão um sentindo interessante para  o garoto.
                – Jéssica, como você está?
                – Senti sua falta. Por que não me ligou?
                Jéssica não o deixou responder, tinha faltado os dois últimos dias desde a festa. Ela havia ficado com tanta vergonha que não conseguia se explicar por ter roubado o garoto de Clarice. Contudo ela já entendia que tudo já estava acontecendo e por mais que quisesse não poderia voltar atrás. Antes que Lucas pudesse responder a pergunta feita pela garota, a mesma o beijou. Curvou o corpo e empurrou a mesa e continuou a beijá-lo, e por uma surpresa enorme nesse mesmo momento Clarice estava conversando com John e para não se sentir humilhada não houve outra saída a beijar John ali mesmo, sem nenhum pudor a garota o puxou para seu encontro.
                O professor porém, interrompeu toda a cena e acabou com aquele joguete perverso. As aulas durante toda a manha ocorreram tranquilamente. Já era hora do almoço, todos estavam dispostos no refeitório e lá fora uma tempestade começava a se formar. Sabiam que provavelmente seriam dispensados após o almoço, certamente a escola não gostaria de se responsabilizar por danos aos garotos já que as instalações eram um tanto antigas.
                Pedro estava sentado em uma mesa e aos poucos todos os outros foram se sentando ao seu lado. Era estranho mais mesmo com aquela situação todos ficavam juntos, o vinculo estava formado e agora nem mesmo o antigo Adam podia mudar se estivesse ali.
                – Gente ! Vamos embora, acho melhor nós sairmos agora, antes que comece a ficar tudo louco por aqui.
                – Realmente. Bom alguém quer ir lá em casa? – Jéssica havia deixado a primeira abertura em evidencia.
                – Claro, vamos Alice – Clarice fez uma expressão de contentamento, certamente tudo não passava de armação mais a garota já havia traçado uma meta.
                – Eu não posso.
                – Garota eu não te perguntei, eu afirmei que você vai comigo – Clarice sorriu – Nós temos que ir, é uma oportunidade ótima para assistirmos a Filha do Mal.
                – Ah! Tudo bem.
                – E você John quer ir lá em casa hoje?
                – Lucas não vai dar cara, agora vou ter que ir na casa do Pedro fazer um trabalho de química.
                – Entendo.
                Todos já se despediam e em pouco tempo Pedro e John já haviam entrado em casa, caía uma chuva forte e os dois garotos estavam literalmente molhados. O garoto maior sorria, era bom se sentir assim e ele gostava da ideia de ter uma tarde inteira com o menor, sem que ninguém o interrompesse.
                John tirou a camisa e pediu uma toalha ao dono da casa. Os dois caminharam e aos poucos já estavam no segundo andar. O banheiro era grande então os dois entraram juntos sem nenhuma preocupação. John passou a toalha pelo corpo e aos poucos foi tirando a roupa. Pedro não soube o que dizer, não reparou em nada simplesmente botou pra fora o que tinha pra dizer:
                – Que cena é aquela que vocês fizeram na festa?
                – Foi sem querer, eu estava ajudando Clarice e do nada nos beijamos.
                – Você deve ter adorado, mais escuta bem o que vou te dizer. – O rosto de Pedro estava vibrando de raiva e a única coisa que se conseguia ver, era sua expressão de seriedade. – Você a partir de agora só fica com quem EU QUERO. Entendeu?
                – Entendi sim, mas o que vai fazer se eu não o obedecer?
                – Coisas como isso.
                Nesse momento Pedro alavancou com toda força seu corpo pra cima do menor, John estava sem ação e por isso o maior lhe feriu com inúmeros socos e pontapés. Pedro depois de se aliviar não teve outra opção a se ver no que se tornou. Repugnou a si mesmo por ter feito aquilo e então ajoelhou, John estava deitado, curvado sobre os próprios joelhos, o maior se aproximou e o abraçou, Pedro chorava descontroladamente e pedia desculpas. Realmente as coisas tinham passado do limite mais os dois tinham o elo, não se moveram, não disseram mais nada. Continuaram  abraçados em meio a dor, raiva e talvez uma paixão obsessiva.
                Na casa de Jéssica as coisas estavam mais tranquilas, as meninas vestiam aqueles moletons de inverno e pareciam querer dormir, o tédio já estava deixando Clarice impaciente, havia várias coisas das quais ela poderia fazer, pensou em chamar o  garoto da pizzaria só pra brincar com joguinhos de sedução, mais essa ideia logo se dissipou. Ela notou os olhos de Jéssica, a garota parecia estar com medo de alguma confusão e a cima de tudo ela não tinha lançado nenhum olhar para Clarice.
                – Gente. Não quero mais assistir esse filme, todo mundo sabe que a mocinha sempre morre.
                – Então vamos fazer o que Jéssica? – Alice perguntou sem pretensão alguma.
                – Bom, vamos comer e decidir isso, a torta de frango já deve ter ficado pronta.
                – Jéss eu tenho uma ótima ideia. Por que a gente não brinca de EU NUNCA.
                – Tu... Tudo bem – Jéssica estava gaguejando e um súbito medo havia percorrido seu corpo.
                – Então vamos, vamos beber de tarde, é bom que com essa tempestade nos mantemos quentes.
                – Nossa essa foi péssima prima – Clarice estava rindo, tanto pela piadinha enfadonha quanto pela situação que já estava por vir.
                – Cerveja ou Vodca galera?
                – As duas Jéss, começamos com Vodca e terminamos na cerveja.
                – Ual. Vamos ter que comer antes. Vamos.
                As meninas já estavam comendo e subitamente outra ideia veio à cabeça de Clarice.
                – Vamos chamar mais algumas meninas pra vir aqui?
                – Tudo bem mais não pode ser qualquer uma não, até porque sabemos que essa brincadeira sempre termina com todo mundo caindo morto.
                – Vou ligar pra Barbara , Lara e Carol.
                – Ok.
                – Clarice diga a elas pra trazerem roupas pra dormir, já vi que ficaremos aqui à tarde e a noite toda.
                Em meia hora todas as garotas estavam ali, cervejas por todo lado e som alto. As garotas estavam dançando, algumas se tocavam, fingindo serem homens e mulheres, era tudo uma brincadeira. Barbara dançava como um stripper e Clarice ria piamente pelo ar de  profissional dela. As duas se conheciam já de um verão em  Lisboa, eram amigas desde a infância mais se afastaram desde os boatos sobre Clarice ter roubado o ex-namorado de Lara. Era interessante bom ver que as “novas garotas” se davam bem e encaixavam no grupo perfeitamente.
                – B tira a roupa aí?
                –  Eu, por quê?
                –  Tu tá com cara daquelas putas dos bares de beira estrada do Texas.
                – Haha... vocês são todas vadias.
                – Ah! Eu vou te ajudar então – Clarice se levantou e tirou a blusa.
                – Vamos garotas, todas venham.
                Em instantes todas as garotas estavam girando suas blusas, dançavam desciam até o chão, sensualizavam umas para as outras e gritavam jogando seus cabelos de um lado para o outro. Dançaram, dançaram e dançaram até se cansar. Já estavam todas esparramadas pelo chão do quarto quando Clarice disse.
                – Acho que já tá na hora da gente brincar. – ela olhava maliciosamente para Alice.
                – Tá, então gente vamos, EU NUNCA.
                Todas as garotas se dispuseram a brincar e em pouco tempo já estavam sentadas em forma de um circulo. Clarice botou a garrafa de Vodca no centro do circulo e os copos estavam todos cheios já. As meninas começaram a rir e esperaram ansiosamente, pro começo.
                – Quem começa? – Alice perguntou.
                – Vai lá Jéss. Tu é a dona da casa .
                – Ok. Eu nunca ...transei com o Talles.
                O momento foi engraçado as garotas começaram a sorrir e em pouco tempo todas as garotas se olhavam e a única a beber foi Alice. Ela bebeu um copo duplo e retrucou logo em seguida:
                – Nunca roubei o namorado da minha amiga.
                Clarice gostou daquele momento impulsivo, mais ao mesmo tempo foi ruim porque as únicas a não beber foram a própria Alice e a Lara. Clarice não deixou que o momento passasse despercebido e voluntariamente provocou Jéssica dizendo algumas coisas nada convencionais:
                – Tá aí vadia. Tu roubou o meu Lucas.  
                – A vai a merda primeiro tu tá na minha casa e segundo foi ao mesmo tempo que você agarrou o John, se estivéssemos juntas naquele momento e Pedro não interrompesse eu não duvidava que você quisesse fazer sexo com os dois ao mesmo tempo.
                Clarice não respondeu, apenas puxou o cabelo da garota e começou a estapear tudo o que via pela frente, as duas garotas começaram a brigar feio e nenhuma das outras ousou interferir por um tempo, rostos arranhados roxões pelo corpo e boca sangrando foi o que resultou a briga.
                – Alice e Barba, vamos embora AGORA.
                As garotas se caminharam para a casa de Alice e lá resolveram apenas assistir tv e conversar. Na casa de Pedro os dois agora estavam na cama, um acariciava o outro e nesse momento John não repugnava nem sentia ódio de Pedro apenas um sentimento o invadia, pena.
                – Você não tá com raiva de mim não? – Pedro se sentia realmente vulnerável, passou  a mão direita pelo peito de John e aos poucos foi tocando os ferimentos causados por ele.
                – Não, você sempre foi assim e a culpa não é só sua. –sentindo o toque em um de seus machucados John resmungou e prosseguiu – Você tem que aprender a se controlar assim como me ensinou tantas vezes, lembra da nossa infância?
                – Sim lembro mais não gosto de voltar a esse tempo. Por que está sendo gentil comigo? Dando carinho? Você nunca gostou do que acontece com nós, você sempre me achou um doente, e sabe o que eu sou, porque você está fingindo gostar de mim agora? Logo depois de ter lhe feito isso – a mão de Pedro passou por outro ferimento e nesse momento John interrompeu e o menor a segurou.
                – Por que apesar de tudo você sempre me ajudou, com os motivos errados e modos nada normais. Se você insiste nessa chantagem eu não vou mais ficar nervoso ou com raiva, vou simplesmente deixar ver até onde você vai. Ambos sabemos que você é doente.
                – Não sou DOENTE, isso é apenas vingança. A culpa não era só minha e de minha irmã John, todos contribuíram, todos mataram Adam e todos tem que pagar, sofrer como nós sofremos. – Pedro pareceu recobrar a consciência e aquele momento de vulnerabilidade se dissipou. – Agora se cale e vamos continuar aqui, deitados um ao lado do outro.
                – Tudo bem – a raiva se fez novamente no coração de John e ele disse – Vai então me chupa ou sei lá faz aquilo que você gosta de fazer, me usa pro seu prazer  – As mãos de John foram até a cabeça do maior e pressionou com força a cabeça pelo seu peito.
                – Se você pediu. – a face de John ficou triste e o medo se apoderou novamente, repugnou o que havia por vir e enfim se calou.
                Pedro se movia enquanto acariciava o corpo de John e quando menos esperava a porta se abriu.
                – Que merda é essa?

Vida Urbana : Capítulo 5


                   John já estava suado, seu corpo tremia e o prazer aos poucos ia dando lugar ao ressentimento. As roupas estavam espalhadas pelo chão do escritório e agora Pedro estava ali, sorrindo daquela forma doentia como sempre fizera. Aos poucos foi recolocando as roupas em seu corpo e com isso a sensação de raiva quase o entorpeceu.
                Pedro caminhava de um lado para o outro tranquilamente como se nada demais tivesse acontecido, pra ele tudo não passava de mais uma noite de serviço e prazer. Pegou as roupas espalhadas pelo chão e agora já estava novamente ao normal, procurando os relatórios, estes últimos fariam com que seu trabalho terminasse e finalmente poderia ir para casa. Caminhou lentamente até John e deu-lhe um beijo sereno, sem muita pressa. Ao perceber o toque o garoto menor sentiu mais uma vez a repulsão diante de si mesmo, já não aguentava mais fingir tudo aquilo e agora o que os unia eram apenas chantagens, antigas e novas.
                Entre alguns beijos e abraços o celular de Pedro tocou, ele achou estranho, já se passava das dez da noite e essa hora o plano de Clarice deveria estar em sua plenitude. Correu, passou por entre as cadeiras que ficavam ao redor da mesa do escritório e o visor do celular apontava claramente a chamada de sua irmã. Por alguns segundos cogitou não atender, deixa-la enfrentar as próprias aventuras e lidar com as próprias consequências, mas por algum intuito ou sensação sua única certeza foi atender a chamada:
                – Oi, o que fez de errado? Estou no meio do trabalho!
                – Bom... , não sei como dizer isso mais – hesitou em dizer por alguns segundos mais por fim disse – nosso tio está aqui. Vem pra cá o mais rápido possível e traga o serviço pra casa, pois ele vai querer dar alguma checada.  Ah! Ele continua lindo como sempre.
                – Credo, ele é nosso tio Cla. Pois bem estou chegando.
                John não fazia ideia do que acontecia, mas já estava vestido e querendo ir embora, os dois garotos não trocaram uma palavra sequer. Como Pedro já tinha seu próprio carro os dois garotos se dirigiram a garagem da empresa e de lá se despediram, o jovem motorista até quis oferecer uma carona mais parecia que John sabia de certa forma que as coisas ficariam realmente estranhas e se pôs a caminha para fora do prédio.
                Para Pedro o tempo não passou quase nada, o garoto com poucos minutos já estava entrando em casa. Levava consigo muitos relatórios e balanceamentos para terminar de fazer. O corredor da casa estava iluminado e o cheiro de Vodca estava mais do que presente, parecia estar impregnado nas paredes.
                Aos poucos quando chegou à sala de estar lá estava Clarice, arrumando toda a bagunça deixada pelo grupo e a incrível face de Bernardo lá, estática e esguia. Pedro não teve coragem de dizer nada até então o silencio estava inquebrável, era como se estivessem num santuário ainda imaculado.
                – Não sei o que fazer com vocês dois. O que vou dizer ao avô de vocês dois – soltou algumas gargalhadas e continuou a dizer – eu bato na porta da casa de vocês, encontro Clarice com os peitos para fora, realmente vocês não mudaram muito. Não vou querer ouvir nada mais.
                – Desculpa tio, eu estava dando uma social aqui em casa e acabamos brincando com alguns desafios. Isso não se repetirá.
                – Olha Bernardo eu não tenho culpa alguma do que aconteceu. Você está vendo. Estou chegando agora e trazendo ainda trabalho para casa.
                – Nossa! Relaxem, por um segundo achei que vocês acreditariam e realmente caíram como bobos. Só acho que vocês têm que ter mais cuidado inclusive você Clarice.  Acho que você deveria ter me convidado pra festa, eu ia gostar de ficar com uma de suas amigas, ou até com todas elas.
                Não era realmente o tipo de discurso dado por alguém que era responsável por dois adolescentes. Bernardo era jovem, não tão novo quanto os outros dois. Na verdade ele tinha seus vinte e sete anos. Era formado em administração e falava algumas línguas. Após a morte dos pais do casal de irmãos, ele foi designado para cuidar dos interesses da empresa e dos assuntos mais pessoais dos dois. Era um homem que gostava de festas e ao contrário era mais parecido com Pedro do que qualquer outro membro de sua família.
                Bernardo tinha o cabelo curto, era quase careca, mais mantinha o corpo em forma. Jogava futebol, vôlei e alguns outros esportes além de fazer academia desde seus 17 anos.
                – Hahah, já que era assim por que me forçou a mandar todos embora tio?
                – Primeiro. Clarice, não me chame de tio e segundo, eu tinha que parecer no mínimo responsável por vocês. – ele já havia largado aquela face incrédula e poderosa. Agora estava se esparramando pelo sofá e pedindo um pouco de vinho.
                – Bom tio, você quer ver os relatórios sobre a empresa?
                – Bom, mais tarde eu passo no seu quarto e te chamo só vou botar minhas coisas no quarto.
                – Aproveitando tio, acho que vou visitar a Alice. Quero dormir lá hoje e isso seria bom para anunciar a sua chegada, além de ter que fazer minhas tarefas hoje.
                – Tudo bem. Só não faça nada demais, não irrite o João e a Michele.
                Clarice não respondeu mais nada, subiu para o seu quarto e em questões de minutos já passava pela porta da frente de casa. De volta à sala de estar Bernardo já tirava sua roupa, estava apenas com shorts e alguns chinelos. Subiu novamente pelas escadas e bateu na porta do quarto de Pedro. Do outro lado da porta Pedro levantou seu corpo e abriu a porta do quarto.
                – Hey tio, bom venha vou lhe mostrar todos os papeis dos últimos meses, bom estou aqui não faz nem uma semana mais já consegui fazer metade do balanceamento dos dois últimos meses.
                – Bom isso é ótimo – ele disse enquanto fechava a porta – mais antes disso você não quer me dar às boas vindas não?
                – Bom e o que isso seria? – os dois estavam sorrindo, de uma forma ligeiramente maliciosa. Era obvio que os dois não eram apenas parecidos fisicamente.
                – Bom podemos começar com isso. – Bernardo empurrou Pedro para a cama e com alguns segundos já o beijava ferozmente. Era como já se conhecessem muito além do que uma relação de tio e sobrinho fornecia.
                Entre outros pequenos acontecimentos a semana transcorreu muito bem, cada vez mais John se via enraizado com os jogos de Pedro e cada vez este segundo se entregava ao tio. Clarice após a tentativa de juntar Alice e Talles conseguiu um bom êxito e por mais que ela fingisse não saber do que havia acontecido na casa continuava a sentir o plano transcorrer muito bem. Lucas aos poucos foi conhecendo novamente mais Clarice e John por mais que quisesse não conseguia ignorar.
                Na sexta-feira Talles no intervalo da ultima aula convidou a todos para uma nova festa. Não seria nada comparada a festa de Jéssica, era mais um pretexto pra fazer com que o grupo fosse pra sua casa.
                Nessa mesma tarde o Café estava vazio. Talles e Clarice estavam sentados em uma bancada, conversavam como se toda a cena do colégio tivesse sido armada.
                – Nossa achei que ninguém gostaria de ir a minha “festa”. Como você sabia que tudo daria tão certo.
                – É final de semana e bom, eu sei o que fazer. Sempre – Clarice suspirou por um tempo e encarou a xicara cheia de chocolate quente – Nós temos que definir o que fazer nessa festa. Você vai ter que beijar a Alice na minha frente. Jéssica precisa ficar com o Lucas nessa festa, não aguento mais ele atrás de mim. E John eu vou ficar com ele.
                – Nossa. O pessoal sempre disse que você era uma vadia e eu não quis acreditar. Que bom que estamos do mesmo lado.
                – Olha a boca comigo seu idiota. Ah! Esqueça aquela sua namoradinha agora você deve ficar permanentemente com Alice.
                – Ok.
                – Bom já estou saindo preciso ir para casa, hoje vou contratar uma empregada, não dá mais pra fingir ser a boazinha.
                Clarice saiu o mais rápido que possível do Café, caminhou por entre as ruas e logo já estava em casa. Esperou durante algum tempo e durante o resto da tarde e uma boa parte da noite mais enfim conseguiu alguma boa empregada.
                John nesse momento já estava na casa de Lucas. Era o ultimo trabalho do semestre e as coisas estavam começando a piorar, a relação entre os dois havia ficado estranhamente distantes um do outro.
                – Você vai à festa de Tales?
                – Não tenho certeza, só vou realmente se Clarice quiser. Não estou com muito humor para festas – Lucas dizia essas palavras como uma liberdade comum.
                – Bom eu devo ir – John sorriu de uma forma falsa e depois continuou – Não entendo como você fala da minha ex-namorada desse jeito. Simplesmente a roubou de mim.
                – Olha se você continuar me enchendo tanto assim é melhor ir embora.
                – Ok, mais antes eu preciso de lhe contar algumas coisas.
                – Diga? – Lucas estava cada vez mais expressando a forma irônica de afeto para John.
                – Estou me deitando com Pedro.
                – O quê? – Lucas vociferou, mudou de tom no mesmo momento. – Não entendo, por que está fazendo isso. Por acaso é gay?
                – Claro que não – John abaixou a cabeça, hesitou um pouco e alguns segundos depois terminou – Vou me vingar dele, tomar as gravações e o ameaçar com alguma coisa.
                – Como?
                – Vou precisar da sua ajuda. Ninguém pode saber o que está acontecendo.
                – E qual o interesse pra mim nessa história toda?
                – Simplesmente estaremos poupando Clarice de toda essa armação e enfim terminando com a possibilidade dela descobrir as falcatruas do irmão.
                – Ok, mas como vamos fazer isso?
                – Amanha na festa do Talles eu vou levar Pedro a algum quarto, você vai filmar tudo. Depois nós dois forjamos uma briga por causa da Clarice e após algum tempo eliminamos todos aos poucos. – John estava com uma expressão séria e decidida – Vamos expulsá-lo de uma vez.
                – Ok. Vou pensar e amanha de manhã eu te ligo.
                John saiu da casa de Lucas e dormiu o resto da noite como nunca havia dormido. Quando seus olhos se abriram era uma nova manhã, ensolarada, típico de um sábado de verão.  A tarde ocorreu tranquila e aos poucos o tempo foi passando. Já eram cinco da tarde quando Alice estava em seu quarto, Jéssica estava ao seu lado e conversavam piamente sobre os acontecimentos da ultima noite. Foram expulsas da casa de Clarice pelo Tio da mesma.
                – Nossa eu queria ter um tio assim. – confessou Jéssica.
                – Deixa de ser boba, você viu como ele nos tratou. Quase nos chutou da casa.
                – Realmente. Será que ele continuará na cidade por muito temo?
                – Não sei, mais pode ter a certeza que o Tio Bernardo deve ficar algum tempo, ele é guardião legal da empresa dos meninos e ainda mais agora que os dois estão sozinhos em casa. Ele vai passar um bom tempo lá.
                As duas garotas continuaram conversando e o tempo foi passando calmamente, aos poucos começaram a se arrumar para festa, cada uma pensava em qual pessoa ficaria na festa, ainda mais que não seria uma festa tão grande como a ultima. Enquanto a tarde já ia se esvaia aos poucos Pedro e Bernardo trabalhavam na empresa. Com o tio de Pedro na empresa as coisas ficaram mais rápidas, com pouco tempo já tinham isolado todas as decisões em aplicações e outros investimentos nos próximos quatro meses.
                – Pedro, você vai sair hoje?
                – Sim, tem uma festa na casa do Talles. Estamos nos reestabelecendo na cidade, certamente aos poucos eu terei todo o controle outra vez e vou me vingar de todos que me fizeram sair daqui. Eu gostava desse lugar e além de tudo se não fosse por todos os antigos acontecimentos agora meu pai estaria vivo. Vou esmagar o John da mesma forma como ele destruiu tudo que eu tinha eu o destruirei.
 mesma forma como Pedro sempre sorria. – A família de John pelo que eu saiba é bem rica e o Ricardo, bom nós estudamos na mesma escola e seu pai o conhecia muito bom, podemos fazer falir.
                – Como? – Pedro estava alegre como nunca havia ficado, era impressionante como havia surgido uma possibilidade de arrancar todo o dinheiro da família de John.
                – É só trazer a Ricardo pra empresa e jogá-lo em algum problema. Ninguém descobriria nada. É muito comum essas coisas acontecerem no mercado comercial-financeiro.
                – Sabe o que você merece? – Pedro não deixou que seu tio dissesse nada e respondeu piamente – Você me merece. – o garoto saiu de sua cadeira e sentou no colo do tio, jogando um beijo molhado e sensual.
                Clarice já estava pronta e esperava Lucas busca-la. Dessa vez ela preferiu vestir algo mais colorido, vermelho, porém mais colorido que o básico preto que sempre utilizava. Poucos minutos se passaram enquanto ela acabava de passar o batom Lucas já batia na porta. Ela desceu as escadas rapidamente abriu a porta e lançou um beijo caloroso. O casal entrou rapidamente no carro da família de Lucas e o jovem explicou onde o motorista o levaria.
                A cada de Talles era um pouco mais conservadora, os aspectos eram todos descendentes do final do século 20, tinha uma pitada de burguesia, a casa era esguia e com as simples cores: preto e branco. Talles caminhava de um lado para o outro, a casa estava vazia, como de costume seus pais sempre iam para a cidade vizinha e ele sempre arrumava alguma desculpa para ficar.
                Talles era um garoto que não se destacava tanto com o pequeno grupo, mais era conhecido pela maioria do colégio o que dava a ele algum prestigio. Talvez não participar do grupo problema da escola fosse à única coisa que faltava. Já estava arrumado e o DJ já tinha começado a tocar algumas musicas com alguns minutos aquela casa já estava fervilhando. Em pouco tempo parecia que todas as pessoas mais interessantes do colégio estavam lá, o único que ainda não havia chegado era Pedro.
                – Nossa a festa está bastante interessante.
                – Seria melhor se nós subíssemos e terminássemos a festa lá em cima Alice. – o sorriso malicioso revelou pela primeira vez que Talles não era tão inocente como todos julgavam.
                – Relaxe. Agora não é a hora, tenho que conversar com minha prima dançar um pouco, e a propósito. Puxe algum assunto com o Lucas sei que vocês são amigos.
                Talles não a indagou sobre o que ela dissera apenas caminhou para a direção em que o outro casal estava e em pouco tempo Alice e Clarice já dançavam pela pista. Clarice se movia de um modo bem sensual e as duas garotas realmente estavam atraindo todas as atenções. Jéssica de um súbito instante apareceu ao lado das duas e elas começaram a dançar como muito tempo não faziam. O que estava tocando era Get Loud, uma musica que estava já na boca do povo e o que diminuiu a surpresa para o resto da turma.
                As garotas dançavam enquanto Lucas e Talles bebiam. Alguns instantes depois John também já estava reunido com os outros garotos, beberam vodca, tequila entre outros e estavam pra lá de altos. As meninas já tinham se cansado de ficar ali e procuraram algo pra beber. No mesmo instante em que Jéssica foi cumprimentar os garotos Pedro apareceu. Agora sim estavam todos ali. O olhar de Lucas e John se chocaram e de imediato sabiam o que iriam fazer.
                John observou tudo aquilo e chamou Alice pra dançar. A todo o momento Pedro o olhava, parecia uma obsessão e realmente não era nada normal aquele sentimento que o garoto maior sentia por John. Assim que a musica acabou John se dirigiu ao banheiro e Pedro sem a menor sutilidade o seguiu. Ele sabia que hoje os dois terminariam na cama. Lucas observou tudo e aos poucos escapou das mãos de Clarice.
                Os dois jovens estavam quase no quarto de Talles, beijos, abraços e outras caricias eram feitas e Lucas encarava tudo com um misto de desprezo e felicidade. Quando John e Pedro já estavam na cama à porta havia ficado meio aberta e foi nesse momento que Lucas pegou o celular, começou a filmar tudo, sentindo repulsão e medo que alguém chegasse, não demorou muito tempo para ter as imagens que precisava e automaticamente se dirigiu de volta ao salão principal.
                Agora Pedro e John já estavam novamente vestidos e voltaram para festa, o que não impediu que o restante do grupo perguntasse onde os dois haviam se metido. Clarice estava tão bêbada que ao se mexer desiquilibrou e caiu, já passava um pouco mal assim como Jéssica, como esperado John a ergueu do chão e a levou para o banheiro assim como Lucas fez com Clarice.
                No caminho John se perguntava se contar e mostrar tudo aquilo para Lucas de alguma forma afetaria a relação de amizade entre os dois, porém no fim das contas não teve muito tempo para refletir, Clarice havia virado de costas caído sobre seu corpo e lançado um beijo estranhamente surpreendente, os dois se beijaram e não conseguiram parar. Os olhos de Lucas estavam marejados e por fim a única ação do outro jovem foi selar os lábios no de Jéssica. Estava tudo correndo bem para Clarice todas as coisas que queria fazer haviam dado certo. O pequeno grupo já não se movia se atracavam como se quisessem iniciar uma perfeita orgia, com todos aqueles movimentos e a música alta não se deram conta quando Pedro apareceu.
                – O que é isso tudo John?
                O menor não respondeu, sorriu e continuou a beijar a garota.


               


Vida Urbana: Capítulo 4


  

                Era segunda-feira, a aula já tinha acabado. O inicio da tarde era marcado pela incrível energia do sol e lá estava Clarice e John, sentados na grama do colégio encostados naquela árvore. Certamente era um salgueiro ou  algo do tipo. Clarice parecia quieta, o que não era normal. Eles ainda não tinham parado para conversar desde que ela voltara à cidade porque as coisas estavam embaraçadas demais. John se sentia usado e ela simplesmente queria vingança. Ele sabia o que estava por vir mais permaneceu imóvel, com os olhos meio abertos. Por fim depois de um longo período de silencio Clarice se pôs a dizer.
                – Bom, tenho que te contar uma coisa.
                – Diz então. Você vem aqui e interrompe minha paz enquanto poderia estar por aí me divertindo ­– John jamais esqueceria tudo que ela havia o feito de  mau.
                – Ér ... Na festa de sábado, bom ... Eu fiquei com o Lucas.
                A face de John continuou imóvel, isso não era nada perto do que ele estava vivendo, mas ainda sim era uma traição e uma coisa assim não podia ser simplesmente esquecida.
                – Eu não tenho nada haver com isso. ­– seu tom de voz agora era um pouco mais forte, ríspido – Só posso dizer que você realmente é um a vadia.
                O corpo do garoto agora se movia. Ele estava se levantando e com pouco tempo  já se afastava de Clarice que apenas permaneceu  sentada. John já tinha se decidido, ia atrás de Lucas e realmente procuraria saber de tudo que havia acontecido naquela festa. Seus passos se tornaram cada vez mais rápidos e com pouco tempo já estava  em frente à casa de Lucas. O garoto deu um pequeno suspiro e seguiu seu caminho. Bateu vagarosamente na porta e quando a mesma se abriu estava ele lá, o velho e grande amigo de John.
                – Ual! O que você está fazendo aqui? – Lucas disse enquanto sorria.
                –  Temos que conversar. Posso entrar?
                – Claro, só disfarce um pouco essa cara de merda. Hoje ainda é segunda.
                – Ok.
                Eles subiram as escadas viraram um pequeno corredor e já estavam no quarto de Lucas. Era um quarto típico, cartazes de bandas e muita bagunça. John caminhou até a cama e se sentou na beirada da mesma.
                – O que aconteceu na festa? – John estava com o mesmo olhar de antes, o olhar do qual só Clarice recebia, desprezo.
                – Bom, nada demais eu apenas tive que sair cedo – Lucas deu uma pausa em meio uma risada desconcertante e continuou a dizer –  Meu pai me ligou e pediu que eu viesse mais cedo para casa.
                –  Vai mentir pra mim Lucas? – Agora John estava com uma expressão de incredulidade.
                Lucas  agora realmente sabia o que John fazia em seu quarto. Ele queria saber o que havia acontecido, o que realmente Lucas havia feito com Clarice e ainda por cima teria de dizer sobre a conversa de Pedro. Lucas estava irritado com tudo aquilo, queria apenas que as férias chegassem o mais rápido possível. Viajaria para França e talvez não voltasse nunca mais.
                – Olha, eu não tenho nada haver com seus problemas e suas dúvidas. Estou farto de ter que participar dessas coisas desse grupinho idiota que, por ironia do destino, eu caí. Sou seu amigo realmente não posso negar isso, mas não lhe devo nenhuma satisfação.
                – Me diga. Por favor... – John estava enfim se entregando. Esperando que seu amigo lhe dissesse a verdade mesmo que isto lhe causasse dor.
                – Tudo bem. Essa é a ultima vez que me relato a você como uma criança faz aos pais. – Lucas tentou se acalmar e começou a contar a história. Disse tudo que havia acontecido e John não aguentou, teve um daqueles súbitos acessos de raiva e saiu correndo da casa de Lucas.
                Agora John corria pelas ruas, era novamente noite. Tudo estava calmo, as pessoas já não se moviam e apenas as luzes amareladas dos postes o iluminavam. Ele estava disposto a ir para casa, descansar e tomar algo bem forte como Vodca. Caminhava por entre as ruas como se fosse um fantasma; já havia deixado todos os sentimentos para trás e apenas pensava no que fazer. Seu telefone em meio à correria tocou e ele viu, era Pedro. Ele não poderia fugir ainda mais agora que de certa forma estava preso ao outro.
                – Alô! Pedro o que foi?
                – Venha à minha empresa agora.
                – Não dá pra ser amanhã?
                – Não, quero hoje. Agora. E não me faça esperar, tenho uma proposta pra lhe fazer.
                – Tudo bem, estou indo para sua casa.
                – Não, venha para empresa. Estou trabalhando agora e lá em casa a Clarice está recebendo as meninas.
                – Ok.
                John sentira que tudo aquilo havia sido estranho, eles conversaram como se tudo fosse normal. Pedro precisava ser controlado e agora que John já tinha conhecimento de tudo que acontecera na festa, ele brincaria com Pedro da forma como o maior quisesse. John faria o joguinho de Pedro até ter tudo de volta. Era arriscado, mas teria que tomar as providências.
Enquanto isso na casa de Clarice.

                – Hey garotas. Entrem.
                As meninas estavam agora  em uma pequena reunião. As três sentadas na sala de estar da casa de Clarice, comentavam sobre tudo que estava acontecendo. Novidades de colégio e fofocas das outras garotas. Clarice levantou do sofá e caminhou até o quarto. Pegou seu celular e discou o número do irmão.
                – Pedro. Você vai chegar a que horas hoje?
                – Bom, não sei se vou dormir em casa. As coisas estão meio estranhas por aqui, tenho que trabalhar e não sei se vou conseguir acabar tudo hoje.
                – Quer minha ajuda? Eu dispenso as meninas aqui e bom, a gente dá um jeito junto.
                – Não. Fique aí e se divirta. Tudo estará pronto até o fim de semana. Bernardo chegará e verá que tudo está certo. Estou desligando, siga o plano viu. Conte que transou com Lucas para ver como Jéssica fica e se quiser, ligue para o Talles aparecer aí. Quero  que  a Alice esqueça o Lucas.
                Clarice caminhou pelo quarto e em seguida se pôs a olhar a rua, onde tudo parecia tranquilo, ingênuo. As coisas estavam muito mais complicadas do que há dois anos e agora ela tinha deixado toda a inocência de lado. As armações estavam dando certo. Ela pensou no que Pedro realmente queria com aquilo tudo, mas logo voltou a realidade. Iria descer, brincar, armar e tudo mais.
                Seu corpo desfilou por toda casa e quando já estava na cozinha ela pegou uma daquelas antigas garrafas de vinho do seu pai. As meninas estavam lá sorrindo e falando coisas sobre Barbara e as outras meninas da cidade. A garota desejou que tudo desse certo e pôs a garrafa entre os dedos desfilando com um ar de quem realmente estava esperando uma oportunidade para começar a falar.
                – Aí... Não sei não, aquela Barbara é um porre! Vive enchendo o saco pra eu ir dormir na casa dela – Alice demonstrava uma cara de nojo quando falava da colega de sala.
                – Bom, vamos parando e indo direto ao que interessa não é Jéssica?
                – Hahahha! Estamos aqui para isso! Então sente-se e vamos beber vinho.
                Jéssica estava mudada desde a festa do ultimo sábado. Ela parecia mais alegre e menos ingênua, pronta pra fazer o que tivesse de ser feito a qualquer momento. Definitivamente ela já tinha entrado na brincadeira há um bom tempo. Clarice aos poucos se soltou e começou a falar.
                – Gente! Tenho que contar uma coisa pra vocês...
                – O que é? – Alice disse com os olhos brilhando. Não fazia ideia do que viria a tona.
                – Transei com Lucas no sábado.
                – Como assim? Ele não faria isso, você só pode estar brincando. – Alice estava meio alterada, a voz saia tremula e já não sorria mais.
                – Sim, e foi na sua cama Jess.
                – Ai que nojo! Ele é gato, mas acho que você poderia ter escolhido outro lugar. Minha cama e minha casa não são um motel.
                – Foi sem querer!– Clarice fingia uma expressão de vergonha, mas tudo não passava de uma manipulação. Ela tinha que atuar e não pararia por nada.
                – Não entendo como você foi fazer isso comigo.  – Alice estava incrédula com tudo aquilo  – Todo mundo sabe que eu gosto dele! Prima, você é uma vadia! Te odeio sua puta de esquina!!
                Alice estava realmente fora do comum. O olhar brilhante de inocência tinha dado lugar a uma raiva estranhamente inexistente às outras pessoas. Ela não era de fazer escândalo nem de mostrar seus sentimentos assim facilmente.  Tudo estava correndo como Alicia desejara, a não ser o fato de que Talles estava demorando muito para chegar. Ela não via a hora de poder sair com Jéssica e deixar o garoto e Alice as “sós”.
                – Calma Alice, você nunca se declarou ou saiu com ele. Supostamente ele nunca foi seu. Você nunca teve coragem de dizer nada a ele.
                – Cale a boca! Você sabe muito bem o que eu fiz, e por qual motivo foi. Ele não me aceitaria se não fosse aquilo. Jéssica, um dia antes da morte dele, Lucas me viu com outro garoto. Jamais ficaríamos juntos.
                – Uau! Parece que eu estou fora da história. Vocês estão falando de Adam? Você o traiu  um dia antes da morte dele?  – Clarice soltava uma gargalhada sem poder esconder. Era muita sorte tudo aquilo! Jéssica do lado dela e Alice revelando as coisas com uma facilidade não tão comum.
                – Sim, mas isso não quer dizer nada! Já se passaram dois anos desde que o Adam morreu, somos diferentes agora. Mudamos não é?
                – Sim Jess, agora somos ricas inconsequentes que dão festas em suas casas e são traídas pelas amigas. Não é Clarice?
                – Desculpa ! Não sabia que você realmente amava o Lucas. Eu também estava bêbada e tudo. Não vou fazer mais nada, ok?
                Clarice caminhou ao lado de Alice e deu um abraço fraterno. Tudo saíra como o planejado e agora só faltava o idiota chegar pra tudo se concluir. Aos poucos ela foi se soltando do abraço e voltando o corpo para a cozinha. Ela procurava um remédio e não achava de modo algum.
                – Garotas, eu tenho que ir ali em cima buscar umas coisas. Desemburra essa cara aí viu, Alice? Já volto.
                A garota subiu as escadas  procurando ver onde estavam aqueles “remédios”. Procurou entre as gavetas do seu quarto, no quarto de seu irmão e então só no banheiro conseguiu achar tudo que precisava. Aproveitou o momento para ligar para Talles, mas só disse o essencial.
                – Quanto tempo falta pra você chegar?
                – Já estou na porta da sua casa, comprei algumas bebidas.
                – Tudo bem! Eu vou descer agora e dizer que estão faltando bebidas. Jogue as que você comprou fora. Assim que entrar na minha casa eu direi que vou comprar Vodca e levo Jess comigo. Aí você tem que fazer o resto entende? Entendeu o que eu disse?
                – Sim, mas e o remédio?
                – Quando for me cumprimentar, aperte minha mão e lá vai estar o que você precisa. Vou demorar ao máximo, até ligarei para John e ver onde ele está. Depois empurro o Lucas pra Jess.
                – Ok, estou esperando.
                Ela desligou a chamada e pôs seu plano todo em ação. Disse às garotas que as bebidas acabaram e que iria comprar mais. Alice e Jéssica decidiram ir juntas porém  quando abriram a porta da frente lá estava Talles. Meio perfumado demais e arrumado como se fosse a um jantar importante. Todos se cumprimentaram e com pouco tempo já estavam novamente dentro de casa conversando até que Clarice e Jéssica decidiram sair. Estavam os dois agora dentro da casa, sozinhos e completamente livres.
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De volta ao escritório de Pedro

                John estava sem camisa e Pedro estava prestes a perder a noção do serviço que começara no inicio da noite. Ele havia chamado John apenas para poder ter uma companhia, contudo não dispensou em momento algum não se aproveitar de toda a situação. Na verdade ele esperava o momento certo pra poder transar novamente com o John. Não  queria parecer que era um simples  pervertido, até mesmo porque o outro garoto estava voltando a se acostumar com tudo novamente. Aquela situação estava ficando bem interessante, John  não tinha reclamado de nada e estava apenas em silencio.
                O escritório era bem grande, não parecia nada com o que Pedro gostava de fazer, mas sim o que era necessário para sua sobrevivência. A empresa rendia praticamente milhões por ano e tudo aquilo não poderia ser entregue a outras mãos. O trabalho era algo que Pedro estava começando a se acostumar novamente, tudo se resumia a continuar  a fazer as coisas como o pai fazia. Distribuía bem o trabalho com os funcionários mais pouco os via pois sempre trabalhava de noite. Tinha contratado uma série de administradores para ajuda-lo com tudo que tinha que fazer. Era apenas um garoto, mas não ia jogar tudo para o alto sem nem ao menos lutar por aquilo que o pai havia deixado.
                Alguns minutos depois da chegado de John, Pedro já tinha esquecido o que fazia ali. Largara todo o trabalho e agora estava olhando para o outro garoto. Seus olhos eram inesquecíveis e seu corpo era tudo o que o ele desejava. Sempre foi assim, desde a infância eles foram amigos e inimigos mais no final das contas estavam lá, juntos. Pedro caminhou de encontro à John e o beijou, de uma forma serena e tranquila que o fez perceber como aquilo era bom. O garoto menor estava com ele e só com ele. Tudo o que ele queria, mesmo que fosse por uma chantagem, era que em algum momento John se esquecesse disso.
                John o abraçou carinhosamente, mas quando Pedro voltou a olhar o rosto de John lá estava uma expressão de nojo, tristeza por tudo ser assim, por estar preso a coisas que não queria; coisas que não podia e repugnava fazer. O garoto maior não ligava tanto para os sentimentos de John, apenas fingia que tudo estava bem. Continuaram  a se acariciar. O corpo de Pedro pedia o de John .
                – Eu quero você. – Pedro estava sorrindo, tudo era uma questão de gostar ou não.
                John não respondeu nada, apenas seguiu o que vinha fazendo. Passou as mãos pelo corpo do garoto maior e lhe despiu com a naturalidade de quem já havia feito coisas desse tipo milhares de vezes. Os corpos estavam em atrito, o suor corria pela pele de John . Pedro passou-lhe a mão direita em volta dos olhos e boca e o beijou. Sentiu assim, o gosto do outro garoto. Entre beijos e caricias Pedro se pôs a dizer com uma voz mais aveludada.
                – Viu, você sabe que é bom. Você gosta.
                O menor não respondia, não falava nada. John não queria simplesmente ceder e dizer aquilo que Pedro gostasse; se o fizesse, estaria demonstrando toda a farsa que ele havia planejado. Ele não queria nada daquilo, mas ainda sim continuou. Num ritmo entrosado eles se misturaram entre os papeis, livros e computadores da sala. Pedro sorriu e como sempre o levou para o sofá. Estavam prestes a se consumir, sentir o gosto do sexo, o prazer, pele por pele , o sabor de tudo aquilo era diferente. Não era normal para John, porém para Pedro era algo que lhe satisfazia, o fazia sentir-se mais vivo, sentir que estava na sua plenitude e que realmente estava por cima de tudo que acontecia.
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Casa de Clarice

               O corpo de Talles parecia uma escultura sob a luz do luar, era a primeira vez que Alice ficava com alguém e apesar de gostar do Lucas sabia que após tudo ter acontecido eles nunca ficariam juntos. O quarto de Clarice agora estava mais acolhedor, o carinho das horas passadas com o garoto fez com que se lembrasse como é ser feliz, como é viver.
                Ele estava lá, em pé e encostado na parede, sem dizer uma palavra e sem olhar diretamente para Alice, tudo havia acontecido rápido demais, ela tomara vinho e quando mal tinha percebido já estava na cama, nua e sentindo o prazer do beijo do garoto. O corpo do jovem era realmente bonito, ele corria todas as manhas antes de ir à escola, também fazia parte do grupo de natação do colégio e geralmente andava sempre em busca de praticar esportes.
                A garota estava muito confusa, ergueu seu corpo aos poucos e botou seu vestido rapidamente com medo de alguém chegar e ver toda aquela cena, as coisas estavam absolutamente loucas e  as meninas chegariam cedo ou tarde. O jovem garoto olhou para trás e sorriu com uma expressão que certamente significava dizer que tudo estava bem e que as coisas ficariam tranquilas.
                Ela desceu pelas escadas, procurou pelo banheiro tentando pentear seus cabelos rapidamente para que não houvesse vestígio algum das coisas que realmente aconteceram minutos atrás. Algum tempo depois ele estava lá sentado no sofá da sala de estar e ela já saia do banheiro sorrindo como se nada tivesse acontecido. Não muito tempo depois as meninas deram sinal de vida e entraram pela casa fazendo muito barulho, pareciam estar bêbadas e ainda sim carregavam três caixas de cerveja.
                Todos eles estavam sentados no sofá e agora se preparavam para um jogo de desafios e verdades absolutas. Sentaram-se de uma forma circular e agora uma das tantas garravas rodava. As perguntas foram tranquilas e nenhuma das coisas que saíram da brincadeira foram tão fortes ou segredos, apenas se divertiam sem se alterar demais. Nos desafios as coisas ocorreram mais agressivamente, eles estavam a ponto de se despirem totalmente. Talles apenas de cueca, Alice apensas com as roupas de baixo e as duas outras sem o sutiã tampando os seios com os braços cruzados.
                A porta da frente da casa começou a fazer barulho, talvez seria algum entregador de pizza ou Lucas. Clarice caminhou lentamente de um modo sensual e engraçado até a porta da frente e quando abriu a porta ficou surpresa. Ele estava lá, era pra chegar daqui a duas semanas mais agora nada importava, ele estava ali. Parecia-se tanto com Pedro que com a quantidade de álcool no  corpo Clarice queria acreditar que não era ele.
                – Tio... O que está fazendo aqui?
                – Uma pequena visita hahah. E você por que está seminua? Não falamos sobre isso na sua ultima ida a França?