Em cima
daquelas bicicletas nos rodamos a cidade, vemos cada rosto e sentimos cada
expressão das ruas e da cidade. Somos livres, juntos somos as asas de uma
águia. E lá estamos, observando as coisas, as pessoas, tudo. Nossos olhos
acompanham os passos rápidos dessas e daquelas crianças, nervosas e apreensivas
sobre o futuro ou até mesmo sobre o doce que não pôde comprar.
Ainda
caminhamos pelas ruas naquelas tardes um tanto quentes e um pouco úmidas, com o
sol caindo sobre as montanhas e o cheiro da chuva se aproximando lentamente.
Curtindo a vida como dois lobos, loucos lobos solitários. Não estamos tristes
nem tão pouco solitários por falta de opção e ainda sim nem tentando nos
vangloriar sobre nossos próprios sentimentos e próprias conquistas individuais.
Nós
criamos, dançamos e cantamos. Ambos seguimos colados à aquela outra realidade,
não tão dura e perversa como a no mundo em que literalmente vivemos, mas nós
dançamos juntos sob o luar, circulando pelas pequenas ruas, as ruazinhas
escuras com poucos pontos de luz.
Sem ter
medo nós seguimos com as bicicletas, andando de um lado para o outro em plena
escuridão, aliás em plena luz inebriante do olhar. E com o sentimento de puro aproveitamento nós simplesmente sentimos
o vento tocar no rosto, nossas mãos se unirem nossos corpos estarem ali, juntos
e nossa alma se tornar uma.
Enfim
dançamos ao luar e esquecemos aqueles demônios estranhos, o preconceito, a
realidade a incrível sociedade hipócrita e o medo de viver. Ali a realidade se
torna unicamente palpável e nossos sentimentos estão em total êxtase. É a primeira vez que estamos dessa forma,
viajando em nossa própria realidade, sem delírios, sem fugas desesperadas. Neste
momento estamos vivendo com os olhos abertos e os corações entregues a todo
sentimento bom.
Estamos
cantando e vivendo a vida, como seres felizes não tão perfeitos mas sim únicos em
nossas próprias vontades, características e o mais importante estamos vivendo
como nossas almas dizem para viver. Este é o alcance da alma, a força com que
ela transforma seu mundo, é o canto da vida e o sentimento de pura conquista do
próprio coração.