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Viver

Tudo parece ser situacional! Agora estamos aqui, eu e você de frente um para o outro, mas nossos olhos não se encontram. Sentados no Café como estátuas de mármore sentindo a Primavera do tempo passar.
Nosso outono chegou e o café pareceu morrer no caminho da cozinha para a mesa. Eu …, bobo como sempre me ponho a te olhar. Porém estou demasiadamente cansado para balbuciar.É bom e duro estar assim com você.
Existe todo um prazer em tomar café e olhar a vitrine embaçada. A chuva e as pessoas … é fácil demais ver seus caracois soltos,sua boca rosada sendo mordida pela ansiedade em começar algo. Pois bem, te encaro e me ponho a começar.
- Como vai garoto?
- Bem … mas mal. - ele sorriu - “Nunca saia dos 50%, eles fazem bem.” Alguém me disse isso no ultimo verão.
- Meu menino, estava com saudades. Ainda és lindo sem se esforçar! Como tens andado?
- Me analise seu moço.
- A julgar pelo seu silêncio você está aqui para relembrar e tentar revisitar a minha mente. Não nos olhamos mas quando olha para o café lembra dos nossos dias, lembra das danças e das músicas que enquanto nu eu ensaiva.
- Pode ser - sorriu - gosto de lembrar.
- Está frio meu menino, a tua boca está rosada como sempre mas os pelos do teu braço arrepiam. Agora chave e as pessoas não andam pela rua - Do outro banco peguei o casaco - Tome vai se sentir melhor.
- Preferia um abraço Lembra da sacada de casa, nesta mesma data? Você usava um roupão e uma garrafa de whisky nas mãos. Jogava seu peso contra a janela e pedia meu abraço, Sr.
- Verdade. - me virei a contemplá-lo
A nossa relação tinha sido assim. Nos conhecemos num grupo de debate e logo começamos a sair, eu me fingia de seguro por ser o mais velho mas era ele quem me fazia estar seguro. Caminhávamos na beira do rio no fim do outono e víamos as folhas secas se porem a nadar. Tudo tinha terminado e agora tomávamos café.
- Por que acabou? - ele dizia ainda a sorrir.
- Eu queria mpb e você indie, eu queria praia e você a serra. Eu queria tudo e você queria o que para mim é nulo.
- Poético como sempre - ele sorria e eu sabia que acabaria por ceder. - Tô de volta e quero curtir.
- Retomar o outro outono? - sorri - Meu menino moço já não vivemos muita coisa?
- Não, não senhor - uma gargalhada saia e ele tentava continuar - Agora você me dá as mãos a gente sai, corre e se beija na esquina. Vira as curvas e vive mais.
Não podia deixar passar.
O dinheiro foi a mesa.
Minha mão o enlaçou.
Meus cabelos grisalhos balançaram.

E fui ser feliz (viver).

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